No Dia Internacional das
Meninas, lembrado hoje (11) pelo primeiro ano, ONU alerta que 400
milhões de mulheres com idade entre 20 e 49 já foram casadas ou tiveram
uma união informal quando eram meninas.
Globalmente, cerca de 400 milhões de mulheres com idade entre 20 e 49
– ou 41% do total de mulheres nesta faixa etária – já foram casadas ou
tiveram uma união informal
quando eram meninas.
O tema é foco de uma
data especial marcada hoje (11) pelas Nações Unidas, o
Dia Internacional das Meninas, adotada pela Assembleia Geral da ONU em
dezembro de 2011 e lembrada em 2012 pelo primeiro ano.
Embora a proporção de “crianças noivas” tenha diminuído ao longo dos
últimos 30 anos, em algumas regiões o casamento infantil continua a ser
comum mesmo entre as gerações mais jovens, especialmente em áreas rurais
e naquelas onde há extrema pobreza.
Entre as jovens de
20 a 24 anos em todo o mundo,
cerca de 1 em cada 3 – cerca de 70 milhões – foram casadas quando ainda
eram crianças, e cerca de 11% – quase 23 milhões – realizaram um
casamento ou união informal antes de atingirem 15 anos de idade.
Por definição, o casamento infantil é qualquer casamento formal ou
união informal realizada antes dos 18 anos e é, ressalta a ONU, uma
realidade tanto para meninas quanto para meninos – embora as meninas são
desproporcionalmente as mais afetadas.
Os Escritórios Regionais para a América Latina e o Caribe do Fundo de População das Nações Unidas (
UNFPA), da
ONU Mulheres, da Campanha do Secretário-Geral das Nações Unidas
‘Una-se pelo Fim da Violência contra as Mulheres’ e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (
UNICEF)
expressam sua preocupação com a situação de milhões de meninas e
adolescentes na região, especialmente aquelas que vivem em situação de
extrema pobreza ou estão sujeitas à discriminação de gênero e a outros
tipos de violência. (
Saiba em detalhes clicando aqui)
Em sua mensagem, o Secretário-Geral da ONU,
Ban Ki-moon, destacou que investir nas crianças do gênero feminino é um
“imperativo moral”, bem como uma obrigação no âmbito da Convenção sobre
os Direitos da Criança e da Convenção sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação contra a Mulher. “Também é fundamental para
alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, fazendo avançar o
crescimento econômico e a construção de sociedades pacíficas, coesas”,
observou.
Ban lembrou que o casamento de crianças tira das meninas
oportunidades de vida, além de pôr em risco a saúde, aumentar a
exposição à violência e ao abuso, e resultar em gravidez precoce e
indesejada, muitas vezes com um risco fatal. “Se uma mãe tem menos de 18
anos de idade, o risco do seu bebê morrer no primeiro ano de vida é 60%
maior do que a de uma criança nascida de uma mãe maior de 19 anos”,
afirmou.
Estratégias da ONU
Para enfrentar o problema, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (
UNICEF) tem adotado algumas ações que mostram resultados em muitas partes do mundo.
Entre elas, está aprovar e fazer cumprir a legislação adequada para
aumentar a idade mínima de casamento para as meninas para 18 anos, bem
como sensibilizar o público sobre o casamento infantil como uma violação
dos direitos humanos das meninas. Outra medida é melhorar o acesso ao
ensino primário e secundário de boa qualidade, assegurando que as
desigualdades de gênero no ensino sejam eliminadas.
O UNICEF também mobiliza meninas, meninos, pais, líderes e
personalidades para transformar as normas sociais de gênero, incluindo a
discriminação, as justificativas religiosas e culturais, além de
promover os direitos das meninas e suas oportunidades de vida. O Fundo
também dá apoio às meninas já casadas, proporcionando-lhes opções para o
ensino, serviços de saúde sexual e reprodutiva, capacitação sobre os
meios de subsistência e informação contra a violência em casa.
Outra ação é aumentar as oportunidades econômicas, incluindo
transferências de recursos financeiros ligadas a serviços sociais como
saúde, nutrição, educação e proteção, de modo a combater os incentivos
econômicos que promovem o casamento infantil. (Acesse outras ações em
detalhes em
http://bit.ly/STHz8T)
Ainda hoje (11), o Fundo de População das Nações Unidas (
UNFPA)
lançará um relatório sobre o casamento de crianças em todo o mundo e o que deve ser feito para erradicá-lo. O documento
“Casar muito jovem: Acabar o Casamento Infantil”
abordará a prevalência do casamento infantil e as tendências nos países
em desenvolvimento, fornecendo perspectivas sobre o tema e descrevendo o
que os países podem fazer para enfrentar o problema, caso as tendências
atuais sobre casamento infantil continuem.
A
data também será marcada pela abertura da exposição de arte
“Muito Novas para Casar” (
Too Young to Wed), organizada pelo UNFPA e pela
VII Photo Agency
na sede das Nações Unidas. Com fotografia de Stephanie Sinclair e vídeo
de Jessica Dimmock, a iniciativa destaca as narrativas pessoais de
meninas do Afeganistão, Etiópia, Índia, Nepal e Iêmen. O objetivo é
renovar a atenção mundial para esta questão crítica, além de promover a
responsabilidade dos tomadores de decisão em todo o mundo.
A Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (
ONU Mulheres)
lembrou a data por meio de uma mensagem de sua Diretora Executiva, a
chilena Michelle Bachelet. Ela enfatizou o compromisso da ONU Mulheres
de ficar
ao lado das meninas em apoio aos seus direitos.
Bachelet enfatizou que a entidade trabalhará com governos e outros
parceiros para promover a educação, saúde e bem-estar das meninas, como
forma de alcançar um mundo onde elas possam viver livres da violência,
do medo e da discriminação.
OIT: 88 milhões de todas as crianças trabalhadoras do mundo são meninas
Em mensagem sobre o tema, o Diretor Geral da Organização Internacional do Trabalho (
OIT),
Guy Ryder, lançou um apelo em favor de um conjunto de medidas dirigidas
a garantir o acesso das meninas ao progresso e à justiça social em todo
o mundo. Em um
discurso pronunciado por ocasião do Dia, Ryder disse que as estruturas, políticas e valores atuais que mantêm as meninas em desvantagem devem mudar.
“As desigualdades de gênero que prevalecem desde tenra idade, tendem a
gerar uma desigualdade de gênero a longo prazo que se perpetua no mundo
do trabalho. Apesar dos valores, princípios e direitos amplamente
reconhecidos pela comunidade internacional, com demasiada frequência a
realidade é que as meninas são sistematicamente marginalizadas por causa
de seu sexo. Isto deve terminar”.
A OIT lembrou que cerca de 88 milhões de todas as crianças
trabalhadoras do mundo são meninas. Muitas realizam os trabalhos pior
remunerados, mais inseguros ou são vítimas da desigualdade de gênero em
casa e no local de trabalho. Outras, que trabalham em casa, permanecem
invisíveis e não são levadas em conta.
Especialistas independentes cobram medidas práticas
Reunidos em Genebra, um
grupo de especialistas em direitos humanos
das Nações Unidas pediram hoje (11), por meio de um comunicado, que os
Estados aumentem a idade do casamento para 18 anos “para meninos e
meninas sem exceção”, bem como adotem “medidas urgentes para impedir o
casamento de crianças”.
“Tal como acontece com todas as formas de escravidão, os casamentos
forçados precoces devem ser criminalizados. Eles não podem ser
justificados por motivos tradicionais, religiosos, culturais ou
econômicos”, disseram.
Os especialistas ressaltaram, no entanto, que uma abordagem que só
incida sobre a criminalização não pode ter êxito em combater eficazmente
os casamentos forçados precoces. “Isto deve ir de mãos dadas com
campanhas de sensibilização do público para enfatizar a natureza e os
danos causados por casamentos forçados e programas comunitários para
ajudar a detectar, aconselhar, reabilitar e abrigar, quando necessário.
Além disso, o registro de nascimento deve ser universalizado de modo a
apoiar a prova de idade e impedir o casamento forçado precoce”. (Fonte: ONU BRASIL)