|
|
sábado, 15 de setembro de 2012
Amanhã o Movimento fé e Luz estará presente em Cunhaú. Reuniremos as seis comunidades Fé e Luz: Macau(com três comunidades), Natal(com duas comunidades) e São José de Mipibu(uma comunidade). Esse encontro acontecerá para um momento de fortalecimento do Movimento e ação de graças pelos 10 anos do fé e luz de Mipibu. A nossa missão é levar o deficiente mental e sua família para o coração da Igreja.
ASSESSORES DO BEM E ASSESSORES DO MAL
No mundo de hoje, existe uma corrida desenfreada pelo sucesso. Alguns nessa corrida conseguem sucesso pisoteando os oprimidos pela economia e política e atende somente os interesses de poucos. Mas para isso acontecer, os filhos do mal precisam de assessores e cursos que determinem a perpétua opressão. Não devemos nos orgulhar disso. O próprio Evangelho diz que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma. Os assessores do mal já fizeram a sua escolha. Mas, nós somos chamados a colocarmos um fim ao mundo das ilusões. Não é uma tarefa fácil mas para quem tem dúvida a esse respeito basta lembrar o que disse Jesus respondendo às tentações de satanás no deserto. "Nem só de pão vive o homem mas de toda palavra que sai da boca de Deus". Jesus mostrou que temos força para vencer o mal com o bem.
Há uma grande diferença entre os assessores do bem e do mal. Enquanto os assessores do bem semeiam a paz e o amor, eles, os assessores do mal semeiam o ódio e a perseguição. Estamos no tempo de nos aproximar de Deus-Pai todo Poderoso. No mundo de hoje quem é o todo poderoso? Para nós, cristãos, é Jesus pelos séculos dos séculos. A meta é aproximar de Deus para promover o povo. Na verdade é Deus quem se aproxima da pessoa para que esta promova o povo. A escolha de Deus é atemporal, não depende da pessoa mas somente de Deus. Os profetas foram assessores do povo de Deus para encaminhá-los ao coração do Divino Pai-Eterno. Por isso, Deus faz uma aliança definitiva nunca desfeita para o bem da humanidade. Pois Deus criou o homem para salvá-lo, não para destruí-lo.
"Não deixe o profetismo cair"(Dom Hélder). Esta frase é dirigida aos assessores do bem, os profetas de hoje que lutam em defesa da vida. Que a Palavra de Deus possa curar os doentes e todas as pessoas escravizadas pelo ódio. E essa cura se dá articulando a fé com a vida.
Há 50 anos, o Concílio
Data:
terça-feira, 11 Setembro 2012
No próximo dia 11 de outubro, em Roma, será comemorado o 50º aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano 2º. Na ocasião, o papa Bento 16 também dará início ao Ano da Fé, que se estenderá até à festa de Cristo Rei, 24 de novembro de 2013. Será um evento memorável, que fará a memória do mais importante momento da vida da Igreja no século 20.
Embora permanecendo a mesma na sua identidade, natureza e missão, a Igreja mudou muito a partir do Concílio. Mudou para ser mais ela própria. Lembro de uma comparação usada no passado, com certa frequência, para explicar a necessidade das “reformas” conciliares: é como uma bela imagem que as pessoas gostam muito e, por isso mesmo, vão queimando vela em sua homenagem, penduram fitas, colocam coroas e outros enfeites e até vestem a imagem com pano. Tudo, porque gostam e querem expressar o carinho para com aquela imagem querida...
Chega um momento em que já não se consegue mais ver bem a imagem, de tanto enfeite e fuligem de vela... Aos poucos, só se vê o adorno e quem não conhecia a imagem original, perde o apreço por ela, pois não compreende o sentido de tanto adorno... É preciso, então, fazer um restauro, retirando os “acréscimos” que escondiam a imagem, para restituir-lhe a beleza e o sentido originários... Comparação é comparação. “Omnis comparatio claudicat” (toda comparação tem defeitos), já diziam os latinos. Fiquemos com o aspecto verdadeiro, para aplicar essa comparação à Igreja.
A reforma, ou renovação conciliar, teve a intenção de ajudar a Igreja a voltar-se para o mais essencial; antes de tudo, para perceber de onde ela própria vem e que a sua razão de ser e existir não vem dela, mas do amor de Deus Trindade, da Palavra reveladora do desígnio de salvação de Deus para com o homem (Constituição Dogmática Dei Verbum), A Igreja queria compreender-se melhor como povo agraciado por Deus, chamado e enviado a proclamar ao mundo a Boa Nova, testemunha do Reino de Deus entre os homens; era necessário clarear novamente a parte de cada membro na vida e na missão da Igreja (Constituição Dogmática Lumen Gentium).
Para melhor realizar isso, foi feita a renovação da Liturgia, da disciplina e organização da Igreja, da formação, vida e missão dos bispos, presbíteros, religiosos e leigos, para que cada um destes grupos componentes da Igreja pudesse viver melhor sua vocação e missão no seio da Igreja e no coração do mundo. Era necessário reafirmar mais uma vez, e de maneira clara, que a Igreja é missionária e não pode deixar de cumprir o mandato de Cristo, de ir e proclamar o Evangelho a todos os povos. Vários decretos e outros documentos do Concílio deram indicações para a revitalização da Igreja, que se fazia muito necessária.
Mas também era necessário que a Igreja se colocasse no compasso do tempo e da história, propondo-se como anunciadora, servidora e testemunha de Boas Novas para o homem contemporâneo, dialogando com o mundo, sem deixar-se absorver por ele; a Igreja tem muito mais para dizer ao homem do que aquilo que ele não deve fazer: ela tem uma luz forte a irradiar sobre a dignidade da pessoa humana e a reta ordem do viver e conviver entre todos os membros da comunidade humana, que ela não pode reter para si e deve partilhar, para a vida plena do homem (Constituição Pastoral Gaudium et Spes).
Por isso mesmo, no Concílio Ecumênico Vaticano 2º, a Igreja abriu-se para ouvir e dialogar com os cristãos de outras Igrejas e grupos, com os crentes de religiões não-cristãs e também com os não crentes. Não é porque ela estivesse pouco convicta da própria verdade, mas porque apenas na atitude do diálogo se consegue compreender as razões do outro e empreender um caminho que tenha algo em comum. Desde o Concílio, muitos passos foram dados nesse caminho, nem sempre fácil.Seria muito pouco, se olhássemos o Concílio Vaticano 2º apenas como um acontecimento do passado. O cinquentenário de sua realização também é ocasião para avaliar os frutos já produzidos; e também para perceber as inevitáveis falhas na aplicação do Concílio, ao longo desses anos todos. E isso tudo nos ajudará a perceber melhor a graça do Concílio e quanto ele ainda tem para ajudar a Igreja nos próximos anos. O Concílio foi concluído em 1965; mas a obra do Concílio está longe de estar concluída!
Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 11.09.2012
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
Data:
terça-feira, 11 Setembro 2012
No próximo dia 11 de outubro, em Roma, será comemorado o 50º aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano 2º. Na ocasião, o papa Bento 16 também dará início ao Ano da Fé, que se estenderá até à festa de Cristo Rei, 24 de novembro de 2013. Será um evento memorável, que fará a memória do mais importante momento da vida da Igreja no século 20.
Embora permanecendo a mesma na sua identidade, natureza e missão, a Igreja mudou muito a partir do Concílio. Mudou para ser mais ela própria. Lembro de uma comparação usada no passado, com certa frequência, para explicar a necessidade das “reformas” conciliares: é como uma bela imagem que as pessoas gostam muito e, por isso mesmo, vão queimando vela em sua homenagem, penduram fitas, colocam coroas e outros enfeites e até vestem a imagem com pano. Tudo, porque gostam e querem expressar o carinho para com aquela imagem querida...
Chega um momento em que já não se consegue mais ver bem a imagem, de tanto enfeite e fuligem de vela... Aos poucos, só se vê o adorno e quem não conhecia a imagem original, perde o apreço por ela, pois não compreende o sentido de tanto adorno... É preciso, então, fazer um restauro, retirando os “acréscimos” que escondiam a imagem, para restituir-lhe a beleza e o sentido originários... Comparação é comparação. “Omnis comparatio claudicat” (toda comparação tem defeitos), já diziam os latinos. Fiquemos com o aspecto verdadeiro, para aplicar essa comparação à Igreja.
A reforma, ou renovação conciliar, teve a intenção de ajudar a Igreja a voltar-se para o mais essencial; antes de tudo, para perceber de onde ela própria vem e que a sua razão de ser e existir não vem dela, mas do amor de Deus Trindade, da Palavra reveladora do desígnio de salvação de Deus para com o homem (Constituição Dogmática Dei Verbum), A Igreja queria compreender-se melhor como povo agraciado por Deus, chamado e enviado a proclamar ao mundo a Boa Nova, testemunha do Reino de Deus entre os homens; era necessário clarear novamente a parte de cada membro na vida e na missão da Igreja (Constituição Dogmática Lumen Gentium).
Para melhor realizar isso, foi feita a renovação da Liturgia, da disciplina e organização da Igreja, da formação, vida e missão dos bispos, presbíteros, religiosos e leigos, para que cada um destes grupos componentes da Igreja pudesse viver melhor sua vocação e missão no seio da Igreja e no coração do mundo. Era necessário reafirmar mais uma vez, e de maneira clara, que a Igreja é missionária e não pode deixar de cumprir o mandato de Cristo, de ir e proclamar o Evangelho a todos os povos. Vários decretos e outros documentos do Concílio deram indicações para a revitalização da Igreja, que se fazia muito necessária.
Mas também era necessário que a Igreja se colocasse no compasso do tempo e da história, propondo-se como anunciadora, servidora e testemunha de Boas Novas para o homem contemporâneo, dialogando com o mundo, sem deixar-se absorver por ele; a Igreja tem muito mais para dizer ao homem do que aquilo que ele não deve fazer: ela tem uma luz forte a irradiar sobre a dignidade da pessoa humana e a reta ordem do viver e conviver entre todos os membros da comunidade humana, que ela não pode reter para si e deve partilhar, para a vida plena do homem (Constituição Pastoral Gaudium et Spes).
Por isso mesmo, no Concílio Ecumênico Vaticano 2º, a Igreja abriu-se para ouvir e dialogar com os cristãos de outras Igrejas e grupos, com os crentes de religiões não-cristãs e também com os não crentes. Não é porque ela estivesse pouco convicta da própria verdade, mas porque apenas na atitude do diálogo se consegue compreender as razões do outro e empreender um caminho que tenha algo em comum. Desde o Concílio, muitos passos foram dados nesse caminho, nem sempre fácil.Seria muito pouco, se olhássemos o Concílio Vaticano 2º apenas como um acontecimento do passado. O cinquentenário de sua realização também é ocasião para avaliar os frutos já produzidos; e também para perceber as inevitáveis falhas na aplicação do Concílio, ao longo desses anos todos. E isso tudo nos ajudará a perceber melhor a graça do Concílio e quanto ele ainda tem para ajudar a Igreja nos próximos anos. O Concílio foi concluído em 1965; mas a obra do Concílio está longe de estar concluída!
Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 11.09.2012
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
MARTÍRIO DE CUNHAÚ
Em 16 de julho de 1645, o Pe. André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por mais de 200 soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis participavam da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú – no município de Canguaretama, localizado a Zona Agreste do Rio Grande do Norte. Por seguirem a religião católica, tiveram que pagar com a própria vida o preço da fé, por causa da intolerância calvinista dos invasores.
Três meses depois, aconteceu outro martírio, onde 80 pessoas foram mortas por holandeses, entre elas, o camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. Este morticínio aconteceu na Comunidade Uruaçu, em São Gonçalo do Amarante – a 18 km de Natal, litoral do RN.
Fragmentos da História dos Protomártires:
Segundo o Postulador da Causa dos Mártires, Monsenhor Francisco de Assis Pereira, em seu livro Protomártires do Brasil:
“Os holandeses chegaram à Capitania do Rio Grande, no dia 08 de dezembro de 1633. Depois da rendição pelos portugueses da Fortaleza dos Reis Magos, que defendia a entrada marítima da Cidade (de Natal) , a prinicipal preocupação dos invasores foi assumir, o quanto antes, os pontos estratégicos que garantiam a economia da região e subsistência da população.
A economia do Rio Grande do Norte era ainda bastante primitiva. Viviam os moradores das plantações de milho e mandioca, da pesca e da criaçào de gado. O rebanho do Rio Grande era calculado em 20.000 cabeças de gado. Um viajante holandês assim descreve o modo de viver do povo da capitania ocupada:
‘As pastagens são ali excelentes e os habitantes não têm outra riqueza senão o gado, com o que fazem muito dinheiro; entretanto, a maioria do povo é miserável mal tendo de que viver; pegam ali muito peixe, plantam grande quantidade de mandioca para fazer farinha e também muito milho, o que tudo é trazido aqui para Pernambuco; há igualmente abundância de caça e de frutos silvestres.’ ( Adriaen Verdonck)
Os relatórios oficiais e os cronistas holandeses sublinham a importância de estoque de carne e peixe do Rio Grande para suprir às necessidades de suas tropas, principalmente no período de guerra. Diz o relatório dos Três Altos Conselheiros:
‘Durante as revoltas dos portugueses, quando não podíamos ter acesso ao interior e nada podíamos alcançar deste, foi do Rio Grande que não somente os fortes da Paraíba, como também as outras guarnições, foram mantidos com carne e peixe.’(Relatório dos Três Altos Conselheiros)
O mesmo é dito pelo cronista Nieuhof:
‘Daí vieram os fartos abastecimentos de carne e peixe para as vossas guarnições da Paraíba e outras partes, durante a rebelião dos portugueses.’
Uma outra fonte de renda para o Rio Grande era a lavoura de cana de açúcar. Na capitania do Rio Grande havia apenas dois engenhos: o Potengi e o Cunhaú. O primeiro a ser invadido pelos holandeses foi o Potengi, por estar mais próximo de Natal. O engenho Potengi não representava muito para a economia do Rio Grande. Encravado em terras pouco férteis, já estava quase desativado, de fogo morto, como se costuma dizer. Na época da invasão, pertencia a Francisco Rodrigues Coelho que aí residia com sua família.
Com a chegada dos flamengos a Natal, vários moradores importantes da capitania se refugiaram no engenho, na esperança de que sobreviessem reforços da Paraíba e de Pernambuco. Os holandeses os perseguiram: no dia 14 de dezembro, seis dias após o desembarque em Natal, deixaram a Fortaleza dos Reis Magos em três grandes botes de vela e seguiram , Potengi acima, e depois por terra, até o engenho com a ajuda de tapuias da tribo dos Janduis, mataram Francisco Coelho, sua mulher e seis filhos, e todas as outras pessoas que ali se encontravam, em número de sessenta.
Foi este o primeiro grande morticínio perpetrado, pelos flamengos em solo potiguar. Dada, porém, a ausência de motivação religiosa, esta chacina não apresenta as característica de um verdadeiro martírio de fé.
O engenho Cunhaú, a 80 Km de Natal, construído na sesmaria dada por Jerônimo de Albuquerque, em 02 de maio de 1604, aos seus filhos Antônio e Matias, era o mais importante centro da economia do Rio Grande.
O vale do Cunhaú, onde estava situado o engenho, irrigado pelo rio do mesmo nome, constituía um imenso campo verdejante de canaviais e plantações de milho e mandioca. Toda a colheita de cana de açúcar era moída no engenho que chegou a safrejar, anualmente, de seis a sete mil arroubas de açúcar. O vale possuía também extensas áreas de criação de gado, cuja carne abastecia toda a região.
A produção de açúcar, carne e farinha era exportada para Pernambuco e Paraíba, através do Rio Cunhaú que desemboca no Oceano Atlântico. A Barra do Cunhaú era guarnecida por uma fortificação construída pelo portugueses e tonada pelo flamengos em 1634.
Por tudo isso, Cunhaú se tornou o alvo da ambição e cobiça dos holandeses na sua ânsia de dominar toda a região e controlar a sua economia. Sua posição estratégica, a meio caminho da Paraíba, fez de Cunhaú um palco de lutas sangrentas, vinganças e saques entre portugueses, índios e holandeses.
A primeira invasão de Cunhaú pelos holandeses ocorreu em 1634. O engenho que, então, pertencia a Antônio de Albuquerque Maranhão, foi confiscado e vendido ao sargento-mor Joris Gartsman e ao conselheiro político Balthasar Wintges. Posteriormente, estes o venderam a Willem Beck e Hugo Graswinckel. Quando dos acontecimentos que estamos por narrar, o engenho voltara às mãos de um português, Gonçalo de Oliveira, que adquirira por suas ligações de amizade com os holandeses.
O morticínio na Capela de Cunhaú:
Passadas as turbulências que caracterizaram o início da ocupação, a vida do engenho parecia ter voltado à normalidade. Ao redor da Capela de Nossa Senhora das Candeias, da casa-grande e do engenho, viviam pacatamente 70 modestos colonos com suas famílias. Inteiramente dedicados aos seus trabalhos na lavoura e na moagem da cana. Nada indicava qualquer alteração neste ritmo. Novas tempestades, porém, já davam sinais no horizonte.
O movimento de insurreição contra o domínio holandês já começara em Pernambuco mas, na longínqua capitania do Rio Grande tudo parecia normal. Bastou, porém, a presença de uma só pessoa para que o clima se tornasse tenso: Jacó Rabe, um alemão a serviço dos holandeses, chegara repentinamente a Cunhaú, no dia 15 de julho de 1645.
Rabe era um personagem por demais conhecido dos moradores de Cunhaú. Freqüentes eram aquelas incursões por aquelas paragens, sempre acomoanhado de seus amigos e liderados, os ferozes tapuias, semeando por toda parte ódio e destruição. A simples presença de Rabe e dos tapuias já constituía motivo suficiente para suspeitas e temores.
Além dos tapuias, Jacó Rabe trazia, desta vez, consigo alguns potiguares com o chefe Jererera e soldados holandeses, uma vez que se apresentava em missão oficial, dizendo-se portador de uma mensagem do Supremo Conselho Holandês, do Recife aos moradores de Cunhaú.
No dia seguinte, 16 de julho, um Domingo, aproveitando a presença de um grande número de colonos na igreja, para a missa dominical celebrada pelo Pároco Pe. André de Soveral, Jacó Rabe mandara afixar nas portas da igreja um edital, convocando a todos para ouvirem as Ordens do Supremo Conselho, que seriam dadas após a missa.
Muitos compareceram, mas uma chuva torrencial, providencialmente caída naquela manhã, impediu que o número fosse maior. (...)
Como havia um certo receio pela presença de Jacó Rabe alguns preferiram ficar esperando na casa de engenho.
Chegou a hora da missa. Os fiéis, em grupos de familiares ou de amigos, se dirigiram à igrejinha de Nossa Senhora das Candeias. Levados apenas pelo preceito de cumprir o preceito religioso, evidentemente não portavam armas, proibidas pelas autoridades holandesas, mas só alguns bastões que encostaram nas paredes do pórtico.
O Pe. André inicia a celebração. Após a elevação da hóstia e do cálice, erguendo o Corpo do Senhor, para a adoração dos presentes, a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da Igreja e se deu início à terrível carnificina.
Foram cenas de grande atrocidade: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente indefesos, foram covardemente atacados e mortos pelo flamengos com a ajuda dos tapuias e potiguares.
Ao perceber que iam ser mesmo sacrificados, os fiéis não se rebelaram. Ao contrário, ‘entre mortais ânsias se confessaram ao sumo sacerdote Jesus Cristo Senhor Nosso, pedindo-lhe cada qual, com grande contrição perdão de suas culpas”, enquanto o Pe. André estava ‘exortando-os a bem morrer, rezando apressadamente o ofício da agonia”.
Postado pela Assessoria de Comunicação CNBB NE2
Eleições: votar bem é preciso
A Igreja tem como missão evangelizadora e pastoral, recebida de Jesus Cristo, iluminar a consciência das pessoas com a luz do Evangelho e dos valores do Reino de Deus, motivando-as ao exercício da plena cidadania. Neste sentido, o Papa Bento XVI disse que “a política é mais do que uma simples técnica para a definição dos ordenamentos públicos: a sua origem e o seu objetivo estão precisamente na justiça, e esta é de natureza ética”.E ainda mais: “a Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política para realizar a sociedade mais justa possível. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça” (Cf. Deus Caritas Est, 28).Os cristãos e toda população chamados a exercerem um de seus mais expressivos deveres de cidadão, que é o voto livre e consciente, escolham bem os candidatos em quem vão votar. Candidatos que estejam comprometidos com o bem comum. Não votar em candidatos com promessas, promessas e promessas ilusórias. Votar em candidatos com Ficha Limpa, dignos de confiança, para colocar fim à corrupção eleitoral. Não aceitar ato tão imoral como a compra e venda de votos. É ilegal e imoral vender o próprio voto, em troca de benefícios de qualquer espécie. Como é também imoral e ilegal a tentativa de comprar votos. É preciso votar em candidatos que respeitem a vida, preservem o meio ambiente, valorizem a educação, lutem por atendimento melhor na saúde, executem o saneamento básico, segurança pública, superação da violência urbana e rural e das drogas. As eleições municipais marcadas para o próximo dia sete de outubro colocam em disputa os projetos que discutem os problemas mais próximos do povo. Um tempo particularmente propício para a participação consciente e responsável de todos na vida política, seja como eleitor, seja como candidatos a prefeitos e a vereadores, fazendo valer a mensagem: “voto não tem preço, tem consequências!”. Não vote apenas levado pela propaganda ou pelo interesse financeiro pessoal. Voto não é troca de favores, mas uma escolha livre.O exercício do voto é um direito e um dever de cada cidadão, e este deve exercê-lo segundo a sua própria consciência. Umvoto consciente resulta na dignidade da vida, na moralidade pública e no bem comum.Nada mais justo, pois, do que batalhar por uma eleição limpa, confiável e que devolva esperança ao povo. Abrir horizontes para “um novo Estado, caminho para uma nova sociedade do bem viver”.“Incentive-se cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições” e “como cidadãos cristãos, cabe nos empenharmos na busca de políticas públicas que ofereçam as condições necessárias ao bem-estar de pessoas, famílias e povos” (DGAE, 115 e 116). “O vasto e complexo mundo da política, da realidade social e da economia é campo próprio dos leigos” (EN 70). A Igreja “não concorda com a militância político-partidária de membros do clero ou de religiosos” (CNBB, Doc. 22,5; Puebla 524). E estes também não subam em palanques, nem façam campanhas e nem propagandas partidárias. A política deve ser praticada como busca sincera do bem-comum, de modo a promover os direitos dos cidadãos, a começar do âmbito municipal, e não segundo os interesses particulares de candidatos, de indivíduos ou de grupos. O exercício do voto é um dos mais importantes atos de cidadania para as transformações sociais nos municípios e no país. Empenhemo-nos na tarefa de ajudar a construir uma sociedade justa, fraterna e solidária. É bom lembrar que votar é importante, mas ainda não é tudo. Acompanhe, depois das eleições, as ações e decisões políticas e administrativas dos prefeitos e vereadores, para cobrar deles a coerência para com as promessas de campanha e apoiar as decisões acertadas. Deus abençoe e ilumine a todos e todas, eleitores e candidatos, nas eleições municipais deste ano, para o bem de todo o povo!
Assinar:
Postagens (Atom)
Nenhum comentário: