Por Jaime C. Patias
23 / Jul / 2013 11:44
Nesta
segunda-feira, dia 22, todas as atenções se voltaram para o Papa
Francisco que desembarcou no aeroporto internacional do Galeão, no Rio
de Janeiro por volta das 15h45 para presidir a Jornada Mundial da
Juventude (JMJ), que se estende até domingo, 28. Após os cumprimentos,
Francisco entrou em um carro sem blindagem em direção à Catedral
Metropolitana de São Sebastião, no Centro do Rio, um passeio de mais de
um quilômetro. Exposto, com visível desespero dos homens de segurança, o
Papa saudou milhares de pessoas que estiveram nas imediações da
Catedral e do Teatro Municipal.
A
avenida Rio Branco, uma dos cenários das maiores manifestações recentes
do povo no Rio de Janeiro, foi percorrida, em parte, pelo papamóvel. A
Polícia Militar estimou que mais de 10 mil pessoas estavam presentes nas
ruas por onde o Papa passou.
Acenando
para as pessoas dos dois lados da rua e até no alto dos prédios, o Papa
permaneceu sempre simpático e sorridente. Um mar de celulares apontado
para o papamóvel o aguardava ao lado do prédio do Teatro Municipal de
onde ele desceu para tomar o mesmo carro que o trouxe até a Catedral.Foi
levado para uma base para tomar o helicóptero que o levou ao Palácio
Guanabara para seu primeiro pronunciamento no Brasil.
O Papa
Francisco iniciou o seu discurso, em português, ressaltando que a
Providência o quis conduzir na sua primeira viagem internacional, à sua
amada América Latina, precisamente ao Brasil “nação que se gloria de
seus sólidos laços com a Sé Apostólica e dos profundos sentimentos de fé
e amizade que sempre a uniram de modo singular ao Sucessor de Pedro”.
Após, pediu “licença para entrar no coração dos brasileiros, revelando o que veio trazer ao Rio”:
“Aprendi
que para ter acesso ao Povo Brasileiro, é preciso ingressar pelo portal
do seu imenso coração; por isso permitam-me que nesta hora eu possa
bater delicadamente a esta porta. Peço licença para entrar e transcorrer
esta semana com vocês. Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de
mais precioso me foi dado: Jesus Cristo! Venho em seu Nome, para
alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração; e desejo
que chegue a todos e a cada um a minha saudação: “A paz de Cristo esteja
com vocês!”
Após o
Papa saudou com deferência a Presidente Dilma Roussef e as autoridades
presentes, agradecendo a acolhida e as palavras que externaram a alegria
dos brasileiros pela sua presença no Brasil. O Santo Padre dirigiu
então uma palavra de afeto aos seus irmãos no Episcopado, “sobre
quem pousa a tarefa de guiar o Rebanho de Deus neste imenso País, e às
suas amadas Igrejas Particulares. Esta minha visita outra coisa não quer
senão continuar a missão pastoral própria do Bispo de Roma de confirmar
os seus irmãos na Fé em Cristo, de animá-los a testemunhar as razões da
Esperança que d’Ele vem e de incentivá-los a oferecer a todos as
inesgotáveis riquezas do seu Amor”.
O Papa observou que a sua presença no Brasil, transcende as fronteiras do país, pois veio para a Jornada Mundial da Juventude: “Vim
para encontrar os jovens que vieram de todo o mundo, atraídos pelos
braços abertos do Cristo Redentor. Eles querem aconchegar-se no seu
abraço para, junto de seu Coração, ouvir de novo o seu potente e claro
chamado: ‘Ide e fazei discípulos entre todas as nações’”.
E acrescentou, “Cristo
abre espaço para eles, pois sabe que energia alguma pode ser mais
potente que aquela que se desprende do coração dos jovens quando
conquistados pela experiência da sua amizade. Cristo “bota fé” nos
jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa: “Ide, fazei
discípulos”. Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e
criem um mundo de irmãos. Também os jovens “botam fé” em Cristo. Eles
não têm medo de arriscar a única vida que possuem porque sabem que não
serão desiludidos”.
O Papa
disse ter a consciência de que, ao falar aos jovens, fala também “às
suas famílias, às suas comunidades eclesiais e nacionais de origem, às
sociedades nas quais estão inseridos, aos homens e às mulheres dos
quais, em grande medida, depende o futuro destas novas gerações”. E
complementou:
“Os
pais costumam dizer por aqui: “os filhos são a menina dos nossos olhos”.
Que bela expressão da sabedoria brasileira que aplica aos jovens a
imagem da pupila dos olhos, janela pela qual entra a luz regalando-nos o
milagre da visão! O que vai ser de nós, se não tomarmos conta dos
nossos olhos? Como haveremos de seguir em frente? O meu auspício é que,
nesta semana, cada um de nós se deixe interpelar por esta desafiadora
pergunta”.
O Papa ressaltou que a juventude “é a janela pela qual o futuro entra no mundo” e, por isso, impõe grandes desafios. “A
nossa geração – disse Francisco - se demonstrará à altura da promessa
contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço; tutelar as
condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento;
oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida;
garantir-lhe segurança e educação para que se torne aquilo que ele pode
ser; transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida mereça ser
vivida, assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de
felicidade autêntica, suscitando nele a criatividade do bem;
entregar-lhe a herança de um mundo que corresponda à medida da vida
humana; despertar nele as melhores potencialidades para que seja sujeito
do próprio amanhã e co-responsável do destino de todos”.
Ao concluir, o Santo Padre pediu a todos a “delicadeza
da atenção e, se possível, a necessária empatia para estabelecer um
diálogo de amigos. Nesta hora, os braços do Papa se alargam para abraçar
a inteira nação brasileira, na sua complexa riqueza humana, cultural e
religiosa. Desde a Amazônia até os pampas, dos sertões até o Pantanal,
dos vilarejos até as metrópoles, ninguém se sinta excluído do afeto do
Papa. Depois de amanhã, se Deus quiser, tenho em mente recordar-lhes
todos a Nossa Senhora Aparecida, invocando sua proteção materna sobre
seus lares e famílias. Desde já a todos abençoo. Obrigado pelo
acolhimento!”.
Nesta
terça-feira (23), Francisco passa o dia descansando, sem compromissos
oficiais. Na quarta (24), a agenda do Papa começa com uma visita a
Aparecida, no interior de São Paulo. Na cidade, ele celebra uma missa no
Santuário Nacional e almoça no Seminário Bom Jesus. São esperados 200
mil fiéis.
Fonte: Pontifícias Obras Missionárias
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