quinta-feira, 20 de setembro de 2012






















Mensagem do dia





Quinta-Feira, 20 de setembro 2012
A obediência nos leva à salvação
O Senhor compreende as nossas fraquezas, os nossos erros e pecados porque também Ele passou por todas as situações pelas quais nós passamos, menos pelo pecado. Ele passou por todos os sofrimentos, não somente no alto da cruz, mas já no seu nascimento. Imagine ter um filho na situação em que Maria teve seu Filho. Logo depois veio a perseguição de Herodes, e eles tiveram de fugir para o Egito, atravessar aquele deserto e viver como estrangeiros.

Jesus é um sacerdote, o intercessor entre nós e Deus, entre a terra e o céu. É Ele quem traz o perdão, a misericórdia e a bondade de Deus para nós. Ele compreende a nossa situação porque passou pelos mesmos sofrimentos pelos quais passamos. Eu duvido que tenhamos sofrido o que Ele sofreu. A vida pública d'Ele foi uma verdadeira perseguição. Não há um momento no Evangelho em que Ele não tenha sido perseguido, contestado pelos fariseus, pelos doutores da Lei e pelo próprio povo.

"Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem" (Hebreus 5,7-9).

Os apóstolos ficaram assustados com o que Jesus estava vivendo. Pedro, Tiago e João viram-no clamar ao Pai, sozinho, no escuro, entre lágrimas, clamando Àquele que era capaz de salvá-Lo da morte. O seu próprio povo O condenou porque Ele declarou que era o Messias, o Filho de Deus e porque Ele não era como este esperava que fosse.

Meus irmãos, Jesus aprendeu o que é obediência porque foi ao extremo, e graças a ela nos salvou! Todos nós precisamos aprender a viver essa virtude porque nos preocupamos demais com coisas que, muitas vezes, não têm tanta importância ou que não temos como modificá-las, e assim, nos desesperamos diante dos problemas. Por causa disso, decepcionamo-nos com Deus e nos afastamos d'Ele. Isto não é ser filho, não é obedecer. Peçamos essa graça – fundamental para todos nós – a Deus para que sejamos verdadeiros cristãos.

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib
 Fundador da Comunidade Canção Nova



quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Aliança Sinaítica

A Aliança SinaíticaQuando, em 582 a.C.cento e cinqüenta anos depois da destruição da Samaria, Nabucodonosor varreu o Reino de Judá, do mapa e deportou os últimos habitantes de Jerusalém, dá-se por encerrada a História da Aliança davídica. Sem pátria, sem templo, sem sacerdócio, um resto – o resto previsto pelo Profeta Isaías, as lideranças de Jerusalém – foi para o exílio. Todas as esperanças haviam-se esvaído, exceto a fé em Javé. Não pensemos que tivesse sobrado uma multidão. A maioria dos judeus foi morta. Outros fugiram. Foi aprisionada apenas a elite, que gira em torno de cinco mil pessoas. Estes refarão a História de Israel.
Tendo desaparecido a teologia da Aliança com Davi e seus descendentes, que punham a salvo de qualquer ataque tanto o templo como a cidade de Jerusalém, bem como a própria dinastia davídica – que já não existiam – foi necessário criar outro início e paradigma, para não desarticular totalmente. Então, no exílio babilônico, se engendrou a descrição de outra Aliança, de mil anos antes. Situa-se num outro Império, junto a outro rio: o Nilo, no Egito, mas com contornos mutuados de uma cultua mesopotâmica. Expõe uma dura escravidão e a conseqüente libertação, operada por Deus, por mão de Moisés, seu enviado.O ponto alto desta libertação é, em primeiro lugar, a Aliança, feita por e com Deus, no Monte Sinai. Tem como Mediador Moisés. Acontece, depois de quarenta anos de peregrinação pelo deserto, uma triunfal conquista da Terra Prometida sob as armas de Josué.
Criada durante o Exílio da Babilônia, esta narrativa está desligada dos eventos históricos da época. Colheu tradições esparsas. Criou uma nova teologia da Aliança, que marcará, daqui para frente, a História do Povo Eleito. Esta Aliança consta de novas e mais sólidas clausulas. Não se fixa nalgum lugar – refere-se a um povo nômade e sem pátria -. Garante proteção por parte de Deus, sob condição da observância de seus mandamentos.
A Aliança é selada com sangue de animais, sacrificados a Javé. Sinaliza a consanguinidade ou parentesco entre o Povo e seu Deus. Conhecemos uma síntese dos mandamentos no decálogo. Na verdade, porém, a Lei, em hebraico “Torah”, foi exarada em cinco livros básicos da fé, que, por isso, em grego, receberam o nome de Pentateuco. O povo do exílio irá inspirar-se nesta Lei e elaborar, a partir dela, sua relação com Deus. Trata-se de um compromisso, selado por uma Aliança. Javé é o Deus deste Povo e este Povo o Povo de Javé, independente de lugar e de templo. O que distingue, daqui em diante, o Povo Judeu será esta Aliança. Moisés é guindado a Fundador da religião judaica. Atribui-se a Ele a “assinatura” da Aliança com Deus e, conseqüentemente, a elaboração do Pentateuco.
A aliança sinaítica, porém, alberga, em seu bojo, certa ambiguidade. Junto com Moisés,que poderíamos chamar de místico, coloca Josué, apresentado como guerreiro. No primeiro temos a religião, por assim dizer, em sua pureza, ao passo que, no segundo, entra a conquista armada de uma terra e o extermínio de povos inteiros. Pergunta-se: quem realiza a Aliança com Deus? Moisés, com sua Lei, ou Josué, com suas guerras de conquista? Para mostrar a conexão entre ambos, começou-se a transformar o Pentateuco em Hexateuco,incluindo nele, como base da religião mosaica, o livro de Josué. A Lei do Sinai e conquista a Palestina, declarada Terra Santa.






Política, com ofensas à Igreja, não!












Na atual campanha eleitoral para os cargos do Poder Municipal, a Arquidiocese de São Paulo tem procurado manter uma postura coerente com as disposições canônicas da Igreja Católica e com suas próprias orientações pastorais. Instruções foram passadas ao clero, para que os espaços e os momentos de celebrações religiosas não sejam utilizados para a propaganda eleitoral partidária, nem para pedir votos para candidatos. Estas orientações também estão sintonizadas com as próprias normas da Justiça Eleitoral.
 
 Entretanto, a mesma Arquidiocese, através de seu Arcebispo e dos Bispos Auxiliares, também deu orientações e critérios sobre a participação dos fiéis na campanha eleitoral e na vida política da cidade e sobre a escolha de candidatos idôneos, embora sem citar nomes ou partidos. Essas orientações estão amplamente divulgadas. Entendemos que o voto dos cidadãos é livre e não deve ser imposto aos fiéis, como por “cabresto eleitoral”, pelos ministros religiosos; nem devem nossos templos e organizações religiosas ser transformados em “currais eleitorais”, reeditando práticas de uma política viciada, que deveriam estar superadas. A manipulação política da religião não é um benefício para o convívio democrático e pluralista e pode colocar em risco a tolerância e a paz social.
 
 Também com este propósito, enquanto organização presente de maneira capilar na cidade, a Arquidiocese de São Paulo convidou os 5 candidatos, atualmente mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais, sem distinção de partido, para um colóquio com o clero e os religiosos, no próximo dia 20 de setembro, para que os candidatos tenham a ocasião de apresentar seus projetos e propósitos de governo e, da parte do clero e dos religiosos, possam ouvir os questionamentos sobre assuntos que interessam muito o povo de São Paulo e dizem respeito a realidades e questões, nas quais as organizações da nossa Igreja estão profundamente inseridas e envolvidas.
 
 Consideramos que a manipulação e instrumentalização da religião, em função da busca do poder político, não prometem ser um bem para a sociedade e não são coerentes com os princípios da liberdade de consciência e do legítimo pluralismo no convívio dos cidadãos. Além de tudo, isso poderia deixar divisões e feridas dificilmente cicatrizáveis no seio das religiões e das comunidades religiosas.
 
 Muito nos entristeceu, no contexto da propaganda eleitoral partidária, ver a Igreja Católica Apostólica Romana atacada e injuriada, de maneira injustificada e gratuita, justamente num artigo do chefe da campanha de um candidato à Prefeitura de São Paulo. Coisas ali ditas sobre a Igreja Católica são difamatórias e beiram ao absurdo, merecendo todo o repúdio. Não foram ofendidos e desprezados apenas os fiéis católicos da Arquidiocese de São Paulo, mas de toda a Igreja Católica no Brasil, uma vez que o autor do infeliz escrito também é chefe nacional do partido que representa.
 
 Semelhantes ataques são inaceitáveis e a Arquidiocese de São Paulo não podia deixar de se manifestar, como fez com uma Nota de Repúdio, através de sua Assessoria de imprensa, durante a semana que passou. A Arquidiocese não aceita a afirmação de que o fato foi trazido à tona por ela mesma, ou por um “falso blogueiro”, uma vez que nem o próprio autor negou a autoria do escrito, que se encontra atualmente no seu blog, e também nos “sites” relacionados com o mesmo partido. Portanto, o artigo já estava sendo usado na campanha eleitoral, antes da manifestação da Arquidiocese.
 
 Também é inaceitável que na campanha eleitoral se fomente um clima de intranqüilidade entre os cristãos das diversas comunidades e denominações, que convivem na cidade de São Paulo. Temos muito em comum na nossa fé e somos todos cidadãos desta cidade imensa, onde nossa atuação e testemunho comum de fé têm muito a contribuir para o bem da cidade, especialmente no serviço à justiça social, à verdade, à dignidade humana e na solidariedade para com os que mais sofrem e mais precisam das atenções do Poder Público municipal.
 
 Reiteramos nossa orientação para que os fiéis católicos votem de maneira consciente, livre e responsável, e de acordo com os princípios e valores que orientam suas próprias vidas e da fé que abraçam, contribuindo para que nossa cidade seja governada por Autoridades dignas e atentas à promoção do bem da cidade, mais que aos interesses de parte, e capazes de promover a solidariedade e a paz entre todos os habitantes desta Metrópole.

SÃO PAULO, 16. 09. 2012
 Cardeal D.Odilo P. Scherer
 Arcebispo de São Paulo