Prova Brasil avaliará ciências a partir deste ano
6/02/2013
O governo federal vai
introduzir neste ano, de forma amostral, questões de ciências na Prova
Brasil, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo o ministro
da Educação, Aloizio Mercadante. Hoje, o exame, que é aplicado aos
alunos de 5.º e 9.º ano do ensino fundamental e 3.º ano do ensino médio
das redes públicas do País, avalia português e matemática.
“Num primeiro momento, (a medida) não
terá o objetivo de interferir na nota do Ideb (Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica), mas será a preparação para isso. A Prova Brasil do
5.º e do 9.º ano (do ensino fundamental) terá ciências também”, disse. O
Ideb combina o resultado do desempenho dos estudantes em avaliações
(Prova Brasil/Saeb) com a taxa de aprovação.
A Prova Brasil é uma avaliação em larga
escala do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep), aplicada a cada dois anos em escolas públicas urbanas e
rurais que possuem turmas de 20 ou mais estudantes. O objetivo é
avaliar o sistema educacional, analisando o desempenho de alunos,
docentes e servidores.
As escolas são selecionadas pelo Inep
com base em dados do Censo Escolar. As provas são formadas por quatro
blocos – dois de língua portuguesa e dois de matemática. Não são
divulgados resultados individuais dos estudantes, já que o objetivo é
avaliar a unidade e o sistema de ensino.
Simulado
Mercadante também afirmou que o Inep
está disposto a apoiar todas as prefeituras que quiserem promover
simulados da Prova Brasil. “Teremos uma avaliação pedagógica que
indicará onde a escola está bem, onde não está. Estamos dispostos a
apoiar todo mundo que quiser fazer simulado. Vamos colocar as questões à
disposição e ajudar a viabilizar as provas.”
No caso do ensino médio, o MEC quer
substituir a Prova Brasil/Saeb, amostral, pelo Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem). Questionado sobre o assunto, o ministro disse que “as
administrações públicas, as secretarias de Educação e os estudantes já
trocaram” a Prova Brasil/Saeb pelo Enem na avaliação do ensino médio.
“Já trocaram porque é concreto: a escola coloca ou não o estudante em
uma federal, no ProUni (Programa Universidade para Todos), no Ciência
sem Fronteiras, nas cotas. Esse vai ser o debate, não tem outro”,
afirmou.
O ministro considerou “bobagem”as
críticas de que o governo estaria tentando “maquiar” a avaliação do
ensino médio, após o resultado do Ideb do ensino médio apontar para uma
estagnação – o índice foi de 3,6 (Ideb 2009) para 3,7 (2011). “O Enem
hoje é o foco dos estudantes do ensino médio, é o que define a vida
deles. É para onde os pais estão olhando, para onde a escola está
olhando.”
Mercadante também elogiou o parecer do
Conselho Nacional de Educação (CNE) que flexibiliza a Lei Geral da Copa e
autoriza as escolas de todo País a manterem suas atividades durante o
campeonato. O texto determina que os sistemas de ensino “deverão ajustar
os calendários escolares” de forma que o período de férias compreenda
todo o período do Mundial. “Não tem Copa em todas as cidades nem todos
os jogos são prioridade. Temos de mostrar que educação é prioridade.”
Debate
A inclusão de ciências na Prova Brasil –
o que deixará o exame mais parecido com o teste do Programa
Internacional de Avaliação (Pisa) – é vista com bons olhos por
especialistas consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo. No entanto,
alguns deles criticam a falta de debate sobre como os assuntos deveriam
abordados no exame. “A discussão não aconteceu até hoje, nem mesmo com a
definição das matrizes curriculares de português e matemática”, diz
Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Especialistas também questionam a não
inclusão de outras disciplinas na avaliação. “Por que não incluir de
forma amostral história e geografia?”, questiona Alexandre Oliveira, da
consultoria Meritt Informação Educacional. O ideal, segundo Marcio da
Costa, professor da Faculdade de Educação da UFRJ, é que a matriz
funcione como um indutor do próprio currículo do ensino básico.
“Queremos finalizar até julho as diretrizes de ciências e esperamos que o
MEC se guie por esse estudo”, diz José Fernandes de Lima, presidente do
Conselho Nacional de Educação (CNE). As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Autor: Estado de S. Paulo
Fonte: Undime