Introdução
“Ninguém tira minhas ovelhas do meu rebanho. Elas me
escutam, eu as conheço e elas me seguem”. Por que ele é o verdadeiro pastor,
doa sua vida para que todos a tenham plenamente (Evangelho).
A 2ª
Leitura descreve o Cordeiro,
que é Jesus, sendo visto no meio do trono, será o seu pastor e os conduzirá às
fontes que brotarão água viva (cf. v. 17).
A 1ª Leitura fala das
cidades: Perge e panfília. PERGE: “Cidade
em Anatólia, na Turquia, no Sudeste da Ásia Menor. Foi outrora capital da
região da Panfília. Povoada pelos hititas por volta do ano 1500 a.C.” . PSÍDIA: “Foi uma cidade no que é hoje a
parte Oeste da Turquia Central” (v.14).
Não obstante a atitude
tomada pelas mulheres ricas e piedosas
de terem expulsado Paulo e Barnabé, há uma reação por parte dos ouvintes que,
aliás parece favorável, pelo menos como curiosidade em escutá-los. Dessa forma,
sente-se que a Palavra de Deus não encontra fronteiras, por isso alcança a
todos que se deixam orientar por ela.
Evangelho (Jo 10,27-30): É
bastante pertinente na Bíblia a cultura “pastoril”, isto é, “guardas de
rebanho”. Inclusive, quem é que não sabe que Jacó, Moisés, Davi foram pastores?
E é considerado bom pastor,
porque leva para as pastagens, além de ter a devida atenção a tantas outras
iniciativas, aquele que cuida com desvelo do seu rebanho.
Teologicamente falando,
Deus é chamado de “Pastor de Israel”, porque conduz o rebanho para as fontes de
águas cristalinas (cf. Sl 23,1).
No trecho do Evangelho de
hoje (Jo 10,27-30), Jesus retoma esta imagem do Antigo Testamento, aplicando-a
a si próprio, denominando-se “o verdadeiro pastor”. Eis porque o quarto domingo
da Páscoa é considerado como sendo o “domingo do Bom Pastor”.
Quando falamos de Jesus
como bom pastor, podemos descrever com a seguinte análise: Por que Jesus é bom
pastor?
- Porque vai em busca da “ovelha desgarrada” (Lc 15,4-8);
- Porque não tem medo de lutar, a ponto de dar a própria vida pelo rebanho
que ele ama (Jo 10,11);
- Porque – ele é o Cordeiro que teve sua própria vida sacrificada,
conforme é salientado na segunda leitura de hoje.
E suas ovelhas, quem são
elas? São todas e todos os que têm a
coragem de segui-lo neste dom da vida em favor dos irmãos.
Poderíamos
ainda perguntar: Como é possível que
alguém se torne membro do rebanho que segue a Jesus? O texto do Evangelho
deste domingo nos revela que a iniciativa de segui-lo não é nossa: é ele quem
nos chama: As minhas ovelhas escutam a minha
voz e eu as conheço e elas me seguem (v. 27).
Atenção: Tenhamos o cuidado
para não sermos enganados por muitos que se apresentam dizendo-se ser
“pastores”, que prometem “salvar a pátria de hoje para manhã”, ou seja,
garantindo “felicidade já” e convidam para segui-los.
É fácil cair no engodo “dos
charlatães”, “dos mercenários”, “dos comerciantes”,
“dos anestesistas das consciências”. Como conseguir identificar, entre tantas
vozes, aquela do “verdadeiro pastor”? Estudando a Bíblia, fazendo a “leitura
orante”; conhecendo as Igrejas e os seus pastores, para poder fazer a
verdadeira síntese sobre eles. Quanto à nossa Igreja, olhe para o seu
itinerário de vida, partindo desde a vida dos apóstolos e das Primeiras
Comunidades Cristãs, procurando perceber a sua experiência autêntica de
fidelidade a Jesus Cristo e à vida dom de Deus. “É preciso apurar os ouvidos”
sempre, e não uma vez só por ano.
Jesus não promete vida
fácil, sucesso, não. Por isso não é fácil confiar nele. Exige o dom de si
mesmo, a renúncia à busca irrefletida, tonta e desenfreada do próprio interesse;
pede, inclusive, o sacrifício da própria vida em favor dos irmãos, os
marginalizados, os “sobrantes” da vida. Se não buscarmos este caminho que
conduz à “vida eterna” (vv. 28-29), certamente não chegaremos lá, porque não há
atalhos.
Como identificar a voz do
verdadeiro pastor? Quais são eles? O Papa, os bispos, os padres, os verdadeiros
catequistas e animadores de comunidades. Só esses? Não! E outros, de outras
categorias? Não será também “bom pastor” quem ensina e vive o amor a Deus e aos
irmãos: Por exemplo, os pais, os jovens, os mestres, as nossas benzedeiras,
inclusive os que pertencem às Igrejas que “não professam o nosso credo”.
O trecho termina com as
seguintes palavras: “Eu e o Pai somos um” (v. 30). É necessário que nos
tornemos “um” com Cristo. É preciso haver unidade de projeto, de ações com ele.
E mais ainda: é preciso que haja a verdadeira “comunhão e participação” entre o
povo de Deus, leigos, padres, diáconos, religiosos, bispos, Papa. Seguindo
juntos o Pastor por excelência, o Primeiro e Verdadeiro que é Jesus Cristo, estaremos
formando “um” com o Eterno Pai. Assim, sim, seremos verdadeiros e honestos
pastores, no querer de Deus e da comunidade. Amém!
2ª leitura (Ap 7,9.14-17)
Nesse texto, João procura responder ao leitor que Deus, ao
longo da história, manteve sua fidelidade, perseverando e salvando todos os que
apostaram no seu projeto de vida. Assim foi ontem, é hoje e será sempre.
Alguns detalhes são válidos
serem lembrados, tais como: a) “multidão incalculável...”: É uma comunidade
universal, isto é sem fronteiras; b) “vestes brancas” e “palmas na mão”: tudo
enfim, significa sinal de vitória de Cristo Ressuscitado; “alvejaram suas roupas
no sangue do cordeiro”: significa a resistência ativa diante das perseguições;
é consequência do testemunho. Todas essas imagens, em seu conjunto, significam
que a perseguição e os sofrimentos não têm a última palavra, não são a
realidade última do ser humano. “Deus enxugará toda lágrima” (Ap 7,17). Assim
sendo, diante do Pastor-Cordeiro há uma multidão vinda de todas as culturas.
1ª leitura (At 13,14.43-52)
Lucas quer lembrar a preocupação que têm os discípulos e
missionários e evangelizadores rompendo definitivamente a sinagoga e o
consequente corajoso encontro com os pagãos.
Eles partem em direção aos
pagãos, levando como proposta a Palavra de Deus. Há uma grande perspectiva em
torno da Palavra, por causa de sua força. Duas reações são suscitadas por causa
do anúncio do Evangelho: a reação dos judeus e a dos pagãos. Determinados
judeus, enciumados, perderam a possibilidade das promessas salvadoras, buscando
injuriar os missionários, negando ainda a importância da Palavra. Enquanto que,
a reação dos pagãos é absolutamente oposta à dos judeus. Acolhem com satisfação
e bastante receptividade.
Não obstante a terrível perseguição,
os discípulos não se sentem desanimados, não desistem da missão, pelo
contrário, a fortalece. “Estavam cheios de alegria e cheios do Espírito Santo”
(cf.. 1 Ts 1,6).
Para refletir:
- Já pensamos que tipo de ovelhas somos nós e são também os outros?
Cuidado para que a nossa concepção cristã e pastoral não massifique, a ponto de
deixarmos as ovelhas mais carentes no anonimato da vida.
- Como temos vivido o nosso cuidado de pastor e pastora em nossas
realidades, por exemplo: trabalho?, família?, comunidade? No dia-dia “com
qualquer um”? (Fonte: Pascom, Nova Cruz)