Dom Leonardo Ulrich Steiner: Precisamos ser discípulos-missionários para o mundo”
14/12/2012 | Fúlvio Costa
O secretário geral da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Ulrich Steiner,
provocou os membros da Pontifícia Obra da Propagação da Fé a se
esforçarem pelo discipulado missionário.
Ele deu início na manhã desta
sexta-feira, 14, às atividades da 5ª Assembleia da Obra que reúne
membros de todos os estados do país. Com o tema "Ide e fazei discípulos
entre todas as nações (Mt 28, 19)" ele foi enfático quanto à mensagem do
Evangelho.
"Precisamos ser discípulos-missionários
para o mundo. Essa iniciativa é necessária e urgente por que somos
anunciadores e nossa tarefa é ir por todo o mundo e anunciar a Boa Nova a
toda criatura, conforme nos pede a Palavra de Deus", exortou dom
Leonardo. O prelado aprofundou sua reflexão em quatro pontos:
espiritualidade, missionariedade, jovialidade e Deus que habita em luz
inacessível (1 Tm 6, 16).
Antes de dar início às reflexões, dom
Leonardo convocou os jovens a serem menos objetivos quanto às definições
daquilo que queremos compreender. "Temos a tendência de definir as
coisas com muita objetividade. É uma maneira que a maioria das pessoas
adota e passa a ver o mundo. Somos motivados por aquilo que impacta, mas
devemos também observar de outra forma, como exemplo, ler o mesmo livro
várias vezes", sublinhou.
De acordo com o secretário da CNBB,
"precisamos estar mais abertos, ouvir mais e se deixar encontrar pelo
outro. Falar de espírito é pensar num modo de espera, ou seja, não ir
direto ao ponto". Ele disse aos participantes da Assembleia que a
espiritualidade (cuidar do espírito) "não é uma ciência de dominação,
não é estudo do espírito, mas um modo próprio de existir". E afirmou que
é importante por que "é o espírito que cuida de nós".
Dom Leonardo demonstrou algumas formas
de deixar o espírito cuidar. "Devemos ter abertura da nossa parte, pois é
o espírito de Deus que vem ao nosso encontro. Quando nos esquecemos
disso vivemos de maneira alienada. Ao lermos a Bíblia, damos abertura ao
espírito e criamos a possibilidade de mergulhar na profundidade de
nossa existência", refletiu.
Espiritualidade e Missão
A abertura é um modo de vida indispensável ao trabalho do missionário, segundo dom Leonardo. Ele disse que, "o Evangelho deve ser um horizonte e se queremos ser cristãos anunciadores, temos que nos ater a ouvir o mundo pelo espírito" e salientou que a missionariedade não é algo a ser acrescentado na vida do cristão, mas faz parte da sua vida. "A missionariedade trata-se de uma força que é dada ao missionário. Ele não é enviado por que quer ir, mas porque Deus o envia através do Evangelho e a pessoa vai pelo amor de Deus que é uma força que impulsiona para fora de nós mesmos".
A alegria de ser discípulo-missionário é
outro ponto que deve ser observado pelo missionário, comentou ainda dom
Leonardo. Ele citou o Documento de Aparecida (DAp) para justificar essa
questão. "Aqui está o desafio fundamental que afrontamos: mostrar a
capacidade da Igreja para promover e formar discípulos e missionários
que respondam à vocação recebida e comuniquem por toda parte,
transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo
(n. 14)". Completou dizendo que "o envio não é imposto e que pelo rosto
do missionário se sabe se ele é enviado ou não".
A palavra jovialidade, explicou o bispo
auxiliar de Brasília, "significa ter a força de Deus", portanto, não
deve ser confundida com qualidade da força biológica, mas "uma
vitalidade que vem de Deus". Com relação a Deus que habita em luz
inacessível, dom Leonardo explicou que é a capacidade do cristão de
deixar-se encontrar. "Inacessível é o modo como Deus veio até nós: Deus
me toca, agora posso tocá-lo; Deus ama, agora posso amá-lo; Deus me
deseja, agora posso deseja-lo. Falamos de inacessibilidade por que eu
que fui tocado por ele".
Dom Leonardo aprofundou esse último tema
de sua orientação espiritual destacando que a inacessibilidade de Deus é
próprio do Cristianismo, por que ele nos ama antes, se faz próximo de
nós através da pequenez, do sofrimento, da cruz e se deixa tocar. "Deus é
tão grande que mesmo suspenso numa cruz ele não enxerga mais o
horizonte, mas continua a amar o Pai e entrega seu espírito a Deus". O
missionário, completou o bispo, "deve ser envolvido por esse mesmo amor e
se doar completamente pela Missão", completou.
Fonte: www.pom.org.br