A fé, nossa companheira de vida
Cidade do Vaticano (RV) – A Carta Apostólica Porta Fidei,
com a qual Bento XVI proclama o Ano da Fé que a Igreja está vivendo até
o dia 24 de novembro, será nosso guia nos próximos meses para percorrer
um intenso itinerário que nos permita explorar alguns temas ligados à
fé, “a nossa companheira de vida”, como a definiu o próprio Pontífice.
Publicada em 11 de outubro de 2011 sob forma de Motu Proprio, esta carta fala do motivo pelo qual Bento XVI decidiu proclamar este Ano da Fé. Eis alguns trechos:
Desde
o princípio do meu ministério como Sucessor de Pedro, lembrei a
necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com
evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro
com Cristo. Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior
preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do
que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da
sua vida diária. Não podemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz
fique escondida.
Devemos readquirir o gosto de nos
alimentarmos da Palavra de Deus, afirma o Papa. E com este alimento,
fazer brilhar esta Palavra com a sua vida. O Ano da Fé, portanto, é um
convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor:
Com
o seu amor, Jesus Cristo atrai a Si os homens de cada geração: em todo o
tempo, Ele convoca a Igreja confiando-lhe o anúncio do Evangelho, com
um mandato que é sempre novo. Por isso, também hoje é necessário um
empenho eclesial mais convicto a favor duma nova evangelização, para
descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de
comunicar a fé.
A fé é uma descoberta diária do amor de
Cristo. Ela cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e
é comunicada como experiência de graça e de alegria. É acreditando que a
fé cresce e se revigora; não há outra possibilidade de adquirir certeza
sobre a própria vida, senão abandonar-se progressivamente nas mãos de
um amor que se experimenta cada vez maior porque tem a sua origem em
Deus.
Descobrir novamente os conteúdos da fé professada,
celebrada, vivida e rezada e refletir sobre o próprio ato com que se
crê, é um compromisso que cada fiel deve assumir, sobretudo neste Ano.
O
Pontífice traça um percurso para ajudar a compreender de maneira mais
profunda os conteúdos da fé, principalmente por meio do estudo. Mas
adverte: o conhecimento desses conteúdos não é suficiente se o coração
não estiver aberto. É o coração que permite ver em profundidade e
compreender que o foi anunciado é a Palavra de Deus. Devemos aderir à fé
com a inteligência e com a vontade.
Ao fazê-lo, o cristão entra
numa segunda dimensão: a comunitária. Professar a fé implica um
testemunho e um compromisso públicos. O cristão jamais pode pensar que o
crer seja um fato privado: exige assumir a responsabilidade social
daquilo que se acredita.
Eis então que este Ano da Fé é uma
ocasião também para intensificar o testemunho da caridade: é através das
obras que mostramos a nossa fé:
A fé sem a caridade não dá
fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente à mercê
da dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente, de tal modo que uma
consente à outra realizar o seu caminho. Em virtude da fé, podemos
reconhecer naqueles que pedem o nosso amor o rosto do Senhor
ressuscitado.
Esta carta de Bento XVI não se dirige todavia
somente aos cristãos. No nosso contexto cultural, mesmo não reconhecendo
em si mesmas o dom da fé, muitas pessoas vivem uma busca sincera do
sentido último. Esta busca é um verdadeiro preâmbulo da fé, porque move
as pessoas pela estrada que conduz ao mistério de Deus.
Hoje,
mais do que nunca, a fé se vê sujeita a uma série de interrogativos.
Existe a tendência de se reduzir o âmbito das certezas racionais somente
ao das conquistas científicas e tecnológicas. Todavia, entre fé e
ciência não existe qualquer conflito: ambas, embora por caminhos
diferentes, tendem à verdade.
Bento XVI então exclama: Não nos
tornemos indolentes na fé; ela é nossa companheira de vida, que nos
permite perceber, com um olhar sempre novo, as maravilhas que Deus
realiza por nós.
Possa este Ano da Fé tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor.
FONTE: Rádio Vaticano
A contribuição das mulheres para a Igreja e a sociedade africanas
Maputo (RV)
– O Setor Justiça e Paz da Associação Regional dos Bispos da África
Austral (IMBISA), está promovendo esses dias, em Maputo (Moçambique) um
encontro intitulado “Mulheres e a Exortação Pós-Sinodal Africae Munus”.
Participam
deste evento, que se encerra esta quinta-feira (17) mais de 50
representantes das Conferências Episcopais de Angola, Botsuana, África
do Sul, Suazilândia, Lesoto, Moçambique, Namíbia e Zimbábue.
Este
encontro faz parte de uma série de iniciativas organizadas em todo o
continente para aprofundar a Exortação Apostólica e aplicar seus
conteúdos na prática cotidiana da Igreja e da sociedade africanas. (Fonte: Rádio Vaticano)
Dia Mundial do Migrante e do Refugiado - reflexões do Papa Bento XVI
Celebrou-se
domingo passado o Dia Mundial do Migrante e do refugiado. Ao facto se
referiu o Papa, na oração do Angelus, ao meio-dia. Recordando o tema da
Jornada: “Migrações: peregrinação de fé e de esperança”, Bento XVI
comparou o migrante a Abraão, peregrino da esperança: “Quem deixa a
própria terra, fá-lo porque espera num futuro melhor, mas fá-lo também
porque confia em Deus que guia os passos do homem, como Abraão. E é
assim que os migrantes são portadores de fé e de esperança”.
Na
mensagem para este Dia Mundial, como aliás noutras suas intervenções
passadas, o Papa chama a atenção para a precariedade da situação dos que
deixam a sua terra em busca de melhores condições, convidando as nações
de chegada a abrir as portas, em sinal de solidariedade. O colega
italiano Alessandro De Carolis propõe algumas considerações de Bento XVI
sobre este tema.: Como é que se acolhe um imigrado? Com o máximo de
indiferença e com o mínimo de consideração pela sua pessoa, pela sua
família, pelos fantasmas que traz consigo?!... Somos capazes de pensar
no que terá sofrido ao abandonar terra e família para empreender uma
viagem cheia de riscos e incógnitas?! Pensar nas situações traumáticas
por que muitos imigrantes passaram é importante para quem - forças da
ordem, médicos, enfermeiros, voluntários - tenta restituir um pouco de
dignidade a quem tem ainda nos olhos o reflexo do inferno que acaba de
viver. Há um sentido de inércia e mal-estar generalizado – chegando por
vezes até a expressões de ódio – na reacção de tanta gente que, mais ou
menos conscientemente, acaba por criar um deserto à volta dos migrantes.
Contudo, para vós, cristãos - disse mil vezes Bento XVI - não deve ser
assim: “Na sua acção de acolhimento e de diálogo com os migrantes e
os itinerantes, a comunidade cristã tem, como ponto constante de
referência a pessoa de Cristo, nosso Senhor. Ele deixou aos seus
discípulos uma regra de ouro em conformidade com a qual se deve
organizar a própria vida: o novo mandamento de amor”. (Audiência ao Pontifício Conselho dos Migrantes, 15 de Maio de 2008).
Para
que na bagagem daqueles que emigram em razão de situações difíceis não
haja só um calvário assegurado pela viagem e um futuro indecifrável mas
“fé e esperança” – como deseja o Papa na Mensagem deste ano - é preciso
promover um verdadeiro salto de civilização. E o cristianismo ajuda a
mudar essa visão: “As migrações convidam a pôr em claro a unidade da
família humana, o valor do acolhimento, da hospitalidade e do amor pelo
próximo. Isso deve ser, todavia, traduzido em gestos quotidianos de
partilha, de comparticipação e de solicitude para com os outros,
sobretudo para com os necessitados (…) Eis porque a Igreja convida os
fiéis a abrir o coração aos migrantes e às suas família, sabendo que
eles não são somente um “problema”, mas também um recurso”. (Congresso mundial dos migrantes, 9 de Novembro de 2009).
FONTE: Rádio Vaticano
Papa: pedir com insistência o dom da unidade entre os cristãos
Cidade do Vaticano (RV)
- No final da Audiência Geral desta quarta-feira, Bento XVI recordou
que sexta-feira, 18 de janeiro, tem início nos países do hemisfério
norte a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que este ano tem
como tema: «O que Deus exige de nós?», inspirado num trecho do profeta
Miquéias (cf Mq 6, 6-8).
“Convido todos a rezarem, pedindo com
insistência o grande dom da unidade entre todos os discípulos do Senhor.
A força inesgotável do Espírito Santo nos estimule a uma compromisso
sincero de busca da unidade, para que possam professar todos juntos que
Jesus é o Salvador do mundo”, disse o Papa
No Brasil, esta
semana é realizada no período de Pentecostes. Os subsídios para esta
celebração já foram traduzidos em português pela Comissão Episcopal
Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O material está disponível no site:
http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/chrstuni/weeks-prayer-doc/rc_pc_chrstuni_doc_20120611_week-prayer-2013_po.html
Este
ano, os subsídios foram preparados pelo Movimento de Estudantes
Cristãos da Índia, com a consultoria da Federação de Universidade
Católica de Toda a Índia e do Conselho Nacional de Igrejas na Índia.
(Fonte: Rádio Vaticano)
Bento XVI: "Reconhecer a face de Jesus no pobre e no sofredor"
Cidade do Vaticano (RV) – Bento XVI recebeu fiéis e peregrinos na Sala Paulo VI, no Vaticano, para a tradicional Audiência Geral das quartas-feiras.
Em
sua catequese, o Papa falou sobre a “revelação da face de Deus”. A
história da salvação, disse o Pontífice, é a história da relação de Deus
que se revela ao homem progressivamente.
Esta obra tem início
com o chamado de Abraão e passa por outros mediadores, como Moisés, os
profetas e os juízes. Todas essas alianças recordam a exigência de
fidelidade e mantêm a expectativa plena e definitiva das promessas
divinas.
É um longo caminho em que o Senhor se deixa conhecer, revela a Si mesmo, entra na história com fatos e palavras.
“Algo
de completamente novo acontece, porém, com a Encarnação. A busca da
face de Deus recebe uma guinada inimaginável, porque este rosto agora
pode ser visto: é o de Jesus, do Filho de Deus que se faz homem, que é
ao mesmo tempo mediador e plenitude de toda a Revelação.”
Jesus
inaugura na história um novo modo da presença de Deus, porque quem O
viu, viu o Pai; ele é “o mediador” da nova e da eterna aliança; Nele
encontramos Deus, ao qual podemos invocar com o nome de “Abba, Pai” e
por ele nos é dada a salvação.
Se queremos ver a face de Deus,
disse o Papa, Aquele rosto que dá sentido, solidez e serenidade ao nosso
caminho, devemos seguir Cristo, mas não somente quando precisamos Dele,
quando encontramos um espaço entre os milhares de afazeres cotidianos.
“É
toda a existência que deve ser orientada ao encontro com Ele, ao amor
por Ele; e com isso, um lugar privilegiado tem que ter o amor ao
próximo, aquele amor que, à luz do Crucifixo, nos faz reconhecer a face
de Jesus no pobre, no fraco e no sofredor.”
Depois de concluir
sua catequese em italiano, Bento XVI fez um resumo da mesma em várias
línguas, entre as quais em português. Eis as palavras do Pontífice,
seguidas da saudação aos peregrinos lusófonos:
“Queridos
irmãos e irmãs, Deus dá-se a conhecer, revela-se, entra na história,
agindo por meio de mediadores, como Moisés, os Juízes, os Profetas, que
comunicam ao seu povo a Sua vontade. Esta revelação alcança a sua
plenitude em Jesus Cristo. Nele, Deus vem visitar a humanidade, de um
modo que excede tudo o que se podia esperar: fazendo-Se homem. Com
Cristo, se concretiza um desejo que permeava todo o Antigo Testamento:
ver a face de Deus. De fato, por um lado, o povo de Israel sabia que
Deus tinha uma face, ou seja, é Alguém com quem podemos entrar em
relação, mas por outro lado, estavam cientes de que era impossível,
nesta vida, ver a face de Deus; esta permanecia misteriosa, inacessível
e, portanto, não representável. Mas, com a Encarnação, Deus assume uma
face humana. Jesus nos mostra a face de Deus e por isso é o Mediador e a
plenitude de toda a revelação: Nele vemos e encontramos o Pai; Nele
podemos invocar a Deus como Pai; Nele temos a salvação.
Uma
saudação cordial aos peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente ao
grupo de “Cantorias”, da Diocese de Viseu: me quisestes recordar em
vosso canto. Agradeço-vos e, de bom grado, vos encorajo na consagração à
Virgem Maria para um feliz êxito na vossa configuração a Cristo. Desçam
sobre vós e vossas famílias as Bênçãos de Deus. Obrigado.”
(BF) (Fonte: Rádio Vaticano)
Cardeal Vegliò: migrações, esperança e oportunidade
Cidade do Vaticano (RV)
- "Dizer que os migrantes buscam somente melhorar de situação é uma
simplificação exagerada da realidade." Foram palavras do presidente do
Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes,
Cardeal Antonio Maria Vegliò, que neste domingo, Dia Mundial do Migrante
e do Refugiado, presidiu a celebração eucarística na paróquia Santa
Lúcia em Roma com os principais grupos de migrantes presentes na Itália:
romenos, filipinos, poloneses, ucranianos, brasileiros e demais
latino-americanos.
O tema deste dia e da Mensagem do Papa para a
edição deste ano foi "Migrações: peregrinação de fé e de esperança". Um
tema que nos leva a pensar na multidão de pessoas que no mundo de hoje
se encontra numa situação entre o "desespero de um futuro impossível de
construir" e o "desejo de uma vida melhor", disse o Cardeal Vegliò.
Em
sua peregrinação existencial rumo a um futuro melhor, os migrantes
carregam consigo sentimentos de fé e de esperança. "Na verdade –
ressaltou o purpurado –, no íntimo do coração, eles "alimentam a
confiança de encontrar acolhimento, de obter uma ajuda solidária e de
entrar em contato com pessoas que, compreendendo as dificuldades e a
tragédia de seus semelhantes, e também reconhecendo os valores e os
recursos dos quais são portadores, estejam dispostas a partilhar
humanidade e recursos materiais com quem se encontra necessitado e
desfavorecido".
No centro da reflexão do presidente do Pontifício
Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes esteve presente
também a perspectiva de uma melhoria da qualidade de vida dos
migrantes, perspectiva esta que "está ligada àqueles que os migrantes
encontram nas novas realidades em que são acolhidos".
"Nos
momentos do sofrimento e da solidão, como é importante encontrar pessoas
que abram o coração à esperança e à vida" – ressaltou.
Em seguida, fez uma consideração sobre as ocasiões para os cristãos, nesse contexto, de serem missionários.
"No
contexto das migrações hodiernas, embora nem todos os migrantes
considerem a sua viagem como um caminhar rumo a Deus, num certo modo –
explicou –, é justamente nas pessoas que ainda não conhecem que eles
podem descobrir o próprio Deus que lhes estende a mão".
"Isso se
vê particularmente nos países de tradição cristã, onde os migrantes
podem experimentar a genuína bondade de muitas realidades eclesiais, que
as acolhem e as ajudam", acrescentou o Cardeal Vegliò. (RL) (Fonte: Rádio Vaticano)
20 anos do Catecismo: o papel dos leigos na transmissão da fé
Cidade do Vaticano (RV)
- No ciclo de reflexões dedicadas ao novo Catecismo da Igreja Católica
(CIC) – por ocasião dos 20 anos de sua publicação –, o Pe. Dariusz
Kowalczyk aborda em particular, nesta edição, o papel dos fiéis na
compreensão e na transmissão da verdade da fé, como apresentado e
desenvolvido no Catecismo.
O ofício de interpretar a Sagrada
Escritura e a Sagrada Tradição foi confiado ao Magistério da Igreja, ou
seja, aos bispos em comunhão com o Sucessor de Pedro. O Magistério não
age, porém, à margem do Povo de Deus, mas é um instrumento, querido por
Deus, para compreender bem a ação do Espírito Santo em relação a toda a
Igreja. Não é somente o Magistério, porém, que interpreta a fé.
O
Catecismo afirma no nº 91: "Todos os fiéis participam da compreensão e
da transmissão da verdade revelada. Receberam a unção do Espírito Santo,
que os instrui e os conduz à verdade em sua totalidade".
Todo o
povo fiel (dos bispos até o último dos fiéis leigos) possui o dom que
chamamos sentido sobrenatural da fé. Graças àquele sentido da fé
suscitado pelo Espírito de verdade, o povo de Deus adere à fé de modo
mais profundo, aplicando-a na vida na forma mais plena (cfr. CIC 93).
O
Catecismo recorda o famoso nº 8 da Constituição dogmática sobre a
Divina Revelação "Dei Verbum", onde se lê que a Igreja progride na
inteligência da fé e também na contemplação e no estudo dos fiéis que
têm uma profunda experiência das coisas espirituais. Desse modo, o
Espírito Santo introduz os fiéis, obviamente não sem a guia do
Magistério, à verdade em sua totalidade.
Um exemplo de
desenvolvimento da inteligência da fé do Povo de Deus consiste na
verdade da Imaculada Conceição, afirmada como dogma de fé em 1854.
A
compreensão mais profunda do mistério revelado de Maria não teria sido
possível sem a experiência e a reflexão dos fiéis, ou seja, sem o
sentido de fé deles. Portanto, cada um de nós fiéis deve sentir-se
sujeito de compreensão e transmissão da fé revelada em Jesus. (RL)
(Fonte: Rádio Vaticano)