quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

"A mais fiel de todas as companheiras da alma é a esperança" (pe. Antonio Vieira). 

Mais um ano

O ano de 2012 chega ao seu término, com sua face própria para as pessoas e para as instituições. Dessa maneira, inscreve-se no calendário pessoal e institucional mais um capítulo de sua história. Ninguém desconhece a significação de sua própria história, em cujas páginas situam-se fatos que devem ser preservados e, por isso, são alegremente lembrados, e tantos outros que devem ser deletados e, assim, são jogados na lixeira do tempo. Há muitas referências a serem consideradas, no contexto do fim de um ano e de início de outro. Entre essas referências principais na vida das pessoas, com certeza, estão a família, a saúde, a educação, o trabalho, o lazer, a paz, a fé que são valores universais. Ninguém se realiza, plenamente, se lhe faltam essas referências que dizem respeito à sua individualidade, à sua condição de ser em permanente relacionamento com os semelhantes, à sua atividade produtiva, à convivência harmoniosa em seu ambiente e à sua ligação com um ser superior que, para os cristãos, é Deus, Trindade Santíssima.
Nem sempre as pessoas têm consciência da linguagem que está contida nessas referências, por isso não lhes dão a necessária atenção, a ponto de não extraírem delas as lições que contêm. Vendo-se na sua individualidade, as pessoas haverão de identificar elementos que contribuíram para o seu amadurecimento humano, para seu crescimento intelectual, sua afirmação profissional, sua realização religiosa. Todavia, em razão das circunstâncias, há pessoas que veem a face de sua vida, às avessas, e, dessa maneira, não se sentem realizadas, sob muitos aspectos. Chegar ao fim de um ano, nessa situação, representa um peso e um desgaste muito grandes em sua vida.
Em termos de calendário civil, a população brasileira tem um ano a mais pela frente, com expectativas e desafios; em termos de calendário político-eleitoral, os cidadãos brasileiros, na verdade, têm quatro anos pela frente, considerando-se o início do mandato dos prefeitos e vereadores que assumem suas funções no dia 1º de janeiro. Com certeza, a mudança pra melhor na qualidade de vida dos munícipes será a nota predominante no discurso de posse dos novos gestores municipais; essa afirmação, provavelmente, não terá confirmação, na maioria das administrações. Sem uma concepção e uma prática de gestão cidadã não haverá mudança substancial no perfil dos Municípios brasileiros. Isso será visível aos olhos da população, a começar pela composição do quadro dos auxiliares no poder executivo e legislativo. Em que pese a proibição da legislação, o nepotismo estará identificado em muitas administrações municipais, num desrespeito à cidadania; o clientelismo ainda prevalece, em muitos casos, com o emprego de pessoas próximas e amigos do gestor em centenas de cargos comissionados, ao invés de se privilegiar a sua ocupação pela via do concurso público que, de forma transparente, tem o mérito como critério de acesso ao serviço público. Não obstante uma maior conscientização da sociedade, uma fiscalização técnica mais rigorosa, a corrupção ainda fará estragos nos Municípios cujas sequelas serão facilmente enxergadas nas comunidades mais carentes da população.
Um ano a mais pesa, significativamente, na vida das pessoas e das instituições públicas e privadas, pelo registro positivo ou negativo de sua história. Que a fé e a cidadania coloquem as pessoas nos caminhos de Deus e do povo, em 2013!
Dom Genival Saraiva de França é Bispo da Diocese de Palmares - PE; Presidente da Conferência Nacional de Bispos Regional Nordeste 2 (CNBB NE2), Responsável pela Comissão Regional de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz; Diretor presidente do Conselho de Orientação do Ensino Religioso do Estado de Pernambuco (CONOERPE); Membro efetivo do Conselho Econômico da CNBB NE2.

Cuba

Cuba: menor taxa de mortalidade infantil da América em 2012, incluindo Canadá e EUA - 4,6 para cada mil recém-nascidos. 
(Frei Beto)

Desmatamento continua

No fim do 2012, a organização não governamental Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) divulgou que o desmatamento da maior floresta tropical do mundo continua a fazer seus estragos, apesar de dados do Prodes apontarem recuo entre agosto de 2011 e julho de 2012, época em que foram derrubados 4.600 quilômetros quadrados, a menor taxa registrada desde o início das medições, em 1988.
Entretanto, os satélites do Imazon detectaram que entre agosto e novembro de 2012 foram desmatados 1.206 quilômetros quadrados, um aumento de 129% em relação ao mesmo período do ano anterior (agosto de 2011 e novembro de 2011), quando foram desmatados 527 quilômetros quadrados. Pará lidera o ranking (51%), seguido por Mato Grosso (21%), Rondônia (13%) e Amazonas (12%). Esses quatro estados concentram 97% da destruição da Amazônia Legal no período monitorado.
Somente em novembro de 2012 foram derrubados 55 quilômetros quadrados da Amazônia Legal, o que equivale a um incremento de 258% se comparado com o mesmo mês de 2011. O estado mais afetado em novembro do ano passado foi o Pará, contribuindo com 42% do total registrado, seguido por Rondônia (25%) e Amazonas (24%). Também foram identificados desmatamentos em Roraima (4%) e Tocantins (1%).
Outro dado importante se refere à degradação florestal, que entre agosto e novembro de 2012 afetou 711 quilômetros quadrados. Mas ela diminuiu 45% se comparada ao mesmo período do ano anterior, quando foram computados 1.285 quilômetros quadrados degradados.
Para frear a destruição desta riqueza incalculável, o Greenpeace e demais organizações e movimentos sociais propõem a Lei do Desmatamento Zero. Participe você também, assine e compartilhe a petição e faça coro por um Brasil com florestas. (Fonte: Imazon)

Texto do nosso Pároco: Padre Matias



Onde estão os novos Reis Magos?
O Cristianismo é uma religião que, no seu surgimento, absorveu os elementos das culturas circundantes. Tenhamos a preocupação de ler as missivas do Novo Testamento tendo em vista esta peculiaridade. Lendo o capítulo 2 do evangelho de São Mateus, vemos como esta influência, se não bem inteligida, torna pesante o que para nós cristãos é de fundamental importância para a experiência de fé que desejamos ter com as celebrações que a liturgia da Igreja nos proporciona para a contemplação do mistério e o fortalecimento desta fé. Com a leitura do novo volume do papa Bento XVI, no capítulo 4, podemos ter uma reflexão densa de quem poderia ser aqueles Reis Magos que “foram ao encontro de Jesus para homenageá-lo” (cf. Mt 2,2). As interpretações dos elementos históricos postos na narrativa não se tornam anacrônicos porque existe uma preocupação, “cujo significado foi teologicamente interpretado pela comunidade judaico-cristã”, afirma Joseph Ratzinger, citando outro grande teólogo, Jean Danielou (Pág. 99). E se observarmos o capítulo, o Pontífice segue esta perspectiva teológica.
Como a fé toma a sua forma visível sempre na comunidade cristã, portemos a questão central da presença dos Reis Magos para a atualidade com as seguintes provocações: Onde estão os novos Reis Magos que visitam Jesus para homenageá-lo? Quem são eles? Quais são suas motivações? Por quem são enviados? Parece-me que no novo cenário, visualizar este fenômeno exige muito mais de nós. Na contemporaneidade muitas pessoas passam por uma profunda crise de fé (cf. Porta Fidei, 2). Para pensar metaforicamente a presença dos “novos magos”, temos que realmente pensar, não na autentica experiência de fé, como a fizeram, Maria e José, e que continua presente de forma autentica na vida de muitos cristãos, mas sim, no modo como o ser humano contemporâneo vive uma forma superficial, espiritualizante e até charlatã da sua relação com o transcendente. Estas expressões são vistas e apresentadas de diversos modos na cultura Posmoderna, através da literatura, filmes, magia negra, filosofias, artes e, mais enfaticamente, em tendências religiosas, que temos que deixar claro, não podem ser confundidas, nem equiparadas, com a lógica cristã da apocalíptica, como tão bem pensaram e dialogaram sobre, os grandes Umberto Eco e o Carlo Maria Martini no texto: “Em que crêem os que não crêem?”.
Os Magos do tempo de Jesus ofereceram ouro, incenso e mirra. O reconheceram como o Rei (ouro), o Filho de Deus (incenso) e o mistério da Paixão (mirra), pela qual iria passar. Diferente da interpretação teológica que foi dada pela comunidade cristã mateana, na atualidade, devido à tentativa de ofuscamento do Deus revelado em Jesus Cristo, pensado, estrategicamente, pelas tendências relativistas e agnósticas, que vão desembocar no niilismo antropológico da modernidade, a impostação é diferenciada. Sem dúvida, é na instigação e virulência do consumismo que os novos Magos surgem de modo atualizado. O mercado e as pessoas já não homenageiam ao Menino Jesus; mas, muito mais, aos deuses pagãos e fantásticos que alimentam o inconsciente coletivo de mentiras e alucinações. Vejamos que nestes momentos celebrativos o objetivo, teórico e pragmático, das tendências mercadológicas são mais fortemente enfatizadas. Os Magos de hoje não são capazes de mudar o caminho; eles voltam para adorar outros reis.
Por fim, que a nossa vida cristã, aproveitando este Ano da Fé, possa ser realmente um meio para que neste tempo extraordinário para apresentarmos ao Menino Jesus nossos melhores dons, conscientes de que, não somos nós que O oferecemos nada, mas Ele que é o nosso maior e melhor Presente. Assim o seja!    

Pe. Matias Soares
Pároco de S. J. de Mipibu e Vig. Episc. Sul.            

De olho em nossa história

Nos últimos 30 anos a cidade não avançou em direção ao progresso. De lá até aqui existem saldos significativos de pobreza, miséria, perseguição, fome, desemprego, desesperança. Esqueceram o ser humano, seus valores, suas tradições. Tudo isso foi uma construção histórica e negativa. Podemos ver que a ausência de democracia possibilita estragos na vida da comunidade. Quem sabe, um dia essa geração de estudantes( do meio popular) que são promovidas pela aquisição do conhecimento não resolve esse atraso selvagem que nos sufoca. Um povo sujeito de sua história não fica refém da miserabilidade econômica e política. Pelo contrário, luta com dignidade até o fim sem ter vergonha de suas raízes históricas. Um povo assim, permanecerá fiel aos parâmetros da verdade e da justiça.
Nesse sentido, não precisamos de uma educação de autoajuda mas de uma escola cidadã que possibilite a formação de homens e mulheres conscientes de seu papel na direção da sociedade. Que a pobreza absoluta não possa reinar  nem ser autora de nossa história.
(Carlos: é do Movimento Fé e Luz)

IHA revela que os adolescentes negros do sexo masculino são as principais vítimas de homicídios no Brasil

Brasília/Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2012 – A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Observatório de Favelas e o Laboratório de Análise da Violência, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-Uerj) divulgaram hoje os novos dados do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA). O estudo apresenta, em sua quarta edição, dados relativos aos anos de 2009 e 2010. O IHA permite estimar o risco de adolescentes, com idade entre 12 e 18 anos, perderem a vida por causa de assassinatos.
Os novos dados do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) revelam que, para cada mil pessoas de 12 anos, 2,98 serão assassinadas antes de completar 19 anos – o que representa um aumento em relação a 2009, quando o índice foi de 2,61. O relatório traz os números de 2009/2010.
A partir desse índice, é possível estimar que, se as condições que predominavam em 2010 não mudarem, 36.735 adolescentes serão vítimas de homicídio até 2016 – população equivalente, em termos de comparação, a uma cidade de médio porte, como Jundiaí (SP) ou Pelotas (RS).
O IHA foi lançado em 2009 e pretende estimar o risco que adolescentes, com idade entre 12 e 18 anos, têm de perder a vida por causa da violência. O estudo avalia ainda fatores que podem influenciar esse risco, como raça e gênero, além da idade e meio (arma de fogo). O IHA pretende ser um instrumento para contribuir com o monitoramento desse fenômeno e, também, com a avaliação de políticas públicas, tanto municipais quanto estaduais e federais.
O cálculo dos riscos relativos confirmou a influência de sexo, cor, idade e meio utilizado no homicídio na probabilidade de ser vítima de assassinato. Em 2010, os adolescentes do sexo masculino apresentavam um risco 11,5 vezes superior ao das adolescentes do sexo feminino, e os adolescentes negros, um risco 2,78 vezes superior ao dos brancos. Por sua vez, os adolescentes tinham um risco 5,6 vezes maior de ser atingidos por arma de fogo do que por qualquer outro meio.
O IHA expressa, para um universo de mil pessoas, o número de adolescentes que, tendo chegado à idade de 12 anos, não alcançará os 19 anos porque será vítima de homicídio. Por outro lado, estima o número de homicídios que se pode esperar ao longo de sete anos (entre os 12 e os 18 anos) se as condições não mudarem.
Hoje, os homicídios representam 45,2% das causas de morte dos adolescentes brasileiros, enquanto para a população total correspondem a 5,1%. Segundo o último levantamento do IBGE (2010), aproximadamente 13% da população brasileira é composta por adolescentes com idade entre 12 e 18 anos.
Desenvolvido pela SDH, o UNICEF e o Observatório de Favelas, em parceria com o LAV-Uerj, o IHA está inserido no contexto do Programa de Redução da Violência Letal Contra Adolescentes e Jovens (PRVL).
Em 2010, o estudo avaliou 283 municípios do Brasil com mais de 100 mil habitantes. O município de Itabuna, na Bahia, lidera o ranking de homicídios contra adolescentes entre as cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes, com 10,59 mortes para cada grupo de mil adolescentes. Em seguida, aparecem os municípios de Maceió (AL), com 10,15, e Serra (ES), com 8,92.
Ranking do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) dos municípios com mais de 200 mil habitantes (2010)
Posição Município UF IHA 2010 Número total esperado de mortes entre 12 e 18 anos
1 Itabuna BA 10,59 261
2 Maceió AL 10,15 1.214
3 Serra ES 8,92 452
4 Ananindeua PA 8,89 566
5 Salvador BA 8,76 2.613
6 Feira de Santana BA 8,39 585
7 Vitória da Conquista BA 8,13 313
8 Vitória ES 8,04 275
9 Foz do Iguaçu PR 7,83 273
10 Marabá PA 7,39 254
11 Cariacica ES 7,12 306
12 Vila Velha ES 7,04 320
13 João Pessoa PB 6,87 578
14 Maracanaú CE 6,46 194
15 Duque de Caxias RJ 6,35 196
16 Camaçari BA 6,35 689
17 Olinda PE 6,13 266
18 Porto Alegre RS 6,06 858
19 Viamão RS 6,04 183
20 Belém PA 5,90 1.025
Série histórica
Ao analisar a evolução do índice desde a sua criação, nota-se que o valor do IHA para o Brasil em 2005 foi de 2,75 mortes para cada grupo de mil adolescentes. Houve redução nos valores do índice até 2007 e estabilidade em 2008 e 2009. Já em 2010 o IHA aumentou significativamente, alcançando o patamar mais elevado da série (2,98).

Programa de Redução da Violência Letal Contra Adolescentes e Jovens (PRVL)
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) trabalha com foco nas ações prioritárias da Agenda Social Criança e Adolescente, lançada em outubro de 2007, que estabelece o Compromisso Nacional pela redução da violência contra crianças e adolescentes firmado pela União com municípios, Estados e Distrito Federal. Uma das ações promovidas pela SDH, por meio do Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM), é a parceria para a implementação do Programa de Redução da Violência Letal Contra Adolescentes e Jovens (PRVL).
O PRVL é realizado em conjunto pela SDH, o UNICEF e Observatório de Favelas, que coordena o trabalho desenvolvido em parceria com o Laboratório de Análise de Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-Uerj). O Programa de Redução da Violência Letal (PRVL) visa à promoção de ações de sensibilização, à articulação política e à produção de mecanismos de monitoramento, no intuito de assegurar que as mortes violentas de adolescentes e jovens sejam tratadas como prioridade na agenda pública. Com o objetivo de contribuir para a difusão de estratégias pautadas na valorização da vida, o PRVL foi pensado a partir de três eixos:
  • Articulação Política – prevê ações de articulação nacional e de mobilização de diferentes atores sociais nas regiões envolvidas.
  • Produção de Indicadores – na tentativa de acompanhar de modo continuado a evolução dos homicídios entre adolescentes, o PRVL criou o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA).
  • Sistematização de Experiências – envolve o levantamento, análise e difusão de metodologias que contribuem para a prevenção da violência e, sobretudo, para a redução das taxas de letalidade de adolescentes e jovens no Brasil.
O PRVL contou com pesquisadores para realizar o levantamento de ações públicas e práticas sociais de prevenção à violência, buscando identificar, em 16 regiões metropolitanas com altos índices de letalidade, iniciativas que possam orientar políticas públicas abrangentes nesta área.
Regiões metropolitanas: Belém (PA); Belo Horizonte (MG); Brasília (DF); Curitiba (PR); Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Maceió (AL); Manaus (AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS); Recife (PE); Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ); Salvador (BA); São Paulo (SP); Vitória (ES)
(Fonte: Unicef Brasil)