quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Evangelho (Lc 21,20-28)

Hoje, ao ler este santo Evangelho, como não ver o reflexo do momento presente, cada vez mais cheio de ameaças e mais tingido de sangue? «Na terra, as nações ficarão angustiadas, apavoradas com o bramido do mar e das ondas. As pessoas vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo» (Lc 21,25b-26a). A segunda vinda do Senhor tem sido representada, inúmeras vezes, pelas mais aterrorizadoras imagens, como parece ser neste Evangelho; sempre sob o signo do medo.

Porém, será esta a mensagem que hoje nos dirige o Evangelho? Fiquemos atentos às últimas palavras: «Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima» (Lc 21,28). O núcleo da mensagem destes últimos dias do ano litúrgico não é o medo; mas sim, a esperança da futura libertação, ou seja, a esperança completamente cristã de alcançar a plenitude da vida com o Senhor, na qual participarão, também, nosso corpo e o mundo que nos rodeia. Os acontecimentos narrados tão dramaticamente indicam, de modo simbólico, a participação de toda a criação na segunda vinda do Senhor, como já participou na primeira, especialmente no momento de sua paixão, quando o céu escureceu e a terra tremeu. A dimensão cósmica não será abandonada no final dos tempos, já que é uma dimensão que acompanha o homem desde que entrou no Paraíso.

A esperança do cristão não é enganadora, porque quando essas coisas começarem a acontecer —nos diz o próprio Senhor— «Então, verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem, com grande poder e glória» (Lc 21,27). Não vivamos angustiados perante a segunda vinda do Senhor, a sua Parúsia: meditemos, antes, nas profundas palavras de Santo Agostinho que, já no seu tempo, ao ver os cristãos temerosos frente ao regresso do Senhor, se pergunta: «Como pode a Esposa ter medo do seu Esposo?».

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Mais de mil usinas a carvão serão construídas em todo o mundo nos próximos anos


Na última semana, organizações como a ONU e o Banco Mundial divulgaram relatórios mostrando a presença recorde de gases de efeito estufa na atmosfera e estimando como seria a vida em um mundo 4 graus mais quente. Mas nada indica que as emissões serão reduzidas em um futuro próximo. Pelo contrário: um estudo publicado pelo World Resources Institute (WRI) mostra que há mais de mil projetos de usinas termelétricas a carvão planejados para os próximos anos.
O carvão é uma das fontes de geração de energia mais poluentes que existe, além de ser um dos principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa que contribuem para o aquecimento global. Estima-se que cerca de 60% do carvão consumido no planeta é usado para gerar energia.
Segundo o WRI, 1.199 novas usinas a carvão, com uma capacidade total de 1,4 milhão de MW, estão sendo propostas globalmente. Os projetos estão espalhados em 59 países, mas três quartos dessas usinas devem ser construídos em apenas dois países, Índia e China. Segundo o estudo, o mercado global de carvão passa por uma mudança de eixo, saindo do Atlântico – Reino Unido, França e Estados Unidos – e passando para o Pacífico, com Japão, China, Índia e Coreia do Sul. Mas isso não significa que os países europeus estão mais “verdes”, já que a Europa continua sendo um dos principais importadores de carvão do mundo.
O Brasil aparece na lista com um projeto de construção de usina a carvão, a termelétrica Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, no Ceará, com capacidade para gerar 720 MW. A usina, em fase de construção, recebeu licença ambiental em 2006. A termelétrica é administrada pela MPX Energia, empresa do grupo EBX, do empresário Eike Batista, e custou R$ 3 bilhões.
Foto: Usina termelétrica na Alemanha. Carsten Koall/GettyImages
(Bruno Calixto) (Fonte:Blog do Planeta)

O caminho como arquétipo

28/11/2012
Tenho especial fascínio por caminhos, especialmente caminhos de roça, que sobem penosamente a montanha e desaparecem na curva da mata. Ou caminhos cobertos de folhas de outono, multicores e emtardes mortiças, pelos quais andava nos meus tempos de estudante, nos Alpes do sul da Alemanha. É que os caminhos estão dentro de nós. E há que se perguntar aos caminhos o porquê das distâncias, porquê, por vezes, são tortuosos, cansativos e difíceis de percorrer. Eles guardam os segredos dos pés dos caminhantes, o peso de sua tristeza, a leveza de sua alegria ao encontrar apessoa amada.
O caminho constitui um dos arquétipos mais ancestrais da psiqué humana. O ser humano guarda a memória de todo o caminho perseguido pelos 13,7 bilhões de anos do processo de evolução. Especialmente guarda a memória de quando nossos antepassados emergiram: o ramo dos vertebrados, a classe dos mamíferos, a ordem dos primatas, a família dos hominidas, o gênero homo, a espécie sapiens/demens atual.
Por causa desta incomensurável memória, o caminho humano apresenta-se tão complexo e, por vezes, indecifrável. No caminho de cada pessoa trabalham sempre milhões e milhões de experiências de caminhos passados e andados por infindáveis gerações. A tarefa de cada um éprolongar este caminho e fazer o seu caminho de tal forma que melhore e aprofunde o caminho recebido, endireite o torto e legue aos futuros caminhantes, um caminho enriquecido com sua pisada.
Sempre o caminho foi e continua sendo uma experiência de rumo que indica a meta e, simultaneamente, ele é o meio pelo qual se alcança a meta. Sem caminho nos sentimos perdidos, interior e exteriormente. Mergulhamos na escuridão e na confusão. Como hoje, a humanidade, sem rumo e num voo cego, sem bússula e estrelas a orientar as noites ameaçadoras.
Cada ser humano é homo viator, é um caminhante pelas estradas da vida. Como diz o poeta cantante indígena argentino Atahulpa Yupanki, “o ser humano é a Terra que caminha”. Não recebemos a existência pronta. Devemos construí-la. E para isso importa rasgar caminho, a partir epara além dos caminhos andados que nos antecederam. Mesmo assim, o nosso caminho pessoal e particular nunca é dado uma vez por todas. Tem que ser construído com criatividade e destemor. Como diz o poeta espanhol António Machado: “caminhante, não há caminho, se faz caminho caminhando”.
Efetivamente, estamos sempre a caminho de nós mesmos. Fundamentalmente, ou nos realizamos ou nos perdemos. Por isso, há basicamente dois caminhos como diz o primeiro salmo da Bíblia: o caminho do justo e o caminho do ímpio, o caminho da luz ou o caminho das trevas, o caminho do egoísmo ou o caminho da solidariedade, o caminho do amor ou o caminho da indiferença, o caminho da paz ou o caminho do conflito. Numa palavra: ou o caminho que leva a um fim bom ou o caminho que leva a um abismo.
Mas prestemos a atenção: a condição humana concreta é sempre a coexistência dosdois caminhos e o entrecruzamento entre eles. No bom caminho se esconde também o mau. No mau, o bom. Ambos atravessam nosso coração. Essa é o nosso drama que pode se transformar em crise e até em tragédia.
Como é difícil separar totalmente o joio do trigo, o bom do mau caminho, somos obrigados fazer umaopção fundamental por um deles: pelo bom embora nos custe renúncias e até nos traga desvantagens; mas pelo menos nos dá a paz da consciência e a percepção de fazermos o certo. E há os que optam pelo caminho do mal: este é mais fácil, não impõe nenhum constrangimento, pois vale tudo contanto que traga vantagens. Mas cobra um preço: a acusação da consciência e os riscos de punições e até da eliminação.
Mas a opção fundamental confere a qualidade ética ao caminho humano. Se optamos pelo bom caminho, não serão pequenos passos equivocados ou tropeços que irão destruir o caminho e seu rumo. O que conta realmente frente à consciência e diante dAquele que a todos julga com justiça, é esta opção fundamental.
Por esta razão, a tendência dominante na teologia moral cristã é substituir a linguagem de pecado venial ou mortal por outra mais adequada à unidade do caminho humano: fidelidade ou infidelidade à opção fundamental. Não se há de isolar atos e julga-los desconectados da opção fundamental. Trata-se de captar a atitude básica e o projeto de fundo que se traduz em atos e que unifica a direção da vida. Se esta opta pelo bem, com constância e fidelidade, será ela que conferirá maior ou menor bondade aos atos, não obstante os altos e baixos que sempre ocorrem mas que não chegam a destruir o caminho do bem. Este vive no estado de graça. Mas há também os que optaram pelo caminho do mal. Por certo passarão pela severa clínica de Deuscaso acolherem misericórdia de suas maldades.
Não há escapatória: temos que escolher que caminho construir e como seguir por ele, sabendo que “viver é perigoso”(G. Rosa). Mas nunca andamos sós. Multidões caminham conosco, solidárias no mesmo destino acompanhadas por Alguém chamado:”Emanuel, Deus conosco”. (Leonardo Boff)

O sentido de ver a Terra de fora da Terra

28/11/2012
Os últimos séculos se caracterizaram por infindáveis descobertas: continentes,povos originários, espécies de seres vivos, galáxias, estrelas, o mundo subatômico, as energias originárias e ultimamente o campo Higgs, espécie de sutil fluido que pervade o universo; as partículas virtuais ao tocá-lo recebem massa e se estabilizam. Mas não havíamos descoberto ainda a Terra como planeta, como a nossa Casa Comum. Foi preciso que saíssemos da Terra para vê-la de fora e então descobri-la e constatar a unidade Terra-Humanidade.
Este é o grande legado dos astronautas que tiveram, por primeiro, a oportunidade de contemplar a Terra a partir do espaço exterior. Produziram em nós o que foichamado de Overview Effect, vale dizer, “o efeito da visão de cima”. Belíssimos testemunhos de astronautas foram recolhidos por Frank White em seu livro Overview Effect (Houghton Mifflin Company, Boston 1987). Eles produzem em nós forte impacto e um grande sentimento de reverência, uma verdadeira experiência espiritual. Leiamos alguns testemunhos.
O astronauta James Irwin dizia:”A Terra nos recorda uma árvore de natal dependurada no fundo negro do universo; quanto mais nos afastamos dela, tanto mais vai diminuindo seu tamanho, até finalmente ser reduzida a uma pequena bola, a mais bela que se possa imaginar; aquele objeto vivo tão belo e tão caloroso parece frágil e delicado; contemplá-lo muda a pessoa, pois ela começa a apreciar acriação de Deus e a descobrir o amor de Deus”. Outro, Eugene Cernan, confessava:” Eu fui o último homem a pisar na lua em dezembro de 1972; da superfície lunar olhava com temor reverencial para a Terra num transfundo muito escuro; o que eu via era demasiadamente belo para ser apreendido, demasiadamente ordenado e cheio de propósito para ser fruto de um mero acidente cósmico; a gente se sentia, interiormente, obrigado a louvar a Deus; Deus deve existir por ter criado aquilo que eu tinha o privilégio de contemplar; espontaneamente surge a veneração e a ação de graças; é para isso que existe o universo”.
Com fina intuição observou Joseph P. Allen, outro astronauta:” Discutiu-se muito, os prós e os contras a respeito das viagens à lua; não ouvi ninguém argumentar que deveríamos ir à lua para poder ver a Terra de lá, de fora da Terra; depois de tudo, esta tem sido seguramente a verdadeira razão de termos ido à lua”.
Ao fazer esta experiência singular, o ser humano desperta para a compreensão de que ele e a Terra formam uma unidade e que esta unidade pertence a uma outra maior, à solar, e esta à outra ainda maior, a galáctica e esta nos remete ao inteirouniverso e o inteiro universo ao Mistério e o Mistério ao Criador.
“De lá de cima”, observava o astronauta Eugene Cernan,”não são perceptíveis as barreiras da cor da pele, da religião e da política que lá em baixo dividem o mundo.” Tudo é unificado no único planeta Terra”. Comentava o astronauta Salman al-Saud:“no primeiro e no segundo dia, nós apontávamos para o nosso país, no terceiro equarto para o nosso continente; depois do quinto dia tínhamos consciência apenas da Terra como um todo”.
Estes testemunhos nos convencem de que Terra e Humanidade formam de fato um todo indivisível. Exatamente isso foi escrito por Isaac Asimov num artigo no The New York Times de 9 de outubro de1982 por ocasião dos 25 anos do lançamento do Sputnik que foi o primeiro a dar a volta à Terra. O título era:”O legado do Sptutnik: o globalismo”. Ai dizia Asimov:”impõe-se às nossas mentes relutantes a visão de que Terra e Humanidade formam uma única entidade”. O russo Anatoly Berezovoy que ficou 211 dias no espaço afirmou a mesma coisa. Efetivamente não podemos colocar de um lado a Terra e do outro a Humanidade. Formamos um todo orgânico e vivo. Nós humanos somos aquela porção da Terra que sente, pensa,ama, cuida e venera.
Contemplando o globo terrestre presente em quase todos os lugares, Irrompe, espontaneamente em nós, a percepção de que apesar de todas as ameaças de destruição que montamos contra Gaia, o futuro bom e benfazejo, de alguma forma, está garantido. Tanta beleza e esplendor não podem ser destruídos. Os cristãos dirão: Esta Terra é penetrada pelo Espírito e pelo Cristo cósmico. Parte de nossa humanidade por Jesus já foi eternizada e está no coração da Trindade. Não será sobre as ruinas da Terra que Deus completará a sua obra. O Ressuscitado e seu Espírito estão empurrando a evolução para a sua culminância.
Uma moderna legenda dá corpo a esta crença: “Era uma vez um militante cristão do Greenpeace que foi visitado em sonho pelo Cristo ressuscitado. Este o convidou para passearem pelo jardim. O militante acedeu com grande entusiasmo. Depois de andarem por longo tempo, admirando a biodiversidade presente naquele recanto, perguntou o militante:”Senhor, quando andavas pelos caminhos da Palestina, disseste, certa feita, que voltarias um dia com toda a tua pompa e glória. Está demorando demais esta tua vinda!. Quando, finalmente, retornarás de verdade, Senhor? Depois de momentos de silêncio que pareciam uma eternidade, o Senhor respondeu:”Meu irmãozinho, quando minha presença no universo e na natureza for tão evidente quanto a luz que ilumina este jardim; quando minha presença sob a tua pele e no teu coração for tão real quanto a minha presença aqui e agora; quando esta minha presença se tornar corpo e sangue em ti a ponto de não mais precisares pensar nela; quando estiveres tão imbuído desta verdade que não mais perguntarás insistentemente como estás perguntando agora, então, meu irmãozinho querido, é sinal de que eu terei retornado com toda a minha pompa e com toda a minha glória”.
Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor, autor de O Tao da Libertação,Vozes 2012.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

A Igreja e o direito à vida

Muito antes de se falar em direitos humanos, a Igreja já defendia os direitos humanos. Podemos dizer que o maior dos direitos humanos é a vida. Deus é o Deus e Senhor da vida. Jesus Cristo que é a autocomunicação de Deus defende a vida. Em sua vida prática se colocou permanentemente a favor dos pobres e oprimidos. Ele mesmo pede respeito pela casa do Pai. A história da Igreja nos dá a esperança de alcançarmos um mundo melhor. O maior presente que temos, a Igreja Católica traz os benefícios que necessitamos para nos salvar. Ela está ao nosso lado. Mas precisamos também dar nossa contribuição para o mundo ser melhor. O Evangelho cobre todos os direitos humanos. Direitos humanos sem Evangelho é nada. A Palavra de Deus já contém todas as verdades que precisamos pois nossa luta é vazia sem o Evangelho de Jesus cristo. 

Um certo Rei de um certo Reino...


Sobre o Reino de Cristo...
Seu Reino é o mesmo Reino do Pai. É no Filho amado que o Reino se manifesta, porque no Filho, no Seu modo de ser e viver o Pai Se manifestou plenamente! Quem vê Jesus, vê o Pai reinando. Assim, dizer Reino de Deus e Reino de Cristo é quase a mesma coisa. Com uma diferença, apenas: o Reino de Deus se manifesta plenamente em Cristo quando da Sua ressurreição e será consumado no final dos tempos, quando Cristo cristificar em glória todas as coisas e tudo entregar ao Pai, para que Deus, o Pai, seja tudo em todos.
Quanto ao Reino de Cristo, ele é como a semente semeada no chão do mundo, mais precisamente, no chão do seu coração: pode cair na beira do caminho e ser levado pelos pássaros da sua distração, do seu pouco caso... E aí, então, esse Reino bendito será levado da sua vida... Você perderá o Reino... Pode também cair num coração superficial, como a semente caída na terra rasa: neste caso, cresce logo, em tantos entusiasmos de doação, amém e aleluia... Mas, é um reinozinho de momento: logo cresce, logo seca... Também, esse Reino, pode cair num coração preocupado com mil coisas, sobretudo consigo mesmo: pobre Reino: crescerá e logo será sufocado! Pobre você, que matou o Reino... Finalmente – tomara! –, pode num terreno fecundo de um coração bom! Aí vem o fruto: trinta, sessenta, cem por um! O Reino frutificou porque entrou em você! Feliz de você: se o Reino de Cristo entrou em você, você entrou no Reino de Cristo aqui e por toda a eternidade!
O Reino de Cristo parece tão fraco, tão sufocado como o trigo plantado por ele, perdido no meio do joio deste mundo... Desanime não! Descreia não! Duvide não! Um dia – naquele Dia – esse joio vai ser juntado e jogado fora, queimado, eliminado para sempre! Só o trigo, fruto da boa semente caída e frutifica no bom coração, permanecerá por toda a eternidade! Espere, confie! Você vai ver! É assim o Reino do Cristo: presente, potente, mas só no fim aparecerá sem ambiguidade alguma! – Que venha o Teu Reino Senhor Jesus! Que se manifeste logo com toda a clareza! Passe este mundo e venha a Tua graça!
O Reino de Cristo? Parece de nada, parece insignificante, parece tão pequenininho como um grão de mostarda! Mas, não se iluda: ele está presente no mundo: foi plantado naquela cruz, naquele sepulcro e começou a brotar naquela madrugada de domingo. Esse Reino vai crescendo, crescendo, não por minha força, não por sua força, pela força do próprio Espírito do Senhor... Crescendo, crescendo... E um dia será como uma ramagem tão frondosa que as aves todas, a humanidade inteira poderá abrigar-se nos seus ramos! Nós todos haveremos de ver! É esperar, é desejar, é caminhar para este Dia bendito! Mas, tenha paciência, que a mostarda não cresce de vez, não se desenvolve de um dia para a noite! Paciência e certeza! O nome disto é esperança! Afinal, Quem prometeu é fiel!
Já viu alguém colocando um tiquinho de fermento na massa? Pois assim é o Reinado de Cristo! Pouquinho... Mas, penetra, impregna esse mundo massificado, esse mundo cão! Ninguém pode contar, ninguém pode calcular, ninguém pode dizer “ei-lo aqui, ei-lo ali!”... Mas, está presente, atuante, potente, levedando a massa deste mundo! Preste atenção! Tenha cuidado: “O Reino de Deus trazido por Cristo já está no meio de nós e age na potência do Espírito! É o Espírito a presença, é o Espírito a energia, é o Espírito a potência, é o Espírito o fermento! Dizer: Reino de Cristo presente é o mesmo que dizer Espírito de Cristo atuando! Dizer “venha o Teu Reino” é dizer “venha o Teu Espírito”!
Cristo reinando no seu coração é o tesouro da sua vida, é o tesouro escondido até que você tome consciência Dele e para Ele se abra sem medo nem reservas. Até quando você demorará a descobrir, a experimentar que Ele é a pérola de grande valor, a mais bela de todas, daquelas de encher a vista e encantar o coração? Quem deixa o Senhor Jesus reinar na sua vida, encontra o tesouro escondido, compra a pérola mais valiosa de todas! Não tenha dúvida!
Ah, mas que demora, demora! Há dois mil anos esperamos! E o mundo vai de mal a pior, vai se paganizando; parece até uma nau sem rumo, um mundo sem Deus, casa sem dono, reino sem rei! E a Igreja? É cada tipo de cristão, é cada figura, cada escândalo! Não se iluda não! O Reino de Cristo é como rede jogada no mar: pega todo tipo de peixe: vem de tudo! Mas, a rede está sendo puxada! Pouco a pouco Alguém vai puxando a rede do mundo, da Igreja. Um Dia – Dia bendito, Dia santo, Dia sem fim! – essa rede chegará à praia do mar da vida. E então, os peixes bons serão recolhidos nos cestos do Coração do Rei... E – você verá! – o peixe ruim será jogado fora... Se você compreender esta coisas, será feliz! Cristo, o Rei, garante!

 


Escrito por Dom Henrique 

Jesus é o Senhor


Reflexões de Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém do Pará

BELÉM DO PARÁ, terça-feira, 27 de novembro de 2012(ZENIT.org) - A cena do julgamento foi bem preparada, começando nas tramas e armadilhas urdidas contra Jesus. Tudo serviu para compor o drama, dentro de um quadro bem definido no jogo do poder. Alguém devia ser eliminado! De fato “os sumos sacerdotes e os fariseus reuniram o sinédrio e discutiam: ‘Que vamos fazer? Este homem faz muitos sinais. Se deixarmos que ele continue assim, todos vão acreditar nele; os romanos virão e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação’. Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdote naquele ano, disse: ‘Vós não entendeis nada! Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira’? Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus iria morrer pela nação; e não só pela nação, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos” (Jo 11,47-51).
Jesus está diante de Pilatos (Jo 18,33-37), a multidão pede sua morte, as autoridades conspiram. Prefere-se Barrabás a Jesus. E este Jesus se proclama Rei! Aos olhos de todos, é um rei bufão. Está vestido com um manto vermelho certamente esfarrapado, sobre a cabeça uma coroa de espinhos e seu cetro é uma cana. Ridículo! Terão dito os passantes! No entanto, ele diz ser Rei e que seu Reino não é deste mundo! Há que se posicionar a favor do trono representado por Pilatos, ou daquele que, sendo Rei parece apenas fazer parte de uma comédia de mau gosto.
Mesmo distantes da cena, demos um jeito de entrar no palco ou na plateia. Ali, há dois mil anos os homens e mulheres de todas as línguas, povos e nações, podem participar e passar da comédia à tragédia, desta às ruas, dali à crua realidade do Calvário, diante do abandonado crucificado, para aguardar ansiosos a manhã da Ressurreição e proclamar que Ele é Rei e Senhor. Ninguém fique de fora.
De quem foi a vitória entre o Reino de Jesus e o Reino representado por Pilatos? Muitos poderes se iludiram nestes mais de vinte séculos, ao pretenderem escrever a palavra “fim” no processo chamado “Jesus”, pensando tê-lo liquidado culturalmente ou politicamente. Reinos políticos ou filosofias se alternaram na tentativa de reduzi-lo a personagem marginal da história, mas a pedrinha profetizada por Daniel (Dn 2,34s) não cessa de atingir, uma depois da outra, as muitas estátuas de argila que são os impérios terrenos, e estes ruíram estrondosamente (cf. Raniero Cantalamessa, La Parola e La Vita, Città Nuova, Roma 1990, Pág. 353). Sem adesão a ele, mais cedo ou mais tarde todos caem!
O confronto continua e não é possível buscar uma conciliação fácil e superficial entre Jesus, que é Rei e Senhor, com o espírito do mundo. Seu Reino continua não sendo do mundo, mas ele veio para ser Rei, para dar testemunho da verdade e provocar todas as pessoas, a fim de que escutem sua voz e tomem partido da verdade. Quando Pilatos lhe perguntou, em meio a distraído muxoxo, “que é a verdade?”, nem suspeitava que em Jesus se realizasse a palavra: “foi-lhe dada a soberania, a glória e a realeza. Todos os povos, nações e línguas hão de servi-lo. Seu poder é um poder eterno, que nunca lhe será tirado e sua realeza é tal, que jamais será destruída (Dn 7,14)!
Aquele que era ridicularizado pelas autoridades e pela multidão dali a pouco, Cordeiro imolado, abriria o Livro da Vida. Ele “fez de nós um reino de sacerdotes para seu Deus e Pai, a ele a glória e o poder, pelos séculos dos séculos. Amém. Ele vem com as nuvens, e todo olho o verá – como também aqueles que o traspassaram. Todas as tribos da terra baterão no peito por causa dele. Sim. Amém! ‘Eu sou o Alfa e o Ômega’, aquele que é, que era e que vem, o todo-poderoso’ (Ap 1,6-8). Na oferta de sua vida, que tem nome de salvação, quis incluir a todos: “Pai, perdoai-lhes. Eles não sabem o que fazem” (Lc 23,34). E depois um dos ladrões lhe disse: ‘Jesus, lembra-te de mim, quando começares a reinar’. Ele lhe respondeu: ‘Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso’ ”(Lc 23,42-43). De fato, Jesus nos ama e nos libertou com o seu sangue. Esta é a Verdade oferecida a todos os homens e mulheres de todos os tempos, mesmo aqueles que o traspassaram ou os que carregam o fardo de seus muitos pecados!
Proclamar Jesus e reconhecê-lo Rei e Senhor, como faz a Igreja na Solenidade de Cristo Rei, tem consequências. É necessário fazer opções claras pelos valores do Reino de Deus e abandonar tudo o que a ele se opõe. Se o dinheiro, o poder, a vaidade e a insaciável busca de prazer ocuparem o espaço de nossas decisões cotidianas, tornando-se “deuses” – e falsos! – não haverá espaço para Jesus Cristo.
Faz-se cada dia mais necessário um caminho de discernimento, diante das “ofertas e oportunidades” que nos são oferecidas, como num grande mercado de religiões! Quem procura vantagens, confundindo Jesus Cristo com um fornecedor de carro do ano, casa nova, roupas de grife, oportunidades imediatas de emprego, elogios de todos, ou mesmo milagres fáceis como numa banca da feira da esquina, verá muito cedo a estátua de barro desmoronar.
Quem resolver crescer e fazer opções claras no seguimento de Jesus Cristo verá consolidada uma existência cheia de sentido, terá herança de dignidade e retidão para transmitir às gerações que se seguirem, terá construído sua casa sobre a rocha, proclamando que Jesus é o Senhor e vivendo sua Palavra (cf. Mt 7,21-27), no cumprimento da vontade de Deus, que liberta e salva.