segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

ONU dá novo impulso a programa de meio ambiente

Publicado em Meio Ambiente Natural
Mais um passo para “O Futuro que Queremos” foi dado pela Assembleia Geral da ONU, na sexta-feira (21), ao permitir a participação universal no conselho deliberativo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Criado há 40 anos, o órgão conta com 58 integrantes e agora poderá receber contribuições de todos os 193 Estados-Membros da ONU.
A resolução segue ações práticas acordadas no documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), realizada em junho no Rio de Janeiro.
“A decisão da Assembleia Geral de fortalecer e aperfeiçoar o PNUMA é um divisor de águas. A adesão universal ao conselho deliberativo do PNUMA estabelece uma nova plataforma, plenamente representativa, para fortalecer a dimensão ambiental do desenvolvimento sustentável”, afirma o Diretor Executivo do PNUMA, Achim Steiner.
Segundo Steiner, todos os países terão o mesmo peso nas decisões sobre como apoiar o ambiente e garantir um compartilhamento de recursos naturais mais justo. O Diretor Executivo afirma ainda que a resolução permitirá o aumento de acesso a tecnologia e o apoio do conhecimento científico para as decisões políticas.
Fonte: ONU BRASIL

domingo, 30 de dezembro de 2012



Balanço anual do macro: estamos indo de mal a pior (Leonardo Boff)

30/12/2012
 A realidade mundial é complexa. É impossível fazer um balanço unitário. Tentarei fazer um atinente à macro-realidade e outro à micro. Se considerarmos a forma como os donos do poder estão enfrentando a crise sistêmica  de nosso tipo de civilização, organizada na exploração ilimitada da natureza, na acumulação também ilimitada e na consequente criação de uma dupla injustiça: a social com as perversas desigualdades em nível mundial e a ecológica com a desestruturação da rede da vida que garante a nossa subsistência e se, ainda tomarmos como ponto de aferição a COP 18 realizada neste final de ano em Doha no Qatar sobre o aquecimento global, podemos, sem exagero dizer: estamos indo de mal a pior. A seguir este caminho encontraremos lá na frente e, não demorará muito, um “abismo  ecológico”.
        
Até agora não se tomaram as medidas necessárias para mudar o curso das coisas. A economia especulativa continua a florescer, os mercados cada vez mais competitivos –o que equivale dizer – cada vez menos regulados e o alarme ecológico corporificado no aquecimento global posto praticamente de lado. Em Doha só faltou dar a extrema-unção ao Tratado de Kyoto. E por ironia se diz na primeira página do documento final que nada resolveu, pois protelou tudo para 2015:”a mudança climática representa uma ameaça urgente e potencialmente irreversível para as sociedades humanas e para o planeta e esse problema precisa ser urgentemente enfrentado por todos os países”. E não está sendo enfrentado. Como nos tempos de Noé,  continuamos a comer, a beber e a arrumar as mesas do Titanic afundando, ouvindo ainda música. A Casa está pegando fogo e mentimos aos outros que não é verdade.
        
Vejo duas razões para esta conclusão realista que parece pessimista. Diria com José Saramago: ”não sou pessimista; a realidade é que é péssima; eu sou é realista”. A primeira razão tem a ver com a premissa falsa que sustenta e alimenta a crise: o objetivo é o crescimento material ilimitado (aumento do PIB), realizado na base de energia fóssil e com o fluxo totalmente liberado dos capitais, especialmente especulativos.
Essa premissa está presente em todos os planejamentos dos países, inclusive no brasileiro. A falsidade desta premissa reside na desconsideração completa dos limites do sistema-Terra. Um planeta limitado não aquenta um projeto ilimitado. Ele não possui sustentabilidade. Aliás, evita-se a palavra sustentabilidade que vem das ciências da vida; ela é não-linear, se organiza em redes de interdependências de todos com todos que mantem funcionando todos os fatores que garantem a perpetuação da vida e de nossa civilização. Prefere-se falar em desenvolvimento sustentável, sem se dar conta de que se trata de um conceito contraditório porque é linear, sempre crescente, supondo a dominação da natureza e a quebra do equilíbrio ecossistêmico. Nunca se chega a nenhum acordo sobre o clima porque os poderosos conglomerados do petróleo influenciam politicamente os governos e boicotam qualquer medida que lhes diminua os lucros e não apoiam por isso as energias alternativas. Só buscam o crescimento anual do PIB.
Este modelo está sendo refutado pelos fatos: não  funciona mais nem nos países centrais, como o mostra a crise atual nem nos periféricos. Ou se busca um outro tipo de crescimento que é essencial para o sistema-vida, mas que por nós deve ser feito respeitando a capacidade da Terra e os ritmos da natureza, ou então encontraremos o inominável.
A segunda razão é mais de ordem filosófica e pela qual me tenho batido há mais de trinta anos. Ela  implica consequências paradigmáticas: o resgate da inteligência cordial ou emocional para equilibrar o poderio destruidor da razão instrumental, sequestrada já a séculos pelo processo produtivo acumulador.  Com  nos diz o filósofo francês Patrick Viveret “a razão instrumental sem a inteligência emocional pode perfeitamente nos levar a pior das barbáries”(Por uma sobriedade feliz, Quarteto 2012, 41); haja vista o redesenho da humanidade, projetado por Himmler e que culminou com a shoah, a liquidação dos ciganos e dos deficientes.
Se não incorporarmos a inteligência emocional à razão instrumental-analítica, nunca vamos sentir os gritos da Mãe Terra, a dor das florestas abatidas e a devastação atual da biodiversidade, na ordem de quase cem mil espécies por ano (E.Wilson). Junto com a sustentabilidade deve vir o cuidado, o respeito e o amor por tudo o que existe e vive. Sem essa revolução da mente e do coração iremos, sim,  de mal a pior.
 
Veja meu livro: Proteger a Terra-cuidar da vida: como evitar do fim do mundo, Record 2010.

Como vemos os nossos filhos?


Reflexões para a Festa da Sagrada Família

Pe. Anderson Alves
BRASíLIA, Sunday, 30 December 2012 (Zenit.org).
Percebe-se atualmente uma crise educativa cada vez mais intensa. De modo geral, constata-se que o nível médio de educação diminui drasticamente e que o processo formativo dos jovens enfrenta grandes dificuldades. As crianças e os adolescentes aprendem cada vez menos; a autoridade dos professores tende a desaparecer e os jovens, em meio a uma aparente energia, sentem-se sós e desorientados. E isso numa época de incrível desenvolvimento da Pedagogia. Nunca houve tantas pessoas que estudam essa ciência e nunca tivemos tantas teorias pedagógicas como agora. No Brasil a crise educativa é cada vez mais preocupante, embora tenha eminentes pedagogos. Um recente estudo comparou a educação em 40 países e mostrou que o Brasil (6ª Economia do mundo) ficou em 39º lugar na educação, atrás de países como Singapura (5º), Romênia (32º), Turquia (34º) e Argentina (35º)[1]. Certamente uma das causas da atual crise educativa no Brasil não é a falta de recursos, mas algo mais profundo: não sabemos mais como ver e tratar os nossos filhos.
Até a metade do século passado, tinhamos uma ideia bem clara sobre o que eram os nossos filhos: acima de tudo, eram considerados um dom de Deus, um presente que nos tinha sido dado para ser tratado com atenção, carinho e muita resposabilidade. Os filhos eram visto como um dom divino e a paternidade era considerada uma participação especial no poder criador de Deus. De modo que os filhos eram tratados com respeito e a vida era acolhida com alegria e generosidade.
Isso se deve ao fato de que nosso modo de viver até então era marcado pelos ensinamentos da cultura judaico-cristã. Seguia-se o exemplo de figuras como a de Ana (Cfr. 1 Sam. 1), uma mulher estéril que todos os anos ia a um Templo de Israel prestar culto a Deus, e que, certa vez teve a ousadia de pedir-lhe um filho. Depois que Deus escutara suas ferventes orações, ela retornou ao Templo para agradecer o dom recebido e para consagrar a vida daquele novo ser a Deus. Ana era plenamente consciente de que a vida humana procede e retorna a Deus, para quem nada é impossível.
A partir da “revolução” de 1968 uma nova cultura surgiu, na qual a visão bíblica foi abandonada. S. Freud, na sua época, sonhava o dia em que fosse separada a geração dos filhos da estrutura familiar, algo que a partir de 68 vem se tornando frequente. Desde então, procura-se incutir nos jovens a idéia de que os filhos são um obstáculo, algo que tolhe a liberdade, a autonomia e que impede a realização pessoal. Os filhos passam a ser considerados como uma ameaça e a gravidez como uma espécie de doença, que deve ser evitada a todo custo. E às pessoas que não são tão jovens, transmete-se a ideia de que os filhos são um “direito”. Desse modo, os filhos passam a ser considerados ou como uma “ameaça” ou como um “direito”, não mais como um dom. Daí surgem problemas sérios. Na Inglaterra, por exemplo, esse ano um dos pedidos mais feitos ao “Papai Noel” pelas crianças foi um pai; outro pedido comum foi, simplesmente, ter um irmão. O risco atual é que os adultos passem a considerar os próprios filhos como uma espécie de “mercadoria”, um sonho de consumo, que deve ser realizado num momento perfeitamente determinado. Os filhos são cada vez mais frutos de cálculos e não tanto do amor. E isso deixa feridas graves nas crianças.
Deixar de considerar os filhos como um dom divino e tê-los simplesmente como o resultado de uma técnica é um passo importante para a desconfiguração das famílias e para arruinar a educação. De fato, ocorre com frequência que os pais, paradoxalmente, procuram “superproteger” os filhos, buscando livrá-los de qualquer perigo e, ao mesmo tempo, não querem encontrar o tempo para dedicar-se à difícil tarefa educativa dos mesmos. As crianças são enviadas cada vez mais cedo às escolas e os professores devem se empenhar em transmitir valores que as crianças deveriam ter recebido em casa.
E há ainda outro grave perigo: os adultos procuram ter filhos mais para serem aprovados por eles, do que para transmitir um amor total, gratuito e comprometido. Sejamos sinceros: muitas vezes, em nossas famílias ocorre algo perverso: os pais se comportam como crianças, lamentando-se da infância que tiveram, e os filhos se sentem obrigados a comportarem-se como adultos[2]. Com essa mudança de papéis ninguém assume o a própria responsabilidade familiar, e isso se reflete no rendimento dos jovens nas nossas escolas e Universidades.
Nesse ponto, podemos talvez voltar nosso olhar ao livro que formou a civilização ocidental. O Evangelho conta-nos somente uma cena da adolescência de Jesus e do seu “processo educativo”. Quando ele tinha 12 anos, foi levado ao templo por Maria e José para participar na festa da Páscoa (Cfr. Lc 2). O jovem judeu quando cumpria essa idade iniciava a ser considerado adulto na fé. Quando aquela familia deve retornar a casa, Maria e José se destraem e Jesus, como verdadeiro adulto, permanece no templo discutindo com os doutores da Lei. Quando ele é reencontrado, Maria o repreende, mesmo sabendo que quem estava diante dela não só era um “adulto” na fé, mas o mesmo Filho de Deus: “Meu filho, que nos fizeste? Teu pai e eu te procurávamos cheios de aflição”. E Jesus, depois de manifestar a plena consciência da sua identidade divina (“não sabíeis que devo ocupar-me das coisas do meu Pai?”), volta à casa com Maria e José e “era-lhes submisso em tudo”. Que impressionante! Maria e José não fugiram de sua responsabilidade educativa em relação àquele adolescente que sabiam ser o Filho de Deus; e Jesus, sendo verdadeiro Deus, volta à casa com sua família, obedecendo-lhes em tudo até os 30 anos. Vemos assim que na família de Nazaré ninguém fugia da própria responsabilidade, uma vez que eram unidos por um verdadeiro amor, o qual se demonstra na autoridade, na humildade e no serviço e não no autoritarismo ou na indiferença.
Parece, portanto, que para se recuperar o sentido da verdadeira educação, para se enfrentar à grave crise educativa atual, devemos ajudar as famílias a considerarem a vida como um dom de Deus, a tratarem os seus filhos com verdadeira diligência, não delegando toda a responsabilidade educativa a outras pessoas ou intituições. A tarefa é árdua, mas pode ser realizada, especialmente à luz da fé que por séculos iluminou a nossa sociedade. Devemos voltar a seguir ao modelo da Sagrada Família mais do que aos parâmetros contraditórios de uma “revolução” que só trouxe ao mundo a exaltação do egoísmo, da irresponsabilidade e o consequente aumento do sofrimento dos mais débeis.
Pe. Anderson Alves é da diocese de Petrópolis – Brasil - e doutorando em Filosofia na Pontifícia Università della Santa Croce, em Roma.

Meu filho, ampara o teu pai na velhice e não lhe causes desgosto enquanto ele vive. Eclo 3,3-7.14-17a

REFLEXÃO COM PADRE PAULO HENRIQUE

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Não se trata de um mito. Jesus nasceu e não ė um semi-deus. Ė o Filho de Deus que se torna homem: é o amor de Deus pelo ser humano.

Papa no Angelus: "O amor, fidelidade e dedicação de Maria e José sejam exemplos para todos os esposos cristãos"



Cidade do Vaticano (MJ) - Milhares de fiéis e peregrinos participaram, neste domingo, na Praça São Pedro, da oração mariana do Angelus, conduzida pelo Papa Bento XVI.

A Igreja celebra hoje a festa da Sagrada Família de Nazaré. "O Evangelho de Lucas nos apresenta a Virgem Maria e São José que, fiéis à tradição, vão a Jerusalém para a Páscoa levando Jesus que tinha doze anos. A primeira vez em que Jesus entrou no templo do Senhor ocorreu quarenta dias após seu nascimento, quando seus pais tinham oferecido para ele, um par de rolinhas ou pombinhas, ou seja, o sacrifício dos pobres" – frisou o Papa em sua alocução dominical.

"Lucas, cujo Evangelho é caracterizado por uma teologia dos pobres e da pobreza, faz entender que a família de Jesus era contemplada entre os pobres de Israel; ele deixa claro que dentre eles poderia amadurecer o cumprimento da promessa. Jesus, hoje, está novamente no Templo, mas desta vez tem um papel diferente, que o envolve em primeira pessoa. Ele cumpre, com Maria e José, a peregrinação a Jerusalém, como previsto na Lei. Um sinal da profunda religiosidade da Sagrada Família" – destacou ainda Bento XVI.

Quando Maria e José voltam para Nazaré, acontece algo inesperado: Ele, sem dizer nada, permanece em Jerusalém. "Durante três dias, Maria e José procuram por ele e o encontram no Templo, conversando com os mestres da Lei, e quando pedem a Ele explicações, Jesus responde que eles não têm de se surpreender, pois aquele é o seu lugar, aquela é a sua casa, junto do Pai, que é Deus" – sublinhou o pontífice.

"A preocupação de Maria e José para com Jesus é a mesma de cada pai que educa um filho, o introduz na vida e na compreensão da realidade. Hoje, portanto, é necessária uma oração especial ao Senhor por todas as famílias do mundo. Imitando a Sagrada Família de Nazaré, os pais se preocupam seriamente como o crescimento e educação dos filhos, para que amadurecidos como homens responsáveis e cidadãos honestos, sem se esquecer nunca que a fé é um dom precioso que deve ser alimentada nos filhos com o exemplo pessoal" – ressaltou o Santo Padre.

Bento XVI convidou a rezar "para que cada criança seja acolhida como dom de Deus e sustentada pelo amor do pai e da mãe a fim de crescer como o Senhor Jesus em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens. O amor, a fidelidade e a dedicação de Maria e José sejam exemplos para todos os esposos cristãos, que não são os amigos ou os patrões da vida de seus filhos, mas os protetores deste dom incomparável de Deus".

"O silêncio de José, homem justo e o exemplo de Maria que conservava todas as coisas em seu coração, nos façam entrar no mistério pleno da fé e da humanidade da Sagrada Família. Desejo a todas as famílias cristãs de viverem na presença de Deus com o mesmo amor e alegria da família de Jesus, Maria e José" – concluiu o Papa. (MJ)

Fonte: Rádio Vaticano

Se formos infiéis, Ele permanece fiel, porque não Se pode negar a Si mesmo. 2 Tm 2, 13