sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Vicariato Social discute articulação Provincial

 
O Vicariato Episcopal para as Instituições Sociais, da Arquidiocese de Natal, realizará Encontro Provincial, dia 19 deste mês, das 9 às 12 horas, no Centro de Treinamento de Ponta Negra, em Natal. A reunião contará com a presença do Bispo Referencial do Setor Social do Nordeste 2, Dom José Luiz Ferreira Sales, e o Articulador do Setor Social do NE 2, Marcos Bezerra.

O encontro contará com presença de representantes das Dioceses de Mossoró e Caicó e da Arquidiocese de Natal. "O nosso objetivo é, neste encontro, iniciar uma discussão para articular o Setor Social na Província, ver questões sobre a 5ª Semana Social Brasileira, abordar a Escola Fé e Política e abordar os Movimentos Sociais", comentou o Diác. Márcio Andrade, do Vicariato para as Instituições Sociais da Arquidiocese.

CNBB planeja lançamento nacional da CF em Natal

 
Uma equipe da Coordenação Nacional da Campanha da Fraternidade virá a Natal, dia 19 de setembro. Na próxima quarta-feira, às 9 horas, o grupo, tendo à frente o assessor da CF, junto à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, Padre Luiz Carlos Dias, se reunirá com o Arcebispo, Dom Jaime Vieira Rocha, e a coordenação arquidiocesana de Campanhas. Esta reunião também contará com a participação do bispo referencial de Campanhas, no Regional Nordeste 2, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena.

"A finalidade da reunião é começar a planejar o lançamento da Campanha da Fraternidade 2013, em nível nacional. A CNBB pretende lançar a CF 2013, em Natal", adianta Táfnes Nóbrega, da Equipe de Campanhas, na Arquidiocese de Natal. Segundo ela, o lançamento da CF, em nível nacional, na capital potiguar, faz parte das comemorações dos 50 anos de história da Campanha. A Campanha da Fraternidade surgiu em Natal, mais precisamente na Paróquia de Nossa Senhora do Ó, de Nísia Floresta, por iniciativa do então administrador apostólico da Arquidiocese, Dom Eugênio de Araújo Sales.

Em 2013, a CF terá como tema: "Fraternidade e Juventude" e como lema: "Eis-me aqui, envia-me!" (Is 6, 8).
Foto: Cacilda Medeiros
Dom Lucena, bispo referencial de Campanhas, no Regional Nordeste 2, da CNBB

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

VOTO CONSCIENTE

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Por um voto consciente
11/09/2012
Raquel AraujoA+a-ImprimirAdicione aos FavoritosRSSEnvie para um amigo

Em contagem regressiva para o dia das eleições, é chegado o momento de intensificar a preparação e refletir sobre a história de cada candidato. É da responsabilidade de todo o cristão dar ao desafio eleitoral uma resposta à luz da fé, como bem recorda o Concilio Vaticano II: “Todos os cidadãos se lembrem, portanto, do direito e, simultaneamente, do dever que têm de fazer uso do seu voto em vista da promoção do bem comum.” (“Gaudium et Spes”, nº75).

Em consonância à missão da Igreja de conclamar os fiéis para que cada um assuma suas responsabilidades com empenho e coerência no que diz respeito às eleições, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil lançou a campanha “Voto Consciente- Eleições 2012.”

Produzida em parceria com o Núcleo de Estudos Sociopolíticos (NESP) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), a campanha Voto Consciente conta com vídeos, spots para rádios e texto com orientações para o voto consciente/cidadão e pelo voto limpo. O Secretário Geral da CNBB esclareceu que esse foi um meio encontrado para ajudar o cidadão na hora de fazer a sua escolha:

— A CNBB sempre se preocupou com o voto consciente e se preocupou também com as pessoas que estão à frente das nossas cidades, estado e municípios, para que pensem o bem comum (...) O nosso objetivo é poder ajudar a eleger homens e mulheres que pensem no bem da comunidade, das pessoas e, especialmente, dos mais pobres, explicou.
Em artigo publicado neste Portal, o Vigário Episcopal para a Caridade Social, Cônego Manuel Manangão, defende uma séria reflexão, à luz do Evangelho e da Doutrina Social, na escolha daquele que mais lhe parece corresponder às propostas que servem ao bem comum.

“O voto consciente é um dever. O primeiro passo é examinar os programas dos candidatos, compará-los com os ensinamentos da Igreja, discernir a capacidade efetiva de cada um na concretização daqueles planos de desenvolvimento integral, no respeito pela verdade e na justiça. (...) O verdadeiro compromisso político inclui a preservação da vida, em todas as suas formas e etapas, desde a concepção no seio materno até a proteção e o apoio na velhice: o aborto, por exemplo, deve ser claramente condenado como oposto à Lei divina e à fundamental dignidade da própria criatura racional.”, firmou.

Todo o material da Campanha Voto Consciente ficará disponível para download no site da CNBB (www.cnbb.com.br ) para assim contribuir para o esclarecimento da população.

Arcebispo de Natal tem dissertação aprovada no Mestrado em Ciências da Religião da Unicap

O Arcebisbo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, aluno do Mestrado em Ciências da Religião da Universidade Católica de Pernambuco, teve sua dissertação, “Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros: um arauto da dignidade humana no sertão potiguar”, aprovada. A defesa ocorreu na manhã do dia 06, no Anfiteatro do bloco G4 da Unicap.

O trabalho, orientado pelo professor Newton Cabral, trata da vida do Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros (1916 – 2000), um pastor católico que exerceu, simultaneamente, o ofício de sacerdote e o carisma de profeta do povo de Deus, no sertão potiguar. A pesquisa de ordem bibliográfica se deteve no estudo de fontes documentais, registros biográficos e autobiográficos. Teve como objetivo mostrar o enlace da missão espiritual e política na promoção da dignidade da pessoa humana. O estudo oportuniza compreender como é possível dispor a vocação a serviço dos que estão à margem da sociedade, em um contínuo exercício de inclusão social e religiosa, sem esquecer a racionalidade eclesiástica que combina fé e política. A luta contra a exploração que se realizava através da indústria da seca e a persistente busca pela resolução do problema da falta de água fez o Monsenhor Expedito ser um sinal de esperança e anunciador de um novo tempo.

A banca examinadora foi composta pelo orientador do trabalho, professor Newton Cabral; pelo coordenador do Mestrado e avaliador interno, professor Gilbraz Aragão; pelas avaliadoras externas, professoras Sylvana Maria Brandão de Aguiar e Emanuela Ribeiro, ambas da UFPE.

Após a aprovação, Dom Jaime Vieira Rocha falou sobre o que estava sentindo naquele momento. “O sentimento é de vitória e gratidão para com todas as pessoas que me incentivaram, me compreenderam nesta realidade. Imaginem, eu, como Bispo de uma cidade como Capina Grande (PB), já na reta final do curso, tendo sido transferido para Natal (RN), onde a responsabilidade aumentou mais ainda. Isso aconteceu em fevereiro deste ano. Veja como eu tive de me esforçar bastante. Sei que alguns professores, com toda razão, temiam que eu não concluísse esse mestrado e aqui estamos. Por isso, esse meu sentimento é de muita alegria, gratidão e, também, tendo a certeza de que esta minha atitude tem chamado atenção, incentivado ao clero mais jovem o gosto pelos estudos e pela reatualização. Estou com 65 anos e acho que nós devemos estar abertos a cada momento, não sermos petulantes, acharmos que já somos os donos da verdade, que não temos mais nada a aprender, nem receber dos outros e nem o que temos para partilhar. Isso foi para mim algo muito gratificante e agradeço realmente a Deus. A convivência aqui no ambiente universitário, na Unicap, no mundo acadêmico, foi realmente uma graça e sei que esse meu gesto tem servido muito como algo que chama atenção.”


O orientador da dissertação, professor Newton Cabral, falou da sensação de dever cumprido. “O trabalho versa sobre um sacerdote que eu cheguei a conhecer em minha infância e adolescência, lá no Rio Grande do Norte. Era uma pessoa que merecia, de fato, ter mais um estudo, porque já existe um outro registrado, para que não se perca a memória de uma pessoa que foi tão interessante. Nos anos 60, por exemplo, a Editora Vozes lançou uma coleção sobre renovação paroquial no Brasil e o primeiro volume sobre o assunto foi exatamente sobre São Paulo do Potengi (RN), onde o padre que foi estudado era o pároco. A sensação que fica é de dever cumprido. Mais um mestrando que conclui bem. Eu vejo Dom Jaime como um exemplo para muitos jovens, não só os nossos jovens mestrandos, inclusive os jovens padres da arquidiocese de onde ele é o Bispo, assim como, dos próprios seminaristas. Quando ele fala da necessidade de formação permanente, ele fala com muita pertinência, porque ele é um exemplo disso.”

Professor Gilbraz Aragão coordenador do Mestrado fala do orgulho de ter tido Dom Jaime como aluno do curso. “A presença de Dom Jaime com a defesa da dissertação dele hoje enche a gente de orgulho, não só porque é um Bispo, uma autoridade de uma religião, de uma igreja, mas também porque é um senhor, que já maduro, voltou às bancas escolares, dando exemplo para os seus seminaristas e cumpriu todos os requisitos exigidos de um estudante que está fazendo pós-graduação. Isso para a gente é, de fato, um evento extraordinário, porque a fé que é cultivada nas religiões nem sempre se faz acompanhar de uma reflexão racional, para que ela seja também razoável e aqui a gente tem um exemplo que serve para contagiar os mais jovens de que, como dizia Einstein: se a religião não tiver um pouco de ciência fica meio cega e, em contrapartida, se a ciência não tiver um pouco de religião fica manca.

O Pró-reitor Comunitário, Padre Lúcio Flávio Cirne, na ocasião representando o Reitor Padre Pedro Rubens, falou da importância do momento para a Unicap. “Dom Jaime, Arcebispo de Natal, que foi Bispo de Campina Grande, minha cidade natal, representa uma figura da Igreja e, para a Unicap, é expressiva essa presença. A gente está a serviço da sociedade, mas em sintonia com a Igreja. Dom Jaime, como aluno nosso, representa muito bem essa presença da Igreja de forma bem singular, Bispo e, ao mesmo tempo, aluno. Particularmente, o tema que ele defende na sua dissertação de Mestrado se refere a alguém que há anos já se preocupava com uma questão social de tremenda importância que é a questão das águas. Então, lá no interior do Rio Grande do Norte, um padre, no século passado,  já tinha essa dimensão social em seu apostolado. Um tema atual, pertinente e mostra como a Igreja está atenta a essas questões sociais.”

Fonte: Assessoria de Comunicação Unicap



quarta-feira, 12 de setembro de 2012


A municipalidade e as eleições
Os cidadãos vivem mais um período de preparação eleições municipais. Os representantes dos poderes executivo e legislativo estão sendo analisados, procuram e são procurados neste tempo, infelizmente, mais do que em outros períodos. Falta consciência política e cidadã. Uma forte e ébria postura é percebida nas cidades. O jogo de interesses, tanto dos políticos, quanto das demais pessoas, é patente. O status, o emprego, o jogo de negócios da parte de empresários surge como troca de favores. O despreparo é sinalizado porque, tanto quem vota, como quem é votado, não tem condições, na sua grande maioria, para administrar e legiferar em favor da coisa pública, que pertence ao povo e deve estar a serviço deste.  Se sente uma grande barreira dialógica para se falar de questões que realmente interessam aos municípios. Às pessoas, pelos vícios implantados historicamente, por causa da falta de educação e a exploração, falta o alcance da força que têm e que deveria ser usada para o seu próprio bem. Estas deveriam saber que o poder é do povo e emana do povo. É a vontade do povo (CF Art. 1, parágrafo único). Ele tem que ser usado em benefício do povo e para garantir o que é preceituado, na nossa Carta Magna. A mesma, já no preâmbulo, afirma que o Estado Democrático de Direito deve assegurar “o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida com a solução pacífica das controvérsias, ‘sob a proteção de Deus’”. A realização destes valores tem a finalidade de fortalecer a cidadania dos milhares de Municípios existentes em nosso País.
A vida dos brasileiros acontece nos Municípios. Estes são células deste corpo grandioso que é o nosso Brasil. A falta de organização estrutural, antes e após as eleições, trás profundas desordens sociais para a vida das pessoas que têm a sua experiência de civilidade nestes entes federativos. Por isso, as eleições municipais são um momento fundamental para que possa haver melhorias individuais e coletivas dos seus habitantes. Aqueles que corrompem e os que são corrompidos neste períodos eletivos são os principais causadores das injustiças que assolam a vida maioria da população. Ninguém poderá qualificar se não estiver qualificado. O analfabetismo educacional e, conseqüentemente, político é uma mazela para a sociedade brasileira. Pior ainda, muita gente de má fé já percebeu isto e não se esforça para tentar mudar a situação de opressão que atinge milhares e milhares de cidadãos brasileiros. Quando visitamos as comunidades, colhemos informações que neste período, muitos candidatos que, depois de quatro anos, voltam às comunidades para “pedir um voto”, durante os mandatos não tiveram preocupações com a vida daquelas pessoas. Outros, ainda, estão entrando na vida político-partidária como uma aventura; pois, sabem que mesmo quando perde, não ficam perdidos. É gerado e alimentado um círculo vicioso e viciado pelas cotas que são recebidas, os empregados fantasmas para os familiares e outras vantagens que podem ser adquiridas com o tempo. Dizer que a política é a arte de pensar e buscar o bem da coletividade, num País como o nosso, ainda é uma esperança, que não pode morrer; porque só por ela podemos lutar por dias melhores. A municipalidade só será fortalecida pela mudança de mentalidade e coragem de algumas pessoas que prezam pela verdade e o amor na política. Justificar que na política os fins justificam os meios é respaldar a morte de milhares e milhares de semelhantes que morrem, nestes Municípios, por falta de garantias dos direitos individuais e sociais que este Estado Democrático deveria proporcionar a todos.
Por fim, as eleições, como são observadas, ainda não realizam plenamente sua finalidade. Podemos dar passos, ainda, muito mais significativos. Todas as instituições que prezam pelo bem e a justiça devem ter esse sentimento de corresponsabilidade.  Lutemos contra a corrupção, não votemos em fichas sujas, denunciemos as injustiças, busquemos os nossos direitos, vejamos os projetos de governo, votemos conscientes e prezemos pelo bem dos nossos Municípios com palavras e atitudes! Assim o seja!   

Pe. Matias Soares
Pároco de S. J. de Mipibu e Vig. Episcopal Sul    

 "A oração nos educa a ver os sinais de Deus", diz Papa
12/09/2012
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Dando sequência ao ciclo de catequeses sobre a oração, o Papa Bento XVI dedicou a Catequese desta quarta-feira, 12, à segunda parte do livro do Apocalipse. Ele lembrou que, mesmo em meio às dificuldades, a Igreja não se fecha em si mesma e continua a afirmar que o mal não vence o bem. Desta forma, os cristãos devem permanecer otimistas e entender que a oração nos educa para vermos os sinais de Deus, que possui toda a vitória.

"...como cristãos não podemos nunca ser pessimistas; sabemos bem que no caminho da nossa vida encontramos muita violência, mentira, ódio, perseguição, mas isto não nos desencoraja. Sobretudo, a oração nos educa a ver os sinais de Deus, a sua presença e ação nos faz sermos nós mesmos luzes do bem, que espalham a esperança e indicam que a vitória é de Deus".

O Pontífice destacou a necessidade de os fiéis se aprofundarem na leitura da história em que vivem, a fim de contribuírem com o desenvolvimento do Reino de Deus. "E este exercício de leitura e de discernimento, como também de ação, está ligado à oração", disse.

Bento XVI lembrou que, após o apelo feito por Cristo na primeira parte do Apocalipse para que os fiéis ouvissem o que o Espírito diz à Igreja, a assembleia é convidada a subir ao céu para ver a realidade com os olhos de Deus. Isso traz três símbolos, que são pontos de referência para a leitura da história: o trono de Deus, o Cordeiro e o livro.

O Papa explicou que esses três símbolos nos fazem lembrar qual é o caminho para saber ler os fatos da história e da nossa própria vida e que, olhando para o céu, no relacionamento constante com Jesus, o povo aprende a ver as coisas de um modo novo.

“A oração é como uma janela aberta, que nos permite ter o olhar voltado para Deus, não somente para nos recordar a meta para a qual nos dirigimos, mas também para deixar que a vontade de Deus ilumine o nosso caminho terrestre e nos ajude a vivê-lo com intensidade e compromisso”.

O Santo Padre lembrou ainda que o mundo está repleto de males causados pelo homem, mas que isso não deve ser motivo de desânimo. "Diante dessa realidade, muitas vezes dramática, a comunidade eclesial é convidada a não perder nunca a esperança, a crer firmemente que a aparente onipotência do Maligno colide com a verdadeira onipotência de Deus".

A importância da oração também foi outro aspecto enfatizado por Bento XVI. Ele ressaltou que não existem orações inúteis; Deus, em seu amor e misericórdia, sempre responde às nossas orações, mesmo que de forma misteriosa.

“Muitas vezes, diante do mal, se tem a sensação de não poder fazer nada, mas é a nossa própria oração a primeira resposta e mais eficaz que podemos dar e que faz mais forte o nosso cotidiano empenho em espalhar o bem”.


Dom Odilo Scherer critica pressa na aprovação do novo Código Penal


Com um texto de 1940, o Código Penal, em fim, está sendo revisado e reformado de acordo com os costumes da atualidade. Desde 2011, uma comissão de juristas, nomeada pelo Senado Federal, se reuniu periodicamente para debater e propor uma reforma completa do atual Código. O texto final, com todas as propostas, foi entregue no dia 27 de junho ao presidente da Casa, o senador José Sarney, que encaminhou o Projeto de Lei do Senado nº 236/2012 para apreciação dos senadores e, em seguida, dos deputados.

Em artigo intitulado “Código Penal: Por que tanta pressa?”, publicado no último sábado, 8 de setembro, no jornal O Estado de São Paulo, o cardeal arcebispo de São Paulo (SP), dom Odilo Pedro Scherer, faz um crítica à pressa pela aprovação do texto.

“Mulheres e homens sensatos do Congresso Nacional, não seria melhor amadurecer mais esta reforma do Código Penal?”, questiona o arcebispo.

Segundo dom Odilo, houve audiências públicas, “mas reclama-se de uma escuta desigual do pensamento da sociedade e de uma atenção privilegiada a grupos de interesse e pressão, em detrimento também da comunidade especializada do mundo jurídico, que sente a falta de um tempo mais adequado para a reflexão serena sobre as propostas de mudança”.

O cardeal destaca algumas propostas controvertidas, entre elas está a do aborto. “Além dos casos de aborto ‘não punível’ já previstos - em caso de risco de vida para a mãe; em caso de estupro; em caso de malformação do cérebro -, introduzem-se, agora, casos em que o aborto deixa de ser crime e outros, em que, mesmo ainda prevendo penas, na prática essas não se aplicam. O aborto praticado sem o consentimento da mãe será punido; mas se for praticado com o consentimento da mãe, a pena acaba não sendo aplicada. Desse modo, resguarda-se a decisão de um sujeito adulto e autônomo, mas não se protege o direito à vida de um sujeito inocente e indefeso. Se o Projeto Sarney for aprovado, como proposto, a natureza lesiva do aborto ficará radicalmente alterada”, diz dom Odilo.

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis, esteve, no dia 30 de agosto, com o senador José Sarney, para entregar oficialmente um pedido de extensão do prazo para o debate com a sociedade civil a respeito do novo Código. O prazo já foi ampliado uma vez e a intenção da Conferência dos Bispos é que este prazo possa ser estendido mais uma vez para que haja maior participação de entidades, organismos da sociedade civil no aperfeiçoamento do Código.

Dom Damasceno também conversou com o senador sobre outros assuntos ligados ao Código Penal, como o aumento da penalização, que segundo o cardeal “vai resultar numa superpopulação das nossas prisões”, questões sobre a vida humana, “que deve ser preservada desde o seu início até o seu termino natural” e a eutanásia.

“O que queremos é que alguns princípios norteiem o nosso Código Penal, como o princípio da pessoa humana, o bem público, a convivência social, e que o novo Código não haja só a preocupação de penalizar, mas que tenhamos alternativas, como as chamadas Penas Alternativas”, explicou o cardeal arcebispo de Aparecida (SP).

A CNBB, ao final da 50ª Assembleia Geral dos Bispos, aprovou a criação de uma Comissão de especialistas a fim de também dar sua contribuição sobre o projeto do novo Código. Outras entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil, o Instituto dos Advogados Brasileiros, o Conselho Nacional do Ministério Público, igrejas evangélicas, seguem o mesmo caminho.

Outras opiniões

“O debate sobre o novo Código Penal exige tempo e cautela”, afirmou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, durante audiência pública realizada no mês passado, em Brasília (DF). Ele pediu pelo menos 60 dias para que a análise seja madura e profunda.

“Este é um Código que mexe com a vida das pessoas e lida com o bem maior do ser humano: a liberdade” ressaltou Ophir. Ele ainda explicou que a OAB também criou uma comissão de juristas para estudar a reforma do Código.

Para Ophir, é preciso cuidado com a elaboração de uma legislação com base no clamor popular. Ele admitiu que o cidadão brasileiro não tolera mais a impunidade e outros desmandos, mas  obervou que não deve haver precipitação no novo Código. Ophir disse ainda que questões como maus-tratos a animais, crimes ambientais e bullying precisam de uma reflexão sociológica. Em sua opinião, o bullying, por exemplo, deve ter um tratamento mais educativo e menos penal.

O presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Fernando Fragoso, também pediu que a análise do novo código seja feita sem pressa. Ele lembrou que o debate sobre temas polêmicos, como a ampliação das possibilidades do aborto legal, será importante para a sociedade brasileira.

Já Taís Schilling Ferraz, integrante do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), disse que o conselho também não esgotou o debate sobre o assunto. Ela afirmou que a elaboração do novo texto legal é um grande desafio, que exige tempo e dedicação.

Taís criticou a diminuição de algumas penas e prometeu encaminhar, à comissão especial, sugestões sobre crimes contra crianças e mulheres.


Fonte: CNBB

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