segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O fim do mundo


Reflexões de Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém do Pará

BELÉM DO PARÁ, segunda-feira, 12 de novembro de 2012(ZENIT.org) - Não é brincadeira! O mundo vai acabar! Com toda certeza, um dia Deus será tudo em todos, as coisas antigas passarão, contemplaremos o Filho do Homem vir nas nuvens com grande poder e glória (Mc 13,26). Mas... "quanto àquele dia, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai" (Mc 13,24-32).
É da segunda carta de São Pedro a recomendação: "O que esperamos, de acordo com a sua promessa, são novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça. Vivendo nesta esperança, esforçai-vos para que ele vos encontre numa vida pura, sem mancha e em paz. Considerai também como salvação a paciência de nosso Senhor" (2 Pd 3,12-15). Aliás, já vivemos no fim dos tempos, desde que veio o Senhor e Salvador, Jesus Cristo. Inaugurou-se, pela bondade de Deus, o tempo novo. Somos por ele chamados a viver nesta terra antecipando e apressando o dia de Deus (cf. 2 Pd 3,12).
Logo, nenhuma preocupação com o fim do mundo, mas muita ocupação em viver neste mundo com justiça e piedade. Quando se completar a obra, esta chegará ao seu término, será completa, chegará ao fim! Vale a pena buscar um roteiro de viagem para a caminhada nesta terra, ocupando-nos com o que constrói desde já o Reino de Deus, no qual também os seus filhos reinarão.
Temos uma virtude, que é dom de Deus recebido de presente no Batismo, a esperança, que nos dá a certeza de não estarmos num beco sem saída. Não fomos jogados neste mundo, como obra do acaso! Temos nome diante a face de Deus, somos reconhecidos e tratados como filhos e destinados à felicidade. O Pai do Céu fez este mundo como paraíso para suas criaturas, e é nossa missão lutar para que ele seja assim e para todos. Daí, faz parte da missão do cristão reconstruir, consertar, tomar iniciativa, espalhar o bem, semear por acreditar na colheita, não só aquela do final dos tempos, mas as muitas e sucessivas florações do jardim de Deus em torno a nós. Em qualquer etapa da viagem, a meta é certa!
Não perder tempo, mas preencher com amor a Deus e ao próximo cada instante da existência. Quem chega ao fim de um dia maravilhosamente cansado, depois de ter feito o bem, será feliz e realizado. Nem terá tempo para medo de escuridão ou dos inexistentes fantasmas que podem povoar a "louca da casa", a imaginação. Não terá medo da morte, pois sabe que ela um dia chegará no melhor momento da existência de cada pessoa. É que Deus, sendo Amor, colherá  a flor da vida de cada filho ou filha no tempo certo, pois para ele um dia é como mil anos e mil anos como um dia (Sl 89,4). Ninguém na ociosidade! Não perder tempo!
Ao longo da estrada, há sinais oferecidos por Deus, mostrando o rumo da viagem. Pode ser o irmão caído beira do caminho, um grito que pede atenção. Ali, há que descer da montaria de nosso orgulho ou falta de tempo, derramando o óleo e o vinho do afeto (Cf. Lc 10,30-37), dando o que pudermos para que aquele que caiu seja confiado à "estalagem" chamada Igreja, a quem cabe cuidar da humanidade até o Senhor voltar! Muitas vezes será a palavra anunciada, "oportuna e inoportunamente" (2 Tm 4,2), cujo som ecoa e chega ao ouvido e ao coração. Até o Senhor voltar, sinal será a comunidade que participa da Eucaristia, enquanto espera sua vinda, clamando quotidianamente "Vem, Senhor Jesus". Na Eucaristia, torna-se presente o sacrifício de Cristo, sua Morte e Ressurreição. Mesa preparada, irmãos acolhidos, Céu que se antecipa e nos faz missionários! Acolher a todos e fazer crescer a Igreja.
Quem escolhe o seguimento de Jesus Cristo prestará atenção nos "sinais dos tempos", aprendendo com as lições de sua história pessoal e dos acontecimentos. Para dar um exemplo, ao ler ou ouvir as notícias diárias de crises, crimes ou desastres, saberá ir além dos sustos ou escândalos. Ao invés de achar que o fim do mundo está chegando, porá mãos à obra, buscando todos os meios para que o dia de amanhã seja melhor do que hoje. Será sua tarefa ir além das eventuais emoções oferecidas pelos acontecimentos, para edificar com serenidade e firmeza o futuro. Se para tanto haveremos sempre de contar com a graça de Deus, que ninguém se esqueça de que, após a criação do mundo, o cuidado com tudo o que era "muito bom" (Cf. Gn 1,1-31) foi entregue ao homem e a mulher. Responsabilidade!
Mais ainda! Quem olha ao seu redor, verá que a viagem se faz em comunhão com outras pessoas. Ninguém tem todos os dons e todas as capacidades. O apóstolo São Paulo já ensinava, comparando com o corpo a vida da Igreja (Cf. 1 Cor 12,1-31) o jeito de partilhar com os outros na aventura da existência nesta terra. Enquanto caminhamos, é bom aprender as leis da eternidade, onde Deus será tudo em todos. Partilhar os dons e os bens,  superar a ganância e aproveitar todas as ocasiões para estar com os outros, construindo um mundo de irmãos. Na eternidade, não haverá luto, nem dor, egoísmo ou tristeza! É bom antecipá-la!
Assim, ouvir a Igreja que fala do fim dos tempos, será uma positiva provocação a todos os cristãos. Atenção aos avisos de trânsito na estrada do Reino definitivo: "A meta é certa!"; "Não perder tempo!"; "Acolher a todos e fazer crescer a Igreja!"; "Responsabilidade!"; "Antecipar os valores da eternidade!" Poderemos então rezar confiantes: "Senhor nosso Deus, fazei que nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa servindo a vós, o criador de todas as coisas". Amém! Maranatha! Vem, Senhor Jesus! Amém!
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém
Vaticano II? Sim! Mas, qual?

Muita gente interpretou e interpreta o Concílio Vaticano II como uma ruptura com o passado. É comum até mesmo em salas de aula de cursos de teologia encontrar professores ridicularizando gostosamente a Igreja "pré-conciliar". Segundo essa mentalidade, antes do Concílio tudo era imperfeito e a Igreja era um museu: autoritária, alienada e afastada do mundo...  Após o Concílio, ao invés, tudo é maravilhoso, tudo se faz novo e deve ser fazer de novo! Certamente, tal interpretação é totalmente equivocada. Bento XVI a chama de hermenêutica da descontinuidade. Segundo o Papa, o modo correto de compreender o Vaticano II é a hermenêutica da reforma: na força do Espírito Santo a Igreja viva vai sendo sempre e gradualmente reformada... O Vaticano II é apenas mais um evento desse contínuo processo que vai de Cristo até o fim dos tempos. O Concílio não rompeu com o passado, mas o relê e o reinterpreta no presente... Vejam só algumas frases de Bento XVI, no seu discurso de final de ano à Cúria Romana neste 2005:

“Por um lado, dá-se uma interpretação que gostaria de chamar de 'hermenêutica da descontinuidade e da ruptura'; com freqüência pôde servir-se da simpatia dos meios de comunicação, e também de uma parte da teologia moderna. Por outra parte, dá-se a 'hermenêutica da reforma', da renovação na continuidade do único sujeito-Igreja, que o Senhor nos deu; é um sujeito único do Povo de Deus em caminho”.
“A hermenêutica da descontinuidade corre o risco de acabar em uma ruptura entre a Igreja pré-conciliar e a Igreja pós-conciliar. Afirma que os textos do Concílio como tal não seriam a autêntica expressão do espírito do Concílio. Seriam o resultado de compromissos nos quais, para alcançar a unanimidade, teve-se que lutar contra muitas coisas velhas que hoje são inúteis. No entanto, o verdadeiro espírito do Concílio não se revelaria nestes compromissos, mas nos impulsos para o novo que estão subentendidos nos mesmos: só estes representariam o verdadeiro espírito do Concílio e partindo deles e em conformidade com eles haveria que seguir adiante. Precisamente porque os textos refletiriam somente de maneira imperfeita o verdadeiro espírito do Concílio e sua novidade, seria necessário ir corajosamente mais além dos textos, deixando espaço à novidade na que se expressaria a intenção mais profunda, ainda que todavia não clara, do Concílio. Em uma palavra, não haveria que seguir os textos do Concílio, mas seu espírito…”
Depois de criticar duramente essa hermenêutica da descontinuidade, o Papa alerta para a necessidade de interpretar e viver o Concílio no espírito de continuidade com a grande Tradição da Igreja. Nesta perspectiva, sim, o Vaticano II já deu e continuará dando inúmeros e preciosos frutos à Igreja de Cristo!
(Dom Henrique Soares)

Brasil eleito para o Conselho de Direitos Humanos

Em votação na Assembleia Geral, país teve 184 votos; Argentina eVenezuela também conquistaram uma das 18 vagas cadeiras para o órgão.

Conselho de Direitos Humanos
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
 A Assembleia Geral da ONU elegeu nesta segunda-feira, em Nova York, o Brasil como um dos 18 novos membros do Conselho de Direitos Humanos. Eram três vagas disponíveis para o grupo da América Latina e Caribe, e as outras duas cadeiras serão ocupadas pela Argentina e Venezuela.
A embaixadora do Brasil nas Nações Unidas, Maria Luiza Ribeiro Viotti, falou à Rádio ONU em Nova York após a votação.
Apoio
"Esta foi uma eleição muito importante para o Brasil, estamos muito satisfeitos com o elevado nível de apoio que recebemos. Voltamos ao Conselho de Direitos Humanos com o desejo de fortalecer o trabalho coletivo, o trabalho da ONU em favor da promoção e proteção dos direitos humanos."
A votação foi secreta e foram eleitos os países que tiveram a maioria dos votos na Assembleia Geral. O Brasil conseguiu 184 votos e inicia o mandato em janeiro.
Estados Unidos
Entre os países africanos eleitos estão Etiópia, Gabão, Quênia e Serra Leoa. Cinco países vão representar a Ásia, incluindo Japão e Paquistão. Estados Unidos, Alemanha, Irlanda e Montenegro também conseguiram uma vaga no órgão.
O Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, é formado por 47 membros, baseados em distribuição geográfica e que ocupam a cadeira por um período de três anos. Atualmente, Angola é o único país de língua portuguesa que ocupa uma vaga no Conselho.
O órgão tem a responsabilidade de promover e proteger os direitos humanos em todo o mundo; alertar sobre violações na área e fazer recomendações aos países.

domingo, 11 de novembro de 2012








AUDIÊNCIA GERAL

VATICANO - O Papa Bento XVI dedicou a catequese da Audiência Geral de hoje a refletir sobre o desejo de Deus inscrito no coração do homem e explicou que este desejo não desaparece nunca embora as pessoas tentem negá-lo ou apagá-lo, e pediu aos fiéis que aprendam a "saborear as verdadeiras alegrias" para despertar este desejo de infinito.

Na Praça de São Pedro, diante de milhares de peregrinos de todo o mundo, o Santo Padre continuou com suas meditações sobre o Ano da Fé e refletiu sobre a consideração com a qual o Catecismo da Igreja Católica inicia: "O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem para Si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso" (N. 27).

O Santo Padre considerou que esta declaração "que ainda hoje em muitos contextos culturais parece totalmente compartilhada, quase óbvia, poderia perceber-se mais ainda como um desafio na cultura secularizada ocidental".

Muitos de nossos contemporâneos, de fato, poderiam argumentar que não têm nenhum desejo de Deus. Para amplos setores da sociedade, Ele já não é o esperado, o desejado, mas sim uma realidade que deixa indiferentes, sobre a qual nem sequer deve-se fazer o esforço de pronunciar-se", indicou.

Mas "o que realmente pode satisfazer o desejo humano?", questionou o Pontífice.

O Papa explicou que tanto a experiência humana do amor "como a amizade, a experiência da beleza, o amor pelo conhecimento: todo bem experientado pela homem tende para o mistério que rodeia ao homem mesmo; e cada desejo que aparece ao coração humano se ecoa de um desejo fundamental que nunca se está totalmente satisfeito".

"O homem, em definitivo, sabe bem o que não o sacia, mas não pode adivinhar nem definir o que aquela felicidade que leva no coração, a nostalgia, o levaria a experimentar", recordou.

O Santo Padre pediu para "se promover uma espécie de pedagogia do desejo, tanto para o caminho daqueles que ainda não acreditam, como para aqueles que já receberam o dom da fé".

O Santo Padre alentou a "aprender o gosto das autênticas alegrias da vida. Não todas as satisfações produzem o mesmo efeito em nós: algumas deixam um rastro positivo, são capazes de pacificar o ânimo, fazem-nos mais ativos e generosos. Outras, em troca, depois da luz inicial, parecem decepcionar as expectativas que tinham despertado e deixam às vezes amargura, insatisfação ou uma sensação de vazio após experimentá-las".

"Educar a saborear as alegrias verdadeiras desde cedo, em todos os âmbitos da vida - a família, a amizade, a solidariedade com os que sofrem, renunciar ao próprio eu para servir outros, o amor pelo conhecimento, pela arte, pela beleza da natureza -, tudo isto significa exercer o gosto interior e produzir anticorpos efetivos contra a banalização e o horizontalismo predominante hoje".

"Os adultos também precisam redescobrir estas alegrias, desejar realidades autênticas, purificar-se da mediocridade em que podem encontrar-se envolvidos. Então será mais fácil deixar cair ou rechaçar tudo aquilo que, embora em princípio pareça atrativo, resulta na verdade insípido, e é fonte de vício e não de liberdade. E isto fará que emerja aquele desejo de Deus do qual estamos falando", indicou.

O Santo Padre recordou que "somos peregrinos rumo à pátria celestial, àquele bem completo, eterno, que nada nos poderá mais arrebatar. Não se trata, portanto, de sufocar o desejo que está no coração do homem, mas sim de libertá-lo, para que possa alcançar sua verdadeira altura".

"Nesta peregrinação, sintamo-nos irmãos de todos os homens, companheiros de viagem, inclusive daqueles que não acreditam, dos que estão em busca, dos que se deixam interrogar com sinceridade pelo dinamismo de seu próprio desejo de verdade e de bondade. Rezemos, neste Ano da fé, para que Deus mostre seu rosto a todos aqueles que o buscam com coração sincero", concluiu.

É preciso cuidar de nossas crianças

  É preciso cuidar de nossas crianças
Gabriel Chalita
Sou educador por opção de vida. É esse ofício que tento executar cioso da enorme responsabilidade de ajudar os aprendizes a serem protagonistas de sua própria história.
A educação é o passaporte para a liberdade. Quando se oferece educação, oferece-se autonomia. Direitos e deveres ficam mais claros. Possibilidades se ampliam.
Não acredito que algumas crianças nasçam inteligentes e outras, burras. O fator principal é oportunidade. Algumas têm; outras não.
Cuidar da criança é uma questão de justiça. É triste ver, na mesma sociedade, algumas crianças estudando em boas escolas, aprendendo idiomas, praticando esportes, enquanto outras não têm o mínimo necessário para o seu desenvolvimento.
Na campanha para prefeito de São Paulo, vi crianças, na periferia, brincando nas lajes. E vi crianças brincando em clubes dotados de todo tipo de equipamento esportivo. Vi crianças com fluência em inglês e em espanhol e crianças com dificuldades em português. Repito: não é uma questão de inteligência, mas sim de oportunidade.
Outra grande preocupação refere-se às drogas. Estamos perdendo nossas crianças.Elas não nascem com propensão à violência ou à drogadição; apenas não são cuidadas, não são educadas corretamente.
Toda política de combate à violência, além dos aspectos de inteligência policial e de organização da cidade, precisa se preocupar com a prevenção, com a geração que estamos construindo, com as cidades do amanhã, com o Brasil do amanhã.
Fiquei impressionado com a ação de institutos de cultura que desenvolvem talentos e preparam para o futuro.
Fui conhecer o Instituto Baccarelli, na comunidade de Heliópolis. Com as canções daquelas crianças e jovens, uma melodia especial enchia a sala de ensaios. Uma melodia de esperança. Ali, no contraturno da escola, as crianças estudam um instrumento, convivem com a cultura, desenvolvem talentos, aprendem a se respeitar e a perceber que nasceram para grandes feitos.
É preciso um trabalho e um esforço conjuntos das famílias, dos governos e da sociedade civil para que nenhuma criança seja privada do desenvolvimento de seus talentos. O futuro agradece.
Gabriel Chalita é professor, escritor e deputado federal.
Comentário ao Credo do Povo de Deus - II


Cremos em um só Deus - Pai, Filho e Espírito Santo - Criador das coisas visíveis - como este mundo, onde se desenrola nossa vida passageira -, Criador das coisas invisíveis - como são os puros espíritos, que também chamamos anjos -, Criador igualmente, em cada homem, da alma espiritual e imortal.

Tantas vezes escutamos a afirmação que o Deus dos cristãos é o mesmo Deus dos judeus e dos muçulmanos. É verdade até certo ponto. Os cristãos receberam dos judeus a fé no Deus único: “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus, o Senhor é UM!” (Dt 6,4). Esse é o Deus que tudo criou, que se manifestou aos patriarcas, que deu a Lei e guiou Israel. É o mesmo Deus a quem os muçulmanos chamam Alá (= Deus, em árabe). Deus eterno, infinito, onipotente, santo, mais além e mais aquém de tudo, que tudo penetra e tudo sustenta e dá consistência. Deus é um: não pode ser dividido nem multiplicado; Dele nada se pode subtrair, a Ele nada se pode acrescentar, Nele nada há de mutável! Esta percepção de Deus é totalmente partilhada por judeus, cristãos e muçulmanos.
No entanto, nesta unidade perfeita, santa e absoluta, habita um mistério surpreendente: este Deus absolutamente único, perfeitamente único, simplesmente único, é ao mesmo tempo eternamente Pai que eternamente gera de Si, de Sua própria substância divina, o eternamente Filho, numa eterna geração de amor, que não é algo, mas Alguém, chamado Espírito Santo. Só para que se entenda um pouco mais: o Pai não é primeiro Deus para depois ser Pai... Ele só existe como Pai e ser Pai é o que faz o Seu existir; desse modo o Pai existe porque gera o Filho eterna e continuamente, como uma fonte, que só existe porque mana água. Do mesmo modo o Filho, somente existe sendo total e continuamente gerado pelo Pai, como a água brota ininterruptamente da fonte. Ainda da mesma maneira o Santo Espírito, que é a própria Geração, na qual o Pai gera e o Filho é gerado. Poderíamos dizer assim: o é o Gerante, outro o Gerado, outro a Geração; um é o Amante, outro é o Amado, outro ainda é o Amor. Os três são eternamente eternos, cada um dos três é totalmente a divindade toda. Um exemplo: eu não sou a humanidade toda: há bilhões de seres humanos além de mim, de modo que minha pessoa encarna apenas um mínimo modo de ser humano. Em Deus não: o Pai é todo Deus e toda Divindade está Nele completa e perfeitamente. O Filho é todo Deus e toda Divindade está totalmente Nele, completa e perfeitamente. Do mesmo modo o Santo Espírito: Nele está toda a Divindade, completa e perfeitamente. Pense no Pai: Ele não somente é todo Deus, mas também possui toda a Divindade; do mesmo modo o Filho: somente Ele é todo Deus e somente Ele tem toda a Divindade! E o mesmo se pode dizer do Espírito Santo: Ele é total e perfeitamente Deus e toda a Divindade está totalmente Nele! Assim, os Três são total e absolutamente uma só Divindade, mas um é o Gerante, outro é o Gerado e outro, a própria Geração. Os Três são um só e os Três são totalmente diversos um em relação aos outros dois: na Trindade só um pode gerar, só um pode ser gerado, só um é a própria Geração, toda presente no Gerante e no Gerado, como o Amor que está todo no Amante e todo no Amado!
Cremos, portanto em um só Deus – Pai, Filho e Espírito Santo! Um só é o Nome divino, acima de todo nome. Isto aparece no próprio modo como os cristãos invocam o seu Deus: nunca se diz “Em Nome do Pai, em Nome do Filho e em Nome do Espírito Santo”. Isto seria triteísmo, como se houvesse três pessoas divinas que são na verdade três deuses unidos infinitamente no amor e na comunhão. Esta não é e nunca foi e nunca será a fé da Igreja! Um só é o nome divino, que não pode ser repetido nem multiplicado! No Nome se exprime a Unidade infinita e nas Pessoas, a Trindade verdadeira, santa e consubstancial. Por isso mesmo, desde os primórdios, no momento do Batismo mergulhava-se o catecúmeno três vezes dizendo: “Eu te batizo em Nome do Pai ( e se mergulhava a primeira vez), e do Filho (segundo mergulho) e do Espírito Santo (terceira imersão). Mas, note-se: não se repeta nunca o vocábulo “nome”! Uma advertência prática: existe um “Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo estamos aqui... para louvar, agradecer...” Esta fórmula, além de totalmente antilitúrgica é herética! Rompe com a norma da linguagem do cânon trinitário e exprime uma concepção triteísta da santa e indivisa Trindade. Essa multiplicação de “nomes” rompe totalmente o equilíbrio da fé no Deus Triuno e deve ser totalmente rejeitada!

 


Escrito por Dom Henrique 
Lei, palmada ou diálogo?Prof. Tania Zagury
Nov/11

Palmada no passado era método pedagógico e, portanto, pais e professores tinham direito legítimo de uso. Mas os estudos evoluíram e hoje sabemos que castigo físico não garante aprendizagem. Pode até parecer que garante porque, como ninguém gosta de apanhar, inibe comportamentos inadequados mais rapidamente. Na ausência do agressor, porém, a atitude criticada reaparece. O que revela que não houve aprendizagem de fato. Portanto, a discussão não deve ser se bater deve ser proibido por lei, mas de que forma conscientizar quem educa - em todas as instâncias - de que, com objetivos claros, segurança e afeto, se conseguem melhores resultados do que com agressão física.

Se parece que nossos antepassados conseguiram mais com os jovens do que se consegue hoje, seguramente não foi porque nossos avôs batiam nos filhos... O que ocorreu foi que uma série de fatores se conjugou nas últimas décadas, tornando educar um desafio gigantesco: a influência das novas mídias exacerbando o consumismo; a corrupção (e a impunidade) por parte dos que deveriam dar o exemplo aos mais jovens; a desestruturação da família; a ausência de ambos os pais em casa são apenas alguns deles. Com isso, os pais acabaram perdendo o foco do que é realmente importante. Muitos hoje consideram sua tarefa principal “fazer o filho feliz”, o que acaba resultando em apenas satisfazer desejos e vontades. Anteriormente era “fazer dos filhos, homens de bem”, significando priorizar fundamentos éticos na educação. E isso se alcança com muito diálogo, ensinando a pensar e a não se deixar conduzir por mídias ou grupos. No entanto, é tarefa quase inexequível para quem não tem certeza do que é prioritário.

Em vez de novas leis, o que a sociedade precisa é realocar a ética – para si e para as novas gerações; também fundamental é resgatar conceitos deturpados. Afinal, autoridade não é sinônimo de autoritarismo; democracia e liberdade não significam fazer apenas o que se tem vontade. Como se ensina isso: com lei ou com palmada? Nem com um, nem com outro.

A nossa é a geração do diálogo, a que acreditou que a melhor forma de comunicação interpessoal se faz através da discussão e da troca de idéias. Mas será que, na prática, o diálogo está efetivamente acontecendo? Pais e filhos, professores e alunos, colegas de trabalho estão verdadeiramente sabendo ouvir, falar e reivindicar? Infelizmente, não. São muitos os que não sabem dialogar. Alguns usam o diálogo como bandeiras para alcançarem o que desejam e, em seguida, se mostram autoritários, fazendo com isso grassar a desesperança e a descrença entre os jovens. Outros o abandonam à primeira dificuldade. Entender-se de verdade com o outro, mantendo a ética e o equilíbrio frente a opiniões e objetivos contrários aos seus, é tarefa difícil - e raros são os que dominam tal competência.

Quem é autoridade e deseja exercê-la de forma a congregar, alcançar adesão e favorecer a afetividade - seja pai, chefe ou professor -, deve utilizar o diálogo como forma de busca de entendimento. Todos – líderes e liderados – precisamos estar cientes, porém, de que nem sempre seremos atendidos em tudo. É o que torna o diálogo tão difícil: a expectativa utópica de que, através dele, todos os anseios se concretizem. Ocorre, porém que entendimento não é atendimento. Não se pode supor que só houve diálogo quando atendem a tudo o que desejamos; diálogo é troca, análise, decisão; não é imposição.
No diálogo verdadeiro não há vencedores nem vencidos, há, isso sim, pessoas ou grupos que se ouvem sem pré-julgamentos; há respeito recíproco e intenção concreta de analisar argumentos e reivindicações. E, mais importante: há, ao final, aceitação das decisões tomadas pelo grupo ou pela autoridade - ainda que nem sempre tais decisões contemplem, no todo ou em parte, aquilo que todos e cada um desejavam.