quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Palavra de Marcelo Barros

Conversa, quarta feira, 26 de setembro 2012

Trabalhei hoje o dia inteiro com a minha amiga, a teóloga Antonieta Potente sobre o nosso livro sobre os caminhos e perspectivas novas para a vida consagrada. Dia intenso, fecundo pelo diálogo sempre amigo e agradável, ao mesmo tempo profundo e instigante. Para mim, um tanto doloroso por remexer em feridas de minha história que desejaria sentir já curadas e quando se mexe, vejo que não estão (procuro novos caminhos e perspectivas para a vida religiosa quase desde que entrei no mosteiro há 50 anos e tantas vezes fui combatido e incompreendido por isso que estremeço só ao me lembrar. Não quero de modo algum me fazer de vítima, primeiro porque não sou e não em segundo lugar porque infelizmente não sou inocente nem santo. Tenho meus pecados, irrito as pessoas com facilidade, às vezes sou teimoso e quando penso uma coisa, é difícil me convencer do contrário, etc, etc, etc (Podia citar muitos outros defeitos que confesso e pelos quais sofro). Mas, independentemente disso, devo confessar que vi em alguns momentos no modo de agir de irmãos de comunidade uma crueldade que às vezes nem no mundo se vê ao menos tão rebuscada e estilizada. Mas, graças a Deus, isso passou e o importante é que continuo firme e sempre esperançoso em um futuro para uma vida consagrada que seja menos institucional, mais aberta ao novo e mais ecumênica. 
Ontem à noite, em uma paróquia dessa região de Pistóia, fui convidado para falar sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II. É incrível como os padres falam pouco disso. Parece que querem lembrar o mínimo possível. E só lembrar isso parece que irrita. Graças a Deus, no meio dos leigos, vejo uma abertura e interesse grande por esse tema. E quero escrever mais sobre isso.
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A Palavra e a Esperança

O universo tudo espera, expectativa abrasadora. Venha, pois, a força que libera a algema opressora. Clamor do fundo do peito, sentimentos incontidos, coração bate imperfeito o ritmo dos dias idos, em que a bondade era a lei e a fraternidade a guia. O Senhor único rei, seu plano a nossa via. Por que em nós tanta frustração, desamor, rancor, desunião? Vendo o irmão dar a morte ao irmão, em uns e outros a confusão.
Sem saber, sem vontade, sem endereço nem destino, talvez o preço da liberdade, provação e desatino. A esperança não abandona os que se resignam e lutam. O ódio não mais aprisiona os que se amando se indultam. Sim, o amor já fecundou sua esposa, a esperança. O óvulo do bem se abrigou no útero virgem da confiança. Engendrou-se a vida nova, a mortalidade se esvai. A luz irradia a aurora, o irmão ao irmão atrai.
Afinal, até agora o que de fato conhecemos? A dor do cosmos de outrora continua e nós gememos. Se nós sofremos em toda parte, partilhamos o ser na dor. Ninguém de todo se descarte, solidários na dor, por amor. Na unidade do único Amor o Espírito manifesta-se. Quais dores de parto doador d’uma nova vida em festa. Então, saborear os frutos da ebriedade do Espírito, sentindo em tudo, em todos, surtos do amor que nos torna invictos.
Vivo hoje o amor. Preconceitos eu deixei, assumi meu próprio eu. Sentimentos eu libertei, integrando-me em Teu ser. Jesus, teu ser fez minha vida renascer. O vejo como anjo aparecer. Na angústia da paixão que não tem fim, no incerto do amanhã e do depois. Constrói-se na esperança de encontrar a paz, a liberdade de se doar. Gratuito, bem simples esse meu dom a Te ofertar, só quero sempre mais amar o Amor.



Dom Aldo Di Cillo Pagotto é Arcebispo da Arquidiocese da Paraíba.

Encontro da Pastoral da Educação na diocese de Petrópolis
26/09/2012
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O Congresso Regional e Diocesano da Pastoral da Educação reuniu cerca de 650 pessoas, no salão nobre da Universidade Católica de Petrópolis (RJ), no último dia 23 de setembro, e teve como tema central “Educador aos pés do mestre: desafio de transformar vidas”. O administrador diocesano de Petrópolis, Monsenhor Paulo Daher, fez a abertura do encontro e em seguida, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro e Referencial da Pastoral da Educação no Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Nelson Francelino Ferreira, falou sobre o momento atual da educação no Brasil, onde vive diversos desafios para promover uma educação integral respondendo ao espírito humano.

O tema do encontro foi apresentado na palestra do Padre Pedro Paulo e da professora Cristiane Noel, com os professores refletindo em grupo, a partir de perguntas apresentadas pela coordenação. As dioceses que participaram do encontro apresentaram vídeos e slides sobre o trabalho desenvolvido pela Pastoral da Educação e o padre André Asthine apresentou o vídeo da diocese de Petrópolis. O encontro contou também com a apresentação cultural dos alunos da Escola São Judas Tadeu de Petrópolis e da secretária de Educação de Petrópolis, Claudia Quintanilha.

Dom Nelson Francelino disse que o momento atual da sociedade é muito complicado, pois vive uma cultura que promove as drogas, vive de espetáculos, e não responde aos anseios do povo. Segundo ele, um dos grandes problemas é a tentativa de tirar Deus do cenário humano.

— Tirando nosso referencial que é Cristo, o que podemos propor para as futuras gerações?, questionou Dom Nelson.

Uma das preocupações do Bispo é que o poder público trabalha com uma escola que vem perdendo o censo do todo e ficando apenas com partes e não com a educação integral da criança e do jovem. Para Dom Nelson não é possível ter uma educação que responda aos apelos do mercado e não ao espírito humano.

— Precisamos nos debruçar sobre o conceito de uma educação integral ou não seremos capazes de responder aos apelos, disse.

Padre Pedro Paulo explicou que ao olhar para a realidade atual se constata que da parte do aluno há um desinteresse total e da parte dos professores, apesar do interesse em ensinar, diante das dificuldades encontradas, acaba por trabalhar apenas pela obrigação em ensinar.

— Este é o grande desafio do nosso tempo na educação, mudar esta realidade, pois é um problema de vida e para superar esta dificuldade o professor precisa se colocar como discípulo, afirmou Padre Pedro.

A Coordenadora do Ensino Religioso, Cristiane Noel, disse que para mudar a realidade o professor precisa seguir a pedagogia do encontro, aproximando-se do aluno, seguindo o exemplo de Cristo.

— O educar precisa ter coerência entre o que fala, pensa e vive, e somente terá isto quando tiver consciência do sentido da sua vida, que encontramos somente no encontro com Jesus, concluiu a professora.

* Foto: CNBB
CNBB reflete sobre dados mostrados no “mapa das religiões”
26/09/2012
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Os bispos que compõem o Conselho Episcopal Pastoral (Consep), reunidos em Brasília, desde a manhã da última terça-feira, 25 de setembro, voltaram a discutir o quadro geral das religiões no Brasil apresentado pelos resultados do Censo feito pelo IBGE em 2010 e publicados em junho deste ano. Desta vez, a reflexão foi dirigida às iniciativas pastorais que devem ser tomadas ou reforçadas para responder ao fato de que caiu o número de brasileiros que se declaram membros da Igreja Católica.

Segundo o IBGE, “os resultados do Censo Demográfico 2010 mostram o crescimento da diversidade dos grupos religiosos no Brasil. A proporção de católicos seguiu a tendência de redução observada nas duas décadas anteriores, embora tenha permanecido majoritária. Em paralelo, consolidou-se o crescimento da população evangélica, que passou de 15,4% em 2000 para 22,2% em 2010. Dos que se declararam evangélicos, 60,0% eram de origem pentecostal, 18,5%, evangélicos de missão e 21,8 %, evangélicos não determinados”. A pesquisa revela também “que os católicos romanos e o grupo dos sem religião são os que apresentaram percentagens mais elevadas de pessoas do sexo masculino. Os espíritas apresentaram os mais elevados indicadores de educação e de rendimentos”.

Padre Thierry Linard de Guertechin, Presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento (IBRADES), organismo anexo da CNBB, resumiu a questão apresentada no chamado “mapa das religiões”. Ele lembra que não se deve se prender ao que se têm destacado muito às duas categorias de “católicos” e “evangélicos”. Há novas comunidades cristãs que cresceram. É preciso ainda considerar que cresceu também o número dos que se declaram sem religião. Padre Thierry ressaltou que o casamento tem sido um fator importante na análise da situação atual. Há um número considerável de casais com uniões consideradas não regulares que estão fora das contas oficiais sobre os membros da Igreja. Lembrou também que há que se considerar a situação das comunidades que não têm assistência dos ministros ordenados. E não se pode esquecer que há declaração daqueles que não são praticantes.

Os bispos abriam uma conversa ampla.

— É preciso considerar os resultados das pesquisas na elaboração dos planos de pastoral de nossas dioceses. É preciso pensar em estruturas mais simples para nossas comunidades, disse o Bispo Auxiliar de Belo Horizonte (MG) e Presidente da Comissão de Educação e Cultura da CNBB, Dom Joaquim Mol, afirmando que em Belo Horizonte está sendo feita uma pesquisa, tecnicamente profissional, para se aprofundar o significado dos números.

Dom João Carlos Petrini, Bispo de Camaçari (BA) e Presidente da Comissão Episcopal para a Vida e Família, falou que o percentual dos não praticantes dos brasileiros que se declaram católicos torna-se, facilmente, disponível para a oferta de outras Igrejas que têm, por exemplo, o trabalho de visitar as pessoas de casa em casa com a disposição de ler a Bíblia.

Dom Jacinto Bergmann, Bispo de Pelotas (RS) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a animação bíblico-catequético, considera que a formação de grupos bíblicos pode ser um sinal de esperança na evangelização.

— Os números mostram que a nossa catequese não é ainda suficiente, destacou Dom Jacinto.

O Cardeal Dom Claudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo e Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, considera que é importante avaliar o modo como se acolhe para os sacramentos e que é preciso partir da fé do povo e não colocar em dúvida a fé que as pessoas manifestam ainda que não se tenha uma exposição teologicamente elaborada. O cardeal também mencionou a importância da participação dos leigos. Sobre esse tema, o professor Geraldo Aguiar, Assessor da Comissão Episcopal Pastoral, declarou:

— Acreditem nos leigos e haverá um processo de transformação da nossa Igreja.

Dom Guilherme Werlang, Bispo de Ipameri (GO) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Caridade, Justiça e a Paz, destacou a importância da formação dos ministros ordenados considerando que a Eucaristia é a fonte e o horizonte da Igreja. Reforçou ainda a importância da participação e valorização dos leigos dando ênfase no “ir ao povo”. Nesta linha, professor Sergio Coutinho, da Comissão do Laicato, chamou atenção para a correlação dos resultados do Censo do IBGE com os dados da pesquisa do CERIS. Houve um crescimento no número das paróquias, aumento dos números dos párocos, ampliação do quadro dos diáconos. Insistiu na importância das comunidades eclesiais de base com uma séria “desideologização” dessas expressões legítimas da vida da Igreja.

— Nós corremos o risco de fazer boas análises sem que isso reflita na pastoral considerando também o aprofundamento da realidade local. Formar cristãos de verdade, é esse o grande objetivo da evangelização e isso, certamente, refletirá nos números, lembrou Dom Sergio da Rocha, Arcebispo de Brasília (DF) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé.

Dom Pedro Brito, Arcebispo de Palmas (TO) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os ministérios ordenados, considera importante a formação de missionários leigos nas comunidades. Dom Sergio Braschi, Bispo de Ponta Grossa (PR) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária realçou a valorização dos diáconos.

Dom Dimas Lara Barbosa, Arcebispo de Campo Grande (MS) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação destacou a iniciativa da setorização das paróquias, comunidade de comunidades, porque considera que essa urgência “puxa” todas as outras apresentadas pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora. Dom Eduardo Pinheiro, Bispo Auxiliar de Campo Grande e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral reforçou a eficácia das iniciativas da setorização das paróquias e também lembrou que a peregrinação da cruz e do ícone de Nossa Senhora está dando um recado claro por parte dos jovens: “nós estamos aqui!”. No âmbito de todas essas considerações, segundo Padre Sidnei Marcos Dornelas, Assessor da Missão Continental, há uma integração entre os apelos da Nova Evangelização, os apelos do CELAM e as Diretrizes Gerais da CNBB.

* Foto: CNBB



Rádio Catedral


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terça-feira, 25 de setembro de 2012

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Dom José Luiz Ferreira Salles envia carta sobre o Núcleo Estudantes Internacionais

O Núcleo Estudantes Internacionais, articulação conjunta entre o Setor Universidades e Setor Pastoral da Mobilidade Humana da CNBB, quer ter uma mapeamento das pastorais, organismos, universidades e congregações, que realizam trabalhos com estudantes estrangeiros no Brasil. Com o mapeamento, se espera estabelecer um contato direto com essas instituições promovendo um melhor trabalho em rede. Para isso, o bispo referencial do Setor Mobilidade Humana, dom José Luiz Ferreira Salles (foto), enviou uma carta solicitando que aqueles que sabem da existência de algum trabalho com estudantes responda aos itens solicitados na carta.
O objetivo do Núcleo é contribuir na devida atenção pastoral aos estudantes internacionais, conhecendo melhor sua realidade e necessidades, promovendo o diálogo intercultural, ecumênico e inter-religioso, favorecendo a inculturação e a acolhida, para que melhor possam vivenciar a fé e os valores evangélicos, aproveitar adequadamente o período de formação e qualificação, sejam protagonistas em sua organização e na integração em políticas públicas que garantam seus direitos, em condições justas e dignas. Nasceu a partir da realização do 3º Congresso Mundial de Pastoral para os Estudantes Internacionais, que aconteceu de 31 de novembro a 3 de dezembro de 2011, em Roma, Itália.
O Núcleo realizará uma oficina temática no Encontro Brasileiro de Universitários Cristãos (EBRUC), em Curitiba (PR), de 12 a 14 de outubro de 2012. Informações sobre o EBRUC, clique aqui.
Contato: estudantesinternacionais@gmail.com 
Francisco Vladimir (85) 9969.7804 
Ir. Claudina Scapini, (61) 2103.8300
Fonte: CNBB

Arcebispo visita Hospital Walfredo Gurgel

O Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, acompanhado dos Padres João Batista Rocha e João Maria do Nascimento, fez visita ao Hospital Walfredo Gurgel, no final da manhã de hoje, 25 de setembro, para conhecer, in loco, a realidade do atendimento e das condições de trabalho naquela casa de saúde. Foi recebido pela Diretora, Fátima Pinheiro, que mostrou ao Arcebispo a situação precária de atendimento, na unidade de emergência. A constatação é estarrecedora: macas nos corredores, com pacientes a espera de procedimento médico, UTIs e enfermarias lotadas. “Há pacientes que estão nos corredores há vários dias, a espera de uma vaga para fazer o procedimento médico”, afirmaram médicos do Hospital. Dom Jaime, ao falar com médicos e com a Diretora, Fátima Pinheiro, se solidarizou com eles e com os pacientes. No final, deu uma bênção aos médicos, enfermeiros, funcionários e pacientes, rogando a Deus por todos – médicos, enfermeiros, funcionários e pacientes.
Sinal de Esperança
Em meio a tanto sofrimento e desespero, um sinal de esperança é visto dentro do Walfredo Gurgel: o trabalho da professora Maria de Fátima, dando aulas às crianças que passam dias internadas em tratamento médico, para que não percam o ano escolar. “Eu peço o currículo da Escola da criança e dou aulas para que não se atrasem na Escola, ao retornarem para casa”, disse a professora. Orgulhosa do trabalho que realiza, levou Dom Jaime e os dois padres para conhecerem a sala e o material didático que utiliza. Recebeu os parabéns de todos.
Foto: José Bezerra
Pacientes, deitados em macas, lotam corredores do Hospital
Como anda a análise do projeto de reforma do Código Penal?
25/09/2012
Canção Nova A+ a- Imprimir Adicione aos Favoritos RSS Envie para um amigo

Já tramita no Senado o projeto de reforma do Código Penal Brasileiro. A proposta foi entregue à casa em junho deste ano e agora está na fase de análise das emendas. Porém, o teor dessas análises pouco tem sido discutido entre a população, uma vez que, no Brasil, grande parte das atenções está voltada para o período eleitoral.

O projeto de reforma do Código contém aspectos polêmicos, como a proposta de aumentar os casos de permissividade do aborto. Quanto a isso, o doutor em Direito e presidente da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp), Ives Gandra Martins, informou que o Código está numa fase de apresentação de emendas e que o grupo de juristas católicos vem tentando combater tais questões.

— Nós mesmos, pela União dos Juristas Católicos de São Paulo, apresentamos, junto com os juristas do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, diversas emendas através da senadora Maria do Carmo Alves. Nelas, temos combatido o problema do aborto, da eutanásia e da descriminalização das drogas, disse.

Para Gandra, a condução dos debates acerca desses temas deve envolver forte pressão junto aos senadores para que eles não aprovem estes pontos.

Embora já esteja em análise há três meses, o doutor em direito destacou que há muitas contradições em meio às propostas. Ele acredita que a aprovação da matéria não deve acontecer ainda este ano.

— É um Código cheio de evidentes contradições e tudo isso nós pusemos e a senadora Maria do Carmo Alves já levou para o Senado. Agora, está em compasso de discussão. Deverá, certamente, ter audiências públicas e a impressão que eu tenho é que a matéria vai ficar para o ano que vem .

Uma dessas contradições, segundo Gandra, é o tratamento diferenciado que se pretende dar ao abandono de animais e à questão do aborto. Enquanto para o primeiro caso estão previstas penalidades, não serão punidos alguns casos de aborto, por exemplo.

— O tratamento dos animais também é um tratamento que será feito com penalidades a quem abandonar animais e quem destruir embriões ou ovos de tartaruga, mas quem destruir seres humanos no ventre materno, esse não terá pena nenhuma, salientou.

Todas essas propostas vêm sendo analisadas de acordo com o seguinte cronograma: de 9 de agosto a 5 de setembro, apresentação de emendas; de 6 a 20 de setembro, relatórios parciais; de 21 a 27 de setembro, relatório do Relator Geral; de 28 de setembro a 4 de outubro, parecer final da Comissão.

Porém, estes prazos têm sido alvo de críticas. O Cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, em artigo de sua autoria, indagou se este não é um assunto para ser resolvido com mais calma.

Gandra destacou que o Código tem inúmeros dispositivos e por isso deve ser muito discutido, principalmente com o povo, e não “pretender a aprovação a ‘toque de caixa’”. Ele têm dúvidas quanto ao real cumprimento desse cronograma.

— Esses prazos deverão não ser cumpridos, porque não há como cumpri-los. O Senado vai começar a se reunir após as eleições municipais. No momento, poucos senadores estão comparecendo. As emendas já foram apresentadas, mas eu duvido que isso possa ser aprovado ainda este ano.

As discussões das propostas não se restringem ao âmbito político, a participação popular também deve ser considerada. Porém, o doutor em Direito acredita que o fato das atenções estarem voltadas para a eleição próxima, em 7 de outubro, possivelmente atravancou a participação do povo nas questões referentes ao Código.

— Pode ser, porque se conversa-se com o pessoal, poucos sabem o que contém o Código Penal. (...) O receio que eu tenho é de que o povo em si, a quem o Código Penal será aplicado, este povo não saiba o que seus representantes estão aprovando, ressaltou.

Como próximos passos, Gandra informou que deve ser criada uma comissão especial para examinar as emendas apresentadas. Depois, essas emendas serão levadas a plenário e julgadas.
* Foto: Canção Nova