Bento XVI indica tema para Dia Mundial das Comunicações 2013 | ||||||||||||||
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“Redes Sociais: portais de verdade e de fé; novos
espaços de evangelização”. Este é o tema proposto pelo Papa Bento XVI
para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2013. O tema foi divulgado
na manhã do último sábado, dia 29 de setembro, com uma nota expedida
pelo Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.
A nota divulgada destaca que um dos desafios mais significativos da evangelização nos tempos atuais é aquele que emerge dos meios digitais. O documento também enfatiza que, na verdade, não se trata mais de como utilizar a internet como um “meio” de evangelização, “mas de evangelizar considerando que a vida do homem de hoje se exprime também no ambiente digital”. Leia abaixo a íntegra da nota. Comunicado do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais Um entre os desafios mais significativos da evangelização nos dias de hoje é aquele que emerge do ambiente digital. É sobre este desafio que o tema deste ano, proposto pelo papa Bento XVI, para o 47º Dia Mundial das Comunicações Sociais: "Redes Sociais: portais de Verdade e de fé, novos espaços de evangelização" quer chamar a atenção, no contexto do Ano da Fé. Os elementos de reflexão são numerosos e importantes: em um tempo no qual a tecnologia tende a tornar-se o tecido que conecta muitas experiências humanas - como as relações e o conhecimento - é necessário questionar-se: - essa pode ajudar os homens a encontrar Cristo pela fé? Porém, não basta uma superficial adaptação da linguagem, mas é necessário poder apresentar o Evangelho como resposta a uma contínua pergunta humana de sentido e de fé, que também emerge da rede e nela mesma se faz estrada. Será também este o modo para humanizar e fazer vivo e vitalizado um mundo digital que impõe, atualmente, um comportamento mais definido: não se trata mais de como utilizar a internet como um “meio” de evangelização, mas de evangelizar considerando que a vida do homem de hoje se exprime também no ambiente digital. É necessário, de modo particular, levar em conta o desenvolvimento e a grande popularidade do social network, que consentiu a acentuação de um estilo dialógico e interativo na comunicação e na relação. O Dia Mundial das Comunicações Sociais, uma data estabelecida pelo Concílio Vaticano II ("Inter Mirifica", 1963), vem sendo celebrado em muitos países, com a recomendação dos bispos de todo o mundo, no domingo que antecede a Festa de Pentecostes (em 2013, 12 maio). A Mensagem do Santo Padre para o Dia Mundial das Comunicações Sociais é tradicionalmente publicada em ocasião da recorrência da Festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos Jornalistas (24 janeiro). * Fonte e foto: Canção Nova |
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
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domingo, 30 de setembro de 2012
Coluna no GLOBO
O mais grave dos riscos
O IBGE revelou uma notícia assustadora, mas não houve reação à altura. O Brasil tem um milhão quatrocentos e quinze mil crianças de 7 a 14 anos oficialmente analfabetas pelo registro da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad). E de 2009 a 2011 caiu — sim, é isso, caiu — o percentual de jovens de 15 a 17 anos na escola. Será que é assim que queremos vencer?A vastidão da tragédia educacional brasileira não caberia nesta coluna, e arruinaria — querida leitora, caro leitor — este seu domingo. Por isso vamos pensar juntos apenas em alguns números. Fomos informados dias atrás pelo IBGE que em 2009 o Brasil tinha 85,2% de jovens de 15 a 17 anos na escola. O que equivale a dizer que 14,8% não estavam, e isso já era um absurdo suficiente. Mas em 2011, a Pnad descobriu que o número tinha piorado e agora só há 83,7%. Aumentou para 16,3% o total de jovens nessa faixa crítica que estão fora da escola.
Em qualquer país do mundo, que saiba a natureza do desafio presente, esses números seriam motivo para se fazer um escândalo, iniciar uma investigação, chamar as autoridades à responsabilidade. O ministro se desculparia, os educadores seriam entrevistados para saber como resolver o problema, os contribuintes exigiriam mais respeito com seus impostos, os pais se mobilizariam. Mas a notícia foi dada numa sopa de outros indicadores e sumiu por lá. Em alguns jornais foi destaque, em outros, nem isso.
Como assim que em 2012 o país fica sabendo que tem menos — e não mais — jovens onde eles deveriam estar? E mesmo assim não se assusta, não reage? Difícil saber o que é pior: se a notícia em si ou a falta de reação diante da notícia.
Os demógrafos já nos informaram que estão nascendo menos brasileiros, e que, por isso, a população vai parar de crescer. Os empresários estão dizendo que há um apagão de mão de obra, falta trabalhador qualificado. Nem que seja por uma mera questão econômica, de formação de trabalhadores, o país deveria exigir explicação das autoridades. Afinal, estamos jogando fora cérebros que serão necessários à economia.
Mas a educação, evidentemente, não é só para formação de trabalhadores, como se fossem peças de uma máquina. É a única estrada que leva as pessoas à realização do seu potencial, a única forma de realmente incluir o cidadão, a melhor maneira de fortalecer a democracia.
A taxa de analfabetismo no Brasil é considerada a partir de 15 anos. Com esse recorte etário, a taxa foi de 8,6% em 2011. Uma melhora em relação a 2009, quando era de 9,7%. Com mais de 15 anos temos 12,9 milhões de analfabetos.
Mas se formos considerar quem não está na conta — os de 7 a 14 anos — existem mais 1,4 milhão de analfabetos. O problema desse número é que ele derrota a ideia de que o analfabetismo é um problema herdado pelos erros passados do Brasil. De fato, ele é maior quanto mais alta for a idade. Mas esses dados mostram que o país está repetindo agora o mesmo desatino. Há analfabetos jovens, hoje. Meio milhão deles estão na área rural. Aliás a taxa de analfabetismo rural brasileiro é de 21%.
Eu queria não estragar o domingo de você que me lê. Então vamos concluir assim: ainda há tempo. Se o Brasil se apressar, pode correr atrás dos ainda analfabetos. Pode tentar trazer de volta os jovens que desistiram da escola. Alguns mais céticos dirão que não há mais tempo e o cérebro não educado na infância jamais terá de volta a habilidade necessária. São tantos os casos de superação. É quase tarde demais, mas ainda há tempo. Se o Brasil não se apressar esses jovens continuarão em seu desamparo.
( Miriam Leitão)
DESIGUALDADES SOCIAIS, DESIGUALDADES LINGUÍSTICAS
Desigualdades sociais, desigualdades linguísticas
Share on google_plusoToda sociedade complexa é bastante heterogênea, porque formada de indivíduos muito diferentes entre si. E essa diferença, que em princípio seria apenas de natureza, logo tende a tornar-se de valor. O Brasil, que, segundo dados recentemente divulgados, é a quarta nação mais desigual da América Latina, vive uma verdadeira luta de classes, permeada por todo tipo de preconceito e intolerância. E o que vale para a desigualdade social vale para a diversidade linguística, vista entre nós também como desigualdade: assim como há classes sociais dominantes e dominadas, certas variedades linguísticas são tidas como superiores, outras como inferiores.
Diante
da desigualdade social, há três atitudes políticas possíveis: uma
atitude conservadora, que procura manter tudo como está e estimula o
preconceito contra os menos favorecidos; uma atitude pseudoprogressista,
que valoriza a carência e trata a pobreza como virtude, como se
ignorância, subnutrição, falta de recursos, fome e desestruturação
familiar fossem um patrimônio cultural a ser preservado; e, finalmente,
uma atitude verdadeiramente progressista que, reconhecendo o problema,
procura saná-lo, atuando para que os pobres possam pouco a pouco sair da
pobreza e usufruir os mesmos bens da civilização que as elites.
Em
termos de língua, a atitude conservadora consiste em tachar aqueles que
não dominam a norma culta como ignorantes e analfabetos, exercendo
sobre eles o famoso preconceito linguístico (cerceamento do acesso a
direitos, exclusão social, chacota, etc.), mas nada fazendo para mudar a
situação. Já pseudoprogressista é afirmar que todas as variedades
linguísticas, inclusive as de menor prestígio, devem ser respeitadas e
estimuladas, que não se deve corrigir o aluno que diz "menas" ou
"pobrema", e que é legítimo que cada um fale como queira ou possa em
qualquer situação. Esse tipo de atitude se assemelha muito a certas
políticas demagógicas que, a pretexto de tirar crianças carentes de
situações de risco, as ensinam a tocar tambor ou a cantar funk (o da
favela, não o verdadeiro, dos negros americanos, bem entendido) sob a
alegação de que se trata de uma forma de inserção social e de incentivo à
cultura. Resta saber em qual sociedade essas crianças serão inseridas e
que tipo de cultura é essa que se está incentivando?
Realmente
progressista num caso como esse não seria dar às crianças a
possibilidade de aprender música de qualidade (um instrumento melódico,
partitura, solfejo)? Não seria dar-lhes a chance de ter acesso a outras
realidades (musicais, culturais e sociais) que abram sua cabeça e as
portas de uma vida mais feliz e mais plena, inclusive de oportunidades?
Infelizmente,
para certos setores que se dizem de esquerda (mas cuja ideologia de
endeusamento da miséria - principalmente da espiritual - é de fato
reacionária, já que só faz preservar a penúria), a pobreza é uma virtude
(talvez porque renda votos) e o importante é elevar a autoestima do
cidadão carente e não libertá-lo da carência.
Não
há dúvida de que os pobres merecem respeito como cidadãos e seres
humanos, mas respeitá-los em sua pobreza é uma coisa, tentar resgatá-los
dessa condição é algo bem diferente.
Que
a língua varia todos sabemos e a linguística já o provou há muito
tempo: é uma verdade científica. Que a variação linguística é
coextensiva da heterogeneidade social também já está provado. E, assim
sendo, a variedade é natural (porque pessoas diferentes não podem se
expressar de modo igual), irreprimível (pois não há como obrigar todos
os cidadãos a terem um mesmo comportamento) e benéfica para a
comunicação, já que só se pode dar conta de determinadas experiências em
certas variedades. Também é fato que a diversidade linguística é um
prato cheio para os cientistas da linguagem. Mas isso não quer dizer que
os linguistas sejam contra a escolarização e o ensino da norma culta
nas escolas - ainda que com todas as críticas que nossa gramática
normativa merece e tem recebido. Dizer que "nós foi" e "teje" é algo que
deva ser preservado e que reprimir tais usos com intuito educativo é
intolerância linguística constitui uma postura obscurantista. Assim como
o desejável não é respeitar, mas sim erradicar a pobreza, dando aos
excluídos a possibilidade de ascender socialmente por meio da educação, o
verdadeiro progressismo está em levar a todos o conhecimento das formas
mais prestigiosas da língua, até para que se possa decidir com bom
senso em que momento usá-las ou não. Do contrário, estaremos ensinando
crianças carentes a bater tambor e a gostar de funk sob a alegação de
que piano e violão são instrumentos pequeno-burgueses e de que Beethoven
e Tom Jobim representam a música das elites dominantes e opressoras. Ou
seja, em nome de um esquerdismo de salão, estaremos é sendo fascistas.
PASTORAL DAS FAVELAS
IGREJA NO BRASIL
Pastoral das Favelas: Há 35 anos transformando a sociedade
Portal A12
Com informações da CNBB
Com informações da CNBB
Criada em 1977, por iniciativa do então Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eugenio Salles, a Pastoral das Favelas completou essa semana 35 anos de existência.
Sua
trajetória é marcada pela preocupação da Igreja com os mais necessitados
e na promoção da dignidade humana e cidadania em favor dos moradores
das comunidades.
Uma missa especial foi celebrada na Favela Dona Marta, primeira comunidade a receber, em 2008, uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
A cerimônia foi conduzida pelo Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), Dom Orani Tempesta, na capela Nossa Senhora das Graças.
Durante a celebração, Dom Orani lembrou que é necessária a preocupação para que os moradores das favelas possam viver com dignidade.
“Principalmente, nesse novo momento que vivemos por conta da pacificação
das comunidades. São novos tempos, novas realidades, porém, a
preocupação com as pessoas e com a vida continua. É necessário levar
habitação, saúde, lazer e educação para quem mora nas favelas também,
pois é um direito deles também", disse Dom Orani.
Na década de 80, a Pastoral das Favelas criou associações de moradores e se empenhou em conscientizar as pessoas sobre o seu direito à cidadania e participação delas como forma de transformar a sociedade.
A década de 90 foi marcada pelos diálogos com as ONGs e os poderes públicos. Além disso, cada comunidade ganhou uma capela.
A Pastoral continua, até hoje, atuante, apoiando os moradores carentes, visando à solução dos problemas de moradia.
O coordenador da Pastoral das Favelas, monsenhor Luiz Antônio Lopes, também esteve presente na missa e lembrou que desde sua criação, a entidade luta pelo direito das pessoas menos favorecidas.
“Trabalhar com os pobres é um grande desafio não só para a Igreja, que
sempre lutou pelos direitos da população mais pobre, mas de todos. Sonho
com o dia que todos poderão viver em paz e com dignidade, em especial
àqueles que moram nas comunidades”, finalizou.
Atualmente, a Pastoral das Favelas realiza reuniões mensais de fortalecimento e formação com os núcleos em diversas comunidades, promove encontros com o poder público, a fim de estreitar o relacionamento com as comunidades, além de organizar encontros com agentes e lideranças para a reflexão de questões atuais à luz do Evangelho.
A corrupção pode começar no seu voto
entrevista com Leonardo Valles Bento, publicada na edição nº 431, outubro de 2012.
Leonardo Valles Bento
professor de Direito e analista de Finanças e Controle da Controladoria-Geral da União. leonardo.bento@cgu.gov.br
Podemos sonhar com outras formas de democracia para a nossa sociedade,
talvez com uma participação mais direta dos cidadãos. Porém, enquanto a
organização política tiver a forma representativa, precisamos fazer
escolhas com muito cuidado e atenção. Com tanta possibilidade de acesso à
informação, não podemos continuar elegendo políticos que só querem
tirar proveito próprio de seus cargos.
Se somos nós que escolhemos nossos representantes, somos nós os responsáveis pelos acertos e desvios que eles cometem.
Se somos nós que escolhemos nossos representantes, somos nós os responsáveis pelos acertos e desvios que eles cometem.
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Temos a sensação de que vivemos em um país corrupto. É assim mesmo?
Realmente temos essa
percepção de uma corrupção generalizada. Só que existe um equívoco sobre
o qual eu gosto de advertir as pessoas: não associar a corrupção com
problema cultural. Ou seja, não ter a ideia de que a corrupção no Brasil
é algo cultural. Porque corrupção existe em todos os países do mundo.
Quando uma pessoa diz que o Brasil tem uma cultura de corrupção, ela
acha que está sendo muito profunda, mas na verdade está revelando uma
certa perplexidade diante de um problema que ela não consegue abarcar e
acha que não tem solução. O fato é que a corrupção tem causas bem
objetivas, bem simples de se identificar, e está relacionada com falhas
no processo em órgãos, falhas nas regras, na forma como as decisões são
tomadas. Ou porque existe pouca transparência, ou porque pouca gente
participa desse processo, porque pessoas decidem a portas fechadas sem
prestar contas daquilo que fazem.
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Há também outras formas de corrupção nas administrações?
Existe a baixa corrupção, que
é aquela que acontece com o guarda do trânsito que pede uma propina
para não dar uma multa, e existe a alta corrupção, que são os grandes
esquemas. Nos políticos, o que existe é a corrupção para financiar a
própria máquina eleitoral partidária.
Umas das coisas que temos que perceber é o seguinte: para onde vai o
dinheiro da corrupção? Além de enriquecer, é claro, as pessoas
corruptas, a maior parte da corrupção é para financiar as campanhas
eleitorais, que, no Brasil, são extremamente caras.
Existem duas moedas de troca nesse esquema: os cargos em comissão e as
emendas de orçamento. Como funcionam? Os cargos em comissão são a forma
como o governo consegue o apoio político no atacado. Consegue montar uma
base aliada com outros partidos: entrega alguns setores do governo a
determinados partidos. Outra é a troca de favores, esse clientelismo que
começa lá na base, no corpo a corpo com o eleitor. Existe uma corrente
de transmissão que vai levar até Brasília, até a distribuição de
ministérios, que precisa pagar tudo isso.
Então seria muito interessante se a população percebesse o estrago que
causa sempre que pede um favor para os candidatos. Porque o dinheiro que
vai pagar o voto dela, que vai pagar o saco de cimento, a gasolina, os
"favores" que o candidato faz, vai sair da merenda escolar, do dinheiro
destinado à saúde, da assistência social, causando um prejuízo de longo
prazo no desenvolvimento.
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A corrupção, então, está relacionada ao desenvolvimento do país?
Sim, temos que entender o
combate à corrupção não como uma cruzada moralista, mas como uma
estratégia de desenvolvimento. Na verdade é de um modo bem simples: se a
corrupção não prejudicasse o desenvolvimento humano, se não aleijasse a
política pública, se não estivesse na origem da desigualdade social, da
pobreza, enfim, se a corrupção não tivesse relação com todas essas
mazelas, não haveria o menor sentido de se estudar a corrupção.
Então na questão do orçamento é uma coisa muito clara. Você tem um
sistema de abastecimento de água numa população rural, que é muito bom
para ela. Mas por que esse dinheiro foi liberado? Não é só porque o
governo federal acha que a água é importante para aquela comunidade, mas
também é uma questão de estratégia, é que o convênio, o contrato de
repasse para construir aquele sistema, é uma questão estratégica. O
governo pode ter liberado aquela emenda porque precisava do apoio do
deputado que propôs o projeto.
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Qual é o papel da Controladoria-Geral da União?
A Controladoria é o órgão
central de controle interno do Poder Executivo Federal. Ela controla
todo o dinheiro público que é do Executivo. Agora, a Controladoria
acabou se tornando dentro do governo federal o principal agente de
combate à corrupção, e nós fazemos auditoria nos órgãos públicos.
A CGU está dividida em quatro setores: existe a parte de Auditoria e de
Fiscalização, e a parte de Corregedoria, que é a que pune servidores
federais que cometem alguma falta grave. Desde que a CGU foi criada, em
1993, já foram demitidos aproximadamente 3.500 servidores federais, e
outros que tiveram sua aposentadoria cassada. Existe também um setor de
Ouvidoria, que é para receber reclamações e denúncias, e nós temos uma
área que é de Prevenção da corrupção.
A CGU está presente em todos os estados. E tem dois programas muito
importantes: o programa Olho Vivo no Dinheiro Público, que se destina a
sensibilizar a comunidade de que o combate à corrupção não pode ser
feito só pelo governo, mas é fundamental a participação do cidadão. E
tem um programa de Capacitação de Gestores, que busca fortalecer a
Gestão Pública para capacitar servidores de municípios. Pequenos
municípios se queixam às vezes que erram ou que cometem alguma
irregularidade não por má fé, mas por desconhecimento da Legislação.
Nos municípios, a CGU fiscaliza o dinheiro que a União repassa. São
várias operações que acontecem junto com a Polícia Federal, e que
começaram lá na fiscalização do município e que conseguiram desbaratar
quadrilhas de responsáveis pelo desvio de dinheiro público.
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Que outras iniciativas a CGU toma para coibir a corrupção?
A vitrine da CGU é o Portal
da Transparência. A ONU já premiou o Brasil por essa iniciativa de
divulgar, quase que em tempo real, todos os gastos do governo federal,
aquilo que ele gasta diretamente no repasse para os municípios. E isso
resultou numa onda de transparência. Foi aprovada a Lei Capiberibe, de
2008, que obriga União, estados e municípios a terem seus próprios
portais de transparência. Então a iniciativa virou regra.
A CGU tem várias iniciativas: projeto de lei para regulamentar
atividades de lobby, que ainda está tramitando, para regulamentar o
conflito de interesses na administração pública, que é aquela coisa de a
autoridade pública receber favores, brindes e presentes, participar de
eventos, festas e encontros.
A CGU participou de forma muito decisiva para dar novas legislações nos
convênios. O marco regulatório do terceiro setor é da década de 1990,
mas a CGU tem outras iniciativas. Por exemplo, as prefeituras que
recebem verba da União já não podem mais nem sacar o dinheiro em espécie
e nem podem mais usar cheque: pagamento de fornecedor tem que ser feito
mediante crédito em conta, conta a conta, com transferência bancária
que permita identificar quem recebeu. Antes, a prefeitura sacava o
dinheiro e pagava, e você só conseguia saber pelo extrato que houve o
saque. Só tinha um recibo de controle ou uma nota fiscal, mas não dava
para saber se aquilo era comprado ou não. Com o crédito em conta, é
possível verificar exatamente a pessoa que recebe.
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Quais seriam as estratégias coletivas e individuais para a superação desse cenário de corrupção?
Todo mundo pode fazer alguma
coisa. Em primeiro lugar, é preciso conhecer o que existe na sua cidade,
no seu bairro. No bairro, na cidade, existem pessoas, organizações e
uma associação de moradores, por exemplo. Participe ali. Há toda uma
vida política na sociedade. Se você tem tempo, se conhece pessoas que
querem trabalhar com você, tente criar ONGs, como teve aquela em
Ribeirão Bonito, SP, que conseguiu cassar um prefeito e vários
vereadores.
São iniciativas pelas quais se pode acompanhar o que acontece na
sociedade, pedir informações, pedir explicações, ir nas reuniões da
Câmara de Vereadores, saber o que acontece na comunidade.
Em todas as comunidades existem os conselhos. Tem o Conselho da Merenda
Escolar, de Saúde, do Fundeb, do Bolsa- Família, do PET, de Assistência
Social, de Educação, e eles têm que representar setores. Eles têm
legitimidade. Basta saber o que existe na sua cidade e começar a
participar.(fonte: Mundo Jovem)
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