domingo, 4 de novembro de 2012

Doutrina ao alcance do mouse


Proposta de formação online na Doutrina Social da Igreja

ROMA, quarta-feira, 31 de outubro de 2012 (ZENIT.org) – Com base em anos de experiência na organização de cursos presenciais sobre a Doutrina Social da Igreja, realizados em parceria com o Instituto Pastoral Redemptor Hominis, da Pontifícia Universidade Lateranense, será lançado em 5 de novembro de 2012 um novo curso online.
O curso é aberto a empresários, acadêmicos, executivos e profissionais.
Para informações:
Fundação Centesimus Annus - Pro Pontifice
E-mail: centannus@foundation.va
Site: http://centesimusannus.elearning.e-topia.biz

"A eucaristia no código canônico


Análise do Prof. Dr. Edson Sampel, Doutor em Direito Canônico

SÃO PAULO, sexta-feira, 02 de novembro de 2012 (ZENIT.org) - O sacramento da eucaristia é o centro de nossa religião e de nossa vida. Seria, pois, de supor que o código canônico contivesse normas jurídicas a respeito da administração e recepção deste santíssimo sacramento.
O cânon 842, parágrafo 2.º, preceitua que o batismo, a crisma e a eucaristia são indispensáveis para a plena iniciação cristã. Por outro lado, o cânon 528, parágrafo 2.º, determina ao pároco que tome as providências cabíveis, a fim de que o sacramento da eucaristia seja o “centro da comunidade paroquial”. Seguindo esta mesma lógica da constante presença da eucaristia, o cânon 1.065, parágrafo 2.º, recomenda que os noivos comunguem no momento da celebração do matrimônio.
A eucaristia dá força à caminhada do povo de Deus. É, com efeito, o alimento perene e indispensável. Este sacramento serve de parâmetro para a diocese. Assim, o cânon 369, ao definir a diocese, outorga especial relevância à eucaristia, pondo-a ao lado do evangelho: “A diocese é uma porção do povo de Deus confiada ao pastoreio do bispo com a cooperação do presbitério, de modo tal que, unindo-se ela a seu pastor e, pelo evangelho e pela eucaristia, reunida por ele no Espírito Santo, constitua uma Igreja particular, na qual está verdadeiramente presente e operante a Igreja de Cristo, uma, santa, católica e apostólica.”
O direito canônico dispõe sobre a eucaristia, com o intuito de salvaguardar este bem imensurável que Jesus nos legou. Além disso, a disciplina legal torna-se relevante ao fornecer balizas, delineando nossa relação com o sacramento.
Por fim, o cânon 920, parágrafo 1.º, estipula a obrigação de todo fiel de receber a eucaristia pelo menos uma vez ao ano. Não devemos frequentar este sacramento por imposição legal. Na verdade, a lei visa a garantir o mínimo de participação na eucaristia. De nossa parte, o ideal evangélico é que nos aproximemos constantemente deste sacramento, sob o influxo de um ardente amor a Deus a aos irmãos.
Edson Luiz Sampel é Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano. Professor do Instituto Teológico Pio XI (Unisal). Autor do livro “Questões de Direito Canônico” (Paulinas, 2010)."

Seminário da CNBB discute relação entre Estado e Sociedade


O evento reunirá no Centro Cultural de Brasília cerca de 120 participantes, representantes de instituições religiosas cristãs, entidades beneficentes e organizações sociais

BRASILIA, sexta-feira, 02 de novembro de 2012 (ZENIT.org) - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza, em parceria com a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB Nacional), a União Marista do Brasil (UMBRASIL) e o Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais (CAIS)/Misereo, o Seminário Nacional Relação Estado e Sociedade, nos dias 5 e 6 de novembro de 2012, em Brasília(DF). 
O evento reunirá no Centro Cultural de Brasília cerca de 120 participantes, representantes de instituições religiosas cristãs, entidades beneficentes e organizações sociais, com o objetivo de debater as relações do Estado com a sociedade civil, para a elaboração conjunta de sugestões que aprimorem as regulações em debate e ao fortalecimento da participação popular.
O Brasil é hoje a 7ª economia do mundo, porém é o 84º em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A perspectiva do debate proposto pelo Seminário é promover a melhoria do ambiente regulatório que propicie o desenvolvimento das instituições religiosas, entidades beneficentes e organizações da sociedade civil, parceiras do Poder Público na promoção dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável do País, de forma mais equitativa no campo social.
Temas como o acesso aos recursos públicos e o aprimoramento de incentivos fiscais para doações de pessoas físicas e jurídicas - que vêm sendo discutidos no âmbito da Plataforma para um Novo Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil (www.plataformaosc.org.br) - são alguns dos tópicos que devem vir à tona durante as discussões, com vistas a um melhor ambiente regulatório que beneficie a sociedade na construção do bem comum, ampliando o diálogo acerca de aspectos pendentes de regulação que impedem o avanço da colaboração das entidades sociais no enfrentamento da pobreza.
A metodologia do Seminário compreende mesas de debates em grupos temáticos com representantes da sociedade civil em diálogo com representantes do Governo para posterior discussão em plenária. Já confirmaram participação o Ministro Gilberto Carvalho, Ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República do Brasil (SGPR), e Diogo Santana, também da SGPR.
O Seminário tem ainda o apoio da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC); Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB); Cáritas Brasileira; Fundação Esquel; Grupo Marista; Editora FTD e School Picture.
(Fonte: Caritas Brasil)

Anuncia o poeta"a seca mudou da caatinga e foi morar em você"(Ivo Gato).E o filósofo"O deserto cresce,ai de quem guarda desertos"(Nietzsche)

Pesquisa mostra que crianças expõem vida pessoal nas redes sociais

Publicação: 03 de Novembro de 2012

Sexta-feira, fim da tarde. Crianças e adolescentes se divertem embaixo do bloco em um condomínio fechado de classe média alta da capital federal. É o anúncio da chegada do fim de semana. Entre as velhas brincadeiras, futebol e polícia e ladrão são algumas das preferidas. Mas, além de se divertirem como na época dos pais, a turma entre 9 e 13 anos tem outra mania: as redes sociais.

"Pelo menos, uma vez por dia, acesso [o Facebook] para conversar com meus amigos, jogar e compartilhar links com imagens de quadrinhos ou gravuras engraçadas", diz Guilherme Lima, de 11 anos.

A professora Fabíola Neves, mãe dele, diz que está sempre de olho no que o filho faz na rede. "Com o consentimento dele, tenho as senhas de conta de e-mail e redes socais e sempre vejo com quem ele conversa e que tipo de conteúdo acessa", conta. Porém, admite que não é possível monitorá-lo por 24 horas. "Não sei que conteúdos ele acessa quando não está em casa [na escola ou na casa de amigos], mas acredito que sejam sempre os mesmos. Se ele já tivesse visto algo inadequado ou tivesse em contato com estranhos, eu saberia pelo comportamento", garante.

As meninas da mesma faixa etária adoram combinar os encontros pelas redes sociais. Nas rodinhas, equipadas com seus smartphones e iPods, elas postam mensagens nas redes em que contam o local onde estão e o que estão fazendo, o famoso check in, assim como fotos pessoais, de celebridades ou de roupas e esmaltes em alta no mundo da moda. "Gosto de compartilhar e curtir o que minhas amigas postam e de saber o que elas estão fazendo", diz Luísa Neves, de 13 anos.

A atividade online intensa das crianças e dos adolescentes preocupa os especialistas. "Você acaba deixando o que a gente chama de um rastro digital muito preciso ao informar com muito detalhe o seu cotidiano. Isso registrado na internet pode ser acessado por pessoas mal intencionadas", alerta o psicólogo e diretor de prevenção da organização não governamnetal SaferNet Brasil, Rodrigo Nejm.

A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2012, divulgada no mês passado pelo Comitê Gestor da Internet no país, mostra a exposição dos pequenos no mundo virtual. Os indicadores revelam que, no país, 70% das crianças e dos adolescentes entrevistados têm perfil próprio nas redes sociais. Entre os menores de 13 anos, 42% dos entrevistados (na faixa de 9 e 10 anos) e 71% (de 11 e 12 anos) já fazem uso delas. A idade mínima exigida para ter um perfil na internet é 13 anos. Porém, grande parte altera a idade para ficar conectado.

A pesquisa, que entre abril e julho deste ano ouviu 1.580 crianças e adolescentes e o mesmo número de pais em todas as regiões brasileiras, também constatou que a maioria desses jovens coloca em seu perfil foto que mostra claramente o rosto (86%), expõe o sobrenome (69%) e pode navegar nas redes sociais quando quiser, sem acompanhamento dos pais (63%).

Um indicador que chama a atenção é que 53% dos pais afirmaram não usar a internet. No entanto, 71% acharam que as crianças usam a rede com segurança. Porém, a pesquisa mostra que entre crianças de 9 e 10 anos, 6% já tiveram contato na internet com alguém que não conhecia pessoalmente, entre 11 e 16 anos, o percentual sobe para 26%.

"Isso é muito sério porque esses mesmos pais que estão dizendo que é pouco provável que seus filhos tenham algum tipo de situação de perigo na internet, não conhecem exatamente que situações de vulnerabilidade seus filhos podem passar nesse ambiente. Há uma certa sensação de segurança dos pais que não obrigatoriamente se confirma na experiência concreta dos seus filhos que, às vezes, tem experimentado alguns conteúdos que podem trazer algum tipo de dano", acrescenta Rodrigo Nejm.

Na avaliação do psicólogo, a criança e o adolescente podem ter contato com conteúdo violento, pessoas estranhas e eventualmente até com criminosos. Apesar disso, ele destaca que mais importante é preparar esse público para lidar com situações de risco, que existem sempre, dentro e fora do ambiente virtual . "Quando a gente fala de conhecer novas pessoas, a gente tem que tomar cuidado para não fazer um pânico moral. É preciso olhar esses dados com cuidado, chamar a atenção para os perigos, mas também não é o caso de entrar em pânico e achar que a internet é superperigosa. Isso pode ser muito legal para questões de socialização", explica.

A proteção dos pequenos é uma das atribuições da Polícia Federal (PF), mas não em todos os casos. "Para a PF investigar precisa haver a publicação ou a disponibilização de arquivos envolvendo pornografia infantil na internet, pois desse modo essa prática tem caráter transnacional. A rigor, quando o caso se restringe ao armazenamento desse tipo de material e ao abuso de crianças, quem assume é a Polícia Civil", explica o delegado da PF Júlio César Fernandes, responsável pelo grupo especial de combate aos crimes de ódio e pornografia infantil na internet. O grupo, criado em 2003, recebe e analisa as denúncias. As investigações são feitas pelas delegacias de defesa institucional nas superintendências ou pelas delegacias descentralizadas.

Em entrevista à Agência Brasil, o delegado disse ainda que o perfil dos aliciadores é variado, sem faixa etária definida, mas a maioria é homem e solteiro. As principais investigações envolvendo pornografia infantil estão na região Centro-Sul do Brasil. "Ainda não sabemos se isso ocorre porque há um maior volume de casos ou porque lá as unidades estão mais especializadas. As unidades que têm mais volume também têm os responsáveis que estão há mais tempo à frente dessa área temática. Os trabalhos mais emblemáticos foram desenvolvidos pelas delegacias de defesa institucional do Paraná e do Rio Grande do Sul", destaca.

Fonte: Agência Brasil

Nunca imagine que uma rede social é "casa própria"... vc sempre estará de visita na casa de um desconhecido (o dono oculto do sistema).

sábado, 3 de novembro de 2012


Frei Betto: a morte anunciada dos Guarani-Kaiowá

03/11/2012
Frei Betto sempre esteve ao lado dos oprimidos e dos ameaçados de extinção como os indígenas. Aqui apresenta claramente o conflito que envolve os Guarani-Kaiowá, estes ameaçando suicídio coletivo caso suas demandas por terra não forem atendidas. São duas visões de mundo que se confrontam: aquela dos ruralistas que representam a perspectiva da terra como meio de produção numa lógica utilitarista e mercantil; a dos povos originários que veem a terra como prolongamento do corpo, como viva e “mãe do índio” como costumam dizer. Precisamos aprender desses representantes originários como entreter uma relação diferente para com a Terra, entendida como Gaia, Pacha Mama e Grande Mãe que nos dá gratuitamente tudo o que precisamos. Mãe não pode ser comprada, vendida ou tratada de qualquer jeito. Mãe é para ser venerada, respeitada e amada. Assim deve ser  com a Magna Mater, a boa e generosa Mãe Terra. LBoff
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A Justiça revogou a ordem de retirada de 170 índios Guarani-Kaiowá das terras em que habitam no Mato Grosso do Sul. Em carta à opinião pública, eles apelaram: “Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos, mesmo, em pouco tempo”.
         A  morte precoce, induzida – o que nós, caras-pálidas, chamamos de suicídio – é  recurso frequente adotado pelos Guarani-Kaiowá para resistirem frente às  ameaças que sofrem. Preferem morrer que se degradar. Nos últimos vinte anos,  quase mil indígenas, a maioria jovens, puseram fim às suas vidas, em protesto  às pressões de empresas e fazendeiros que cobiçam suas  terras.
        A  carta dos Guarani-Kaiowá foi divulgada após a Justiça Federal determinar a  retirada de 30 famílias indígenas da aldeia Passo Piraju, em Mato Grosso do  Sul. A área é disputada por índios e fazendeiros. Em 2002, acordo mediado pelo  Ministério Público Federal, em Dourados, destinou aos índios 40 hectares  ocupados por uma fazenda. O suposto proprietário recorreu à  Justiça.
         Segundo o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), vinculado à CNBB, há que  saber interpretar a palavra dos índios: “Eles falam em morte coletiva (o que é  diferente de suicídio coletivo) no contexto da luta pela terra, ou seja, se a  Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em tirá-los  de suas terras tradicionais, estão dispostos a morrerem todos nela, sem jamais  abandoná-las”, diz a nota.
        Dados  do CIMI indicam que, entre 2003 e 2011, foram assassinados, no Brasil, 503  índios. Mais da metade – 279 – pertence à etnia Guarani-Kaiowá. Em protesto, a  19 de outubro, em Brasília, 5 mil cruzes foram fincadas no gramado da  Esplanada dos Ministérios, simbolizando os índios mortos e  ameaçados.
      São  comprovados os assassinatos de membros dessa etnia por pistoleiros a serviço  de fazendeiros da região. Junto ao rio Hovy, dois índios foram mortos  recentemente por espancamentos e torturas.
        A  Constituição abriga o princípio da diversidade e da alteridade, e consagra o  direito congênito dos índios às terras habitadas tradicionalmente por eles.  Essas terras deveriam ter sido demarcadas até 1993. Mas, infelizmente, a  Justiça brasileira é extremamente morosa quando se trata dos direitos dos  pobres e excluídos.
        Um quarto de século após a aprovação da carta  constitucional, em 1988, as terras dos Guarani-Kaiowá ainda não foram  demarcadas, o que favorece a invasão de grileiros, posseiros e agentes do  agronegócio.
       Participei, no governo Lula, de  toda a polêmica em torno da demarcação da Raposa Serra do Sol. Graças à  decisão presidencial e à sentença do Supremo Tribunal Federal, os fazendeiros  invasores foram retirados daquela reserva indígena.
       No caso dos Guarani-Kaiowá não se vê, por enquanto, a  mesma firmeza do poder público. Até a Advocacia Geral da União, responsável  pela salvaguarda dos povos indígenas – pois eles são tutelados pela União –  chegou a editar portaria que, na prática, reduz a efetivação de vários  direitos.
       O argumento dos inimigos de nossos povos  originários é que suas terras poderiam ser economicamente produtivas. Atrás  desse argumento perdura a ideia de que índios são pessoas inúteis,  descartáveis, e que o interesse do lucro do agronegócio deve estar acima da  sobrevivência e da cultura desses nossos ancestrais.
      Os índios não são estrangeiros nas terras do  Brasil. Ao chegarem aqui os colonizadores portugueses – equivocamente  qualificados nos livros de história de “descobridores” – se depararam com mais  de 5 milhões de indígenas, que dominavam centenas de idiomas distintos. A  maioria foi vítima de um genocídio implacável, restando hoje, apenas, 817 mil  indígenas, dos quais 480 mil aldeados, divididos entre 227 povos que dominam  180 idiomas diferentes e ocupam 13% do território brasileiro.  
        Não adianta o governo brasileiro assinar  documentos em prol dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável se  isso não se traduzir em gestos concretos para a preservação dos direitos dos  povos indígenas e de nosso meio ambiente.
        Bem fez a presidenta Dilma ao efetuar cortes no  projeto do novo Código Florestal aprovado pelo Congresso. Entre o agrado a  políticos e os interesses da nação e a preservação ambiental, a presidente não  relutou em descartar privilégios e abraçar direitos coletivos.  
       Resta agora demonstrar a mesma firmeza na  defesa dos direitos desses povos que constituem a nossa raiz e que marcam  predominantemente o DNA do brasileiro, conforme comprovou o Projeto Genoma  Humano.
Frei Betto é escritor, autor da novela indigenista  “Uala, o amor” (FTD), entre outros livros.