quarta-feira, 10 de outubro de 2012

  Home > Sínodo > 10/10/2012 17:30:30



Sínodo: o reconhecimento do papel das mulheres na Igreja, essencial para a nova evangelização


Cidade do Vaticano (RV) - Na manhã desta quarta-feira, terceiro dia de atividades do Sínodo geral sobre a nova evangelização, os trabalhos, em andamento no Vaticano, se realizaram a portas fechadas. Na programação, a primeira sessão dos círculos menores e, na parte da tarde, retomada a discussão geral com o pronunciamento do arcebispo de Cantuária, Dr. Rowan Williams, para ilustrar o desafio da nova evangelização do ponto de vista anglicano.

Na tarde de terça-feira, por sua vez, grande destaque para o amplo pronunciamento do prefeito da Congregação para os Bispos, Cardeal Marc Ouellet. De fato, o purpurado apresentou um relatório sobre o acolhimento, no mundo, da Exortação apostólica de Bento XVI "Verbum Domini", publicada dois anos atrás e fruto do Sínodo sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, realizado em 2008.

Mais de 200 mil cópias difundidas em várias línguas: a difusão da Verbum Domini foi ampla no mundo inteiro. Mas o elemento de maior satisfação encontra-se no entusiasmo crescente dos fiéis pela Lectio Divina, sempre mais praticada nos ambientes mais diversificados, explicou o Cardeal Ouellet.

Ademais, percursos formativos são oferecidos pelas dioceses ou pelas comunidades para apoiar esse modo de encontrar Deus mediante a Sagrada Escritura.

Outros resultados positivos encontram-se na animação bíblica, sobretudo nas paróquias: o purpurado destacou numerosas Semanas ou Anos bíblicos organizados pelas Igrejas locais, bem como eventos de literatura ininterrupta da Palavra de Deus.

Destaque também para a iniciativa dos bispos estadunidenses que fizeram um guia homilético para sacerdotes e diáconos como resposta à Verbum Domini. Organizou-se também um Festival da pregação.

Também o setor científico expressou apreço pela Exortação apostólica, definida "o mais importante documento eclesial sobre a Sagrada Escritura após o Vaticano II, e que levou a um crescimento da colaboração entre pastores, teólogos e exegetas, contribuindo também para o acolhimento do livro do Papa dedicado a Jesus de Nazaré.

Foi também central a reflexão teológica e antropológica da Exortação apostólica, que afirma: o homem foi criado pela Palavra de Deus e é, portanto, filho de Deus em Cristo.

Por fim, o Cardeal Ouellet colocou a Verbum Domini em estreita relação com a nova evangelização: de fato, a Exortação apostólica se conclui com uma oração a fim de que o Espírito Santo suscite "zelosos anunciadores e testemunhas do Evangelho", tema principal do Sínodo atual.

Já na tarde desta terça-feira, a Assembléia dos bispos refletiu sobre numerosos temas, dentre os quais o papel das mulheres: na Igreja – afirmou-se na Sala do Sínodo – elas representam dois terços do total de membros e, no entanto, muitas delas se sentem discriminadas.

Mas é preciso afirmar com clareza – reiterou o Sínodo – que se a Igreja não faz a ordenação sacerdotal de mulheres, não é porque elas são menos capazes ou menos dignas, mas somente porque o sacerdote é um representante de Cristo, vindo para esposar a humanidade.

Em seguida, destacou-se como fundamental a contribuição consistente das mulheres para a evangelização, e gestos fortes deveriam indicar isso claramente, porque – ressaltaram os Padres sinodais – sem mulheres felizes, reconhecidas em sua essência e orgulhosas de sua pertença à Igreja, não haverá a nova evangelização.

O Sínodo recordou, ainda, a importância da nova evangelização também no âmbito ecológico – porque ela implica o respeito por todos os seres vivos – e do diálogo entre fé e cultura, na busca de pontos de encontro com aqueles que estão abertos à verdade e comprometidos na busca do bem comum.

Nesse sentido, uma grande ajuda é dada pelas paróquias, que não devem ser somente centros de serviços espirituais, mas devem "constituir redes" a fim de que as comunidades e os grupos de fiéis se sintam realmente discípulos missionários de Cristo.

O desafio, no fundo, é fazer compreender ao mundo que a fé cristã não está em contradição com a razão humana. Daí, a exortação a evangelizar mediante um testemunho de fé que ajude o homem a enfrentar, por exemplo, o drama da morte graças a uma cultura da vida que explique o seu sentido.

A esse propósito, os Padres sinodais recordaram as palavras do Cardeal Emmanuel Célestin Suhard, iniciador da missão na França: "Não se trata de obrigar o mundo a entrar na Igreja assim como ela é, mas de fazer uma Igreja capaz de acolher o mundo assim como ele é".

Por fim, no início da noite foi feita na Sala do Sínodo uma projeção especial: os participantes da Assembléia assistiram a uma versão sintética do documentário-filme sobre o Concílio Vaticano II, realizado pelo Pontifício Conselho das Comunicações Sociais e por Micromegas Comunicação, graças às imagens inéditas da Filmoteca Vaticana.

A distribuição mundial do documentário será feita a partir desta quinta-feira, 11 de outubro, dia da abertura do Ano da Fé, convocado por Bento XVI justamente para comemorar o 50º aniversário conciliar. (RL)

    Home > Igreja > 10/10/2012 17:50:50



Papa: Concílio Vaticano II, imagem da Igreja de Jesus Cristo que abraça todo o mundo


Cidade do Vaticano (RV) - O jornal da Santa Sé, L'Osservatore Romano, publicou uma edição especial por ocasião do 50° aniversário de abertura do Concílio Vaticano II.

A publicação, em 40 mil exemplares, é composta por narrativas intensas do período do concílio com detalhes de crônicas pouco conhecidas e fotografias raras. Abre essa edição o texto de Bento XVI que na época era jovem e participou como teólogo.

Segue na íntegra, o texto do Santo Padre.


Foi um dia maravilhoso aquele 11 de Outubro de 1962 quando, com a entrada solene de mais de dois mil Padres conciliares na Basílica de São Pedro em Roma, se abriu o Concílio Vaticano II. Em 1931, Pio XI colocara no dia 11 de Outubro a festa da Maternidade Divina de Maria, em recordação do facto que mil e quinhentos anos antes, em 431, o Concílio de Éfeso tinha solenemente reconhecido a Maria esse título, para expressar assim a união indissolúvel de Deus e do homem em Cristo. O Papa João XXIII fixara o início do Concílio para tal dia com o fim de confiar a grande assembleia eclesial, por ele convocada, à bondade materna de Maria e ancorar firmemente o trabalho do Concílio no mistério de Jesus Cristo. Foi impressionante ver entrar os bispos provenientes de todo o mundo, de todos os povos e raças: uma imagem da Igreja de Jesus Cristo que abraça todo o mundo, na qual os povos da terra se sentem unidos na sua paz.

Foi um momento de expectativa extraordinária pelas grandes coisas que deviam acontecer. Os concílios anteriores tinham sido quase sempre convocados para uma questão concreta à qual deviam responder; desta vez, não havia um problema particular a resolver. Mas, por isso mesmo, pairava no ar um sentido de expectativa geral: o cristianismo, que construíra e plasmara o mundo ocidental, parecia perder cada vez mais a sua força eficaz. Mostrava-se cansado e parecia que o futuro fosse determinado por outros poderes espirituais. Esta percepção do cristianismo ter perdido o presente e da tarefa que daí derivava estava bem resumida pela palavra «actualização»: o cristianismo deve estar no presente para poder dar forma ao futuro. Para que pudesse voltar a ser uma força que modela o porvir, João XXIII convocara o Concílio sem lhe indicar problemas concretos ou programas. Foi esta a grandeza e ao mesmo tempo a dificuldade da tarefa que se apresentava à assembleia eclesial.

Obviamente, cada um dos episcopados aproximou-se do grande acontecimento com ideias diferentes. Alguns chegaram com uma atitude mais de expectativa em relação ao programa que devia ser desenvolvido. Foi o episcopado do centro da Europa – Bélgica, França e Alemanha – que se mostrou mais decidido nas ideias. Embora a ênfase no pormenor se desse sem dúvida a aspectos diversos, contudo havia algumas prioridades comuns. Um tema fundamental era a eclesiologia, que devia ser aprofundada sob os pontos de vista da história da salvação, trinitário e sacramental; a isto vinha juntar-se a exigência de completar a doutrina do primado do Concílio Vaticano I através duma valorização do ministério episcopal. Um tema importante para os episcopados do centro da Europa era a renovação litúrgica, que Pio XII já tinha começado a realizar. Outro ponto central posto em realce, especialmente pelo episcopado alemão, era o ecumenismo: o facto de terem suportado juntos a perseguição da parte do nazismo aproximara muito os cristãos protestantes e católicos; agora isto devia ser compreendido e levado por diante a nível de toda a Igreja. A isto acrescentava-se o ciclo temático Revelação-Escritura-Tradição-Magistério. Entre os franceses, foi sobressaindo cada vez mais o tema da relação entre a Igreja e o mundo moderno, isto é, o trabalho sobre o chamado «Esquema XIII», do qual nasceu depois a Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo. Atingia-se aqui o ponto da verdadeira expectativa suscitada pelo Concílio. A Igreja, que ainda na época barroca tinha em sentido lato plasmado o mundo, a partir do século XIX entrou de modo cada vez mais evidente numa relação negativa com a era moderna então plenamente iniciada. As coisas deviam continuar assim? Não podia a Igreja cumprir um passo positivo nos tempos novos? Por detrás da vaga expressão «mundo de hoje», encontra-se a questão da relação com a era moderna; para a esclarecer, teria sido necessário definir melhor o que era essencial e constitutivo da era moderna. Isto não foi conseguido no «Esquema XIII». Embora a Constituição pastoral exprima muitas elementos importantes para a compreensão do «mundo» e dê contribuições relevantes sobre a questão da ética cristã, no referido ponto não conseguiu oferecer um esclarecimento substancial.

Inesperadamente, o encontro com os grandes temas da era moderna não se dá na grande Constituição pastoral, mas em dois documentos menores, cuja importância só pouco a pouco se foi manifestando com a recepção do Concílio. Trata-se antes de tudo da Declaração sobre a liberdade religiosa, pedida e preparada com grande solicitude sobretudo pelo episcopado americano. A doutrina da tolerância, tal como fora pormenorizadamente elaborada por Pio XII, já não se mostrava suficiente face à evolução do pensamento filosófico e do modo se concebia como o Estado moderno. Tratava-se da liberdade de escolher e praticar a religião e também da liberdade de mudar de religião, enquanto direitos fundamentais na liberdade do homem. Pelas suas razões mais íntimas, tal concepção não podia ser alheia à fé cristã, que entrara no mundo com a pretensão de que o Estado não poderia decidir acerca da verdade nem exigir qualquer tipo de culto. A fé cristã reivindicava a liberdade para a convicção religiosa e a sua prática no culto, sem com isto violar o direito do Estado no seu próprio ordenamento: os cristãos rezavam pelo imperador, mas não o adoravam. Sob este ponto de vista, pode-se afirmar que o cristianismo, com o seu nascimento, trouxe ao mundo o princípio da liberdade de religião. Todavia a interpretação deste direito à liberdade no contexto do pensamento moderno ainda era difícil, porque podia parecer que a versão moderna da liberdade de religião pressupusesse a inacessibilidade da verdade ao homem e, consequentemente, deslocasse a religião do seu fundamento para a esfera do subjectivo. Certamente foi providencial que, treze anos depois da conclusão do Concílio, tivesse chegado o Papa João Paulo II de um país onde a liberdade de religião era contestada pelo marxismo, ou seja, a partir duma forma particular de filosofia estatal moderna. O Papa vinha quase duma situação que se parecia com a da Igreja antiga, de modo que se tornou de novo visível o íntimo ordenamento da fé ao tema da liberdade, sobretudo a liberdade de religião e de culto.

O segundo documento, que se havia de revelar depois importante para o encontro da Igreja com a era moderna, nasceu quase por acaso e cresceu com sucessivos estratos. Refiro-me à declaração Nostra aetate, sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs. Inicialmente havia a intenção de preparar uma declaração sobre as relações entre a Igreja e o judaísmo – um texto que se tornou intrinsecamente necessário depois dos horrores do Holocausto (shoah). Os Padres conciliares dos países árabes não se opuseram a tal texto, mas explicaram que se se queria falar do judaísmo, então era preciso dedicar também algumas palavras ao islamismo. Quanta razão tivessem a este respeito, só pouco a pouco o fomos compreendendo no ocidente. Por fim cresceu a intuição de que era justo falar também doutras duas grandes religiões – o hinduísmo e o budismo – bem como do tema da religião em geral. A isto se juntou depois espontaneamente uma breve instrução relativa ao diálogo e à colaboração com as religiões, cujos valores espirituais, morais e socioculturais deviam ser reconhecidos, conservados e promovidos (cf. n. 2). Assim, num documento específico e extraordinariamente denso, inaugurou-se um tema cuja importância na época ainda não era previsível. Vão-se tornando cada vez mais evidentes tanto a tarefa que o mesmo implica como a fadiga ainda necessária para tudo distinguir, esclarecer e compreender. No processo de recepção activa, foi pouco a pouco surgindo também uma debilidade deste texto em si extraordinário: só fala da religião na sua feição positiva e ignora as formas doentias e falsificadas de religião, que têm, do ponto de vista histórico e teológico um vasto alcance; por isso, desde o início, a fé cristã foi muito crítica em relação à religião, tanto no próprio seio como no mundo exterior.

Se, ao início do Concílio, tinham prevalecido os episcopados do centro da Europa com os seus teólogos, nas sucessivas fases conciliares o leque do trabalho e da responsabilidade comuns foi-se alargando cada vez mais. Os bispos reconheciam-se aprendizes na escola do Espírito Santo e na escola da colaboração recíproca, mas foi precisamente assim que se reconheceram servos da Palavra de Deus que vivem e trabalham na fé. Os Padres conciliares não podiam nem queriam criar uma Igreja nova, diversa. Não tinham o mandato nem o encargo para o fazer: eram Padres do Concílio com uma voz e um direito de decisão só enquanto bispos, quer dizer em virtude do sacramento e na Igreja sacramental. Então não podiam nem queriam criar uma fé diversa ou uma Igreja nova, mas compreendê-las a ambas de modo mais profundo e, consequentemente, «renová-las» de verdade. Por isso, uma hermenêutica da ruptura é absurda, contrária ao espírito e à vontade dos Padres conciliares.

No Cardeal Frings, tive um «pai» que viveu de modo exemplar este espírito do Concílio. Era um homem de significativa abertura e grandeza, mas sabia também que só a fé guia para se fazer ao largo, para aquele horizonte amplo que resta impedido ao espírito positivista. É esta fé que queria servir com o mandato recebido através do sacramento da ordenação episcopal. Não posso deixar de lhe estar sempre grato por me ter trazido – a mim, o professor mais jovem da Faculdade teológica católica da universidade de Bonn – como seu consultor na grande assembleia da Igreja, permitindo que eu estivesse presente nesta escola e percorresse do interior o caminho do Concílio. Este livro reúne os diversos escritos, com os quais pedi a palavra naquela escola; trata-se de pedidos de palavra totalmente fragmentários, dos quais transparece o próprio processo de aprendizagem que o Concílio e a sua recepção significaram e ainda significam para mim. Em todo o caso espero que estes vários contributos, com todos os seus limites, possam no seu conjunto ajudar a compreender melhor o Concílio e a traduzi-lo numa justa vida eclesial. Agradeço sentidamente ao arcebispo Gerhard Ludwig Müller e aos colaboradores do Institut Papst Benedikt XVI pelo extraordinário compromisso que assumiram para realizar este livro.

Castel Gandolfo, na memória do bispo Santo Eusébio de Vercelas, 2 de agosto de 2012.

Bento XVI
Mensagem do dia
 
Quarta-Feira, 10 de outubro 2012
Não estipule metas pequenas em sua vida O Senhor quer que lutemos constantemente para rezar e viver as virtudes cristãs. Isso é coisa para santos, para pessoas que querem ser santas; este é o caminho do cristão, é o caminho de santificação, o caminho do bem. Essa é a receita para nos preparamos a vinda do Senhor.

Você pode achar que eu estou radicalizando, mas não o estou. Por isso, faça a meta de amar, entre na graça de Deus e em seu esforço você vai chegar longe: à santidade. E no céu só entram santos.

Ainda hoje pare, olhe de frente e decida-se a viver e a amar. O Senhor quer sua decisão, por isso, Ele o enche de graça. Não estipule metas pequenas em sua vida, estipule grandes. Não deixe as trevas ofuscarem o seu olhar. Por essa razão, precisamos do Espírito Santo.

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova
 


Quarta, 10 de outubro de 2012
Por que não me dizem verdade?

Existem muitas possibilidades numa resposta bem adequada! É possível que você não queira a verdade, embora continue indagando sobre ela, entretanto com as pessoas erradas.

Talvez você tenha cultivado uma espécie de relativização do que é certo e, no fundo, quem não admite a verdade que já foi dita é você. Também é possível que você tenha estabelecido a prática de tratar de coisas tão sérias, mas sempre com as pessoas erradas. Você gosta de ser vítima de tudo isso e conversa sempre com as pessoas erradas.

Por favor, acolha, reze o tempo que precisar e fale somente com quem deve falar.

Existe um círculo vicioso de mentiras e você precisa sair dele agora!




Seu irmão,
Ricardo Sá
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Vaticano II, redescobrir cada dia a beleza da fé



O Santo Padre se encontrou nesta manhã, na Praça São Pedro, com os peregrinos de diversas partes do mundo, vindos para a Audiência Geral das quartas-feiras. Dirigindo-se aos presentes, em sua catequese, Bento XVI colocou sua atenção sobre o cinquentenário do Concílio Vaticano II. Eis um resumo da alocução do Papa: 
"Estamos na vigília do dia no qual celebraremos os cinquenta anos da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II e o início do Ano da Fé. Com esta Catequese quero começar a refletir – com alguns breves pensamentos – sobre o grande evento da Igreja que foi o Concílio, evento do qual fui testemunha pessoal. Isso, por assim dizer, nos parece como um grande afresco, pintado em sua grande multiplicidade e variedade de elementos, sob a condução do Espírito Santo. E como diante de um grande quadro, daquele momento de graça continuamos ainda hoje a perceber a extraordinária riqueza, a redescobrir passagens especiais, fragmentos, entalhes.
Para mim foi uma experiência única: depois de todo o fervor e entusiasmo da preparação, pude ver uma Igreja viva – quase três mil Padres Conciliares de todas as partes do mundo reunidos sob a condução do Sucessor do Apóstolo Pedro – que se coloca na escola do Espírito Santo, o verdadeiro motor do Concílio. Raras vezes na história se pode, como então, quase “tocar” concretamente a universalidade da Igreja em um momento de grande realização de sua missão de levar o Evangelho em todo tempo e até os confins da terra. 
O Papa João XXIII desejava que a Igreja refletisse sobre a fé e sobre a verdade que a guiam. Mas para essa séria e aprofundada reflexão sobre a fé, deveria ser delineada de um modo novo a relação entre a Igreja e a era moderna, entre o Cristianismo e certos elementos essenciais do pensamento moderno, não para se amoldar a eles, mas para apresentar a este nosso mundo, que tende a se afastar de Deus, o ensinamento do Evangelho em toda sua grandeza e em toda sua pureza (cfr Discurso à Cúria Romana por ocasião dos cumprimentos natalinos, 22 de dezembro de 2005).
Penso também que devemos aprender a lição mais simples e mais fundamental do Concílio: o Cristianismo em sua essência consiste na fé em Deus, que é Amor trinitário, e no encontro pessoal e comunitário com Cristo, que orienta e conduz a vida. Tudo o mais é conseqüência. 
O Concílio nos recorda que a Igreja, em todos os seus componentes, tem o mandato de transmitir a palavra de amor do Deus que salva, para que seja ouvida e acolhida a chamada divina que contêm em si nossa felicidade eterna.
Olhando nessa perspectiva a riqueza contida nos documentos do Vaticano II, quero apenas nomear as quatro Constituições, quase os quatro pontos cardeais da bússola que nos orienta. A Constituição sobre a Sagrada Liturgia “Sacrosanctum Concilium” que indica como na Igreja desde o início adora Deus, como é a centralidade do mistério da presença de Cristo. E a Igreja, corpo de Cristo e povo peregrino no tempo, tem como realização fundamental glorificar Deus, como exprime a Constituição Dogmática “Lumen Gentium”. O terceiro documento que desejo citar é a Constituição sobre a divina Revelação “Dei Verbum”: A Palavra viva de Deus convoca a Igreja e a vivifica ao longo de todo seu caminho na história. O modo no qual a Igreja leva ao mundo inteiro a luz que recebeu de Deus para que seja glorificado, é o tema de fundo da Constiuição Pastoral “Gaudium et Spes”.
O Concílio Vaticano II é para nós um forte apelo para redescobrir cada dia a beleza de nossa fé, conhecê-la profundamente para uma relação mais intensa com o Senhor, a viver até o fundo nossa vocação cristã. A Virgem Maria, Mãe de Cristo e de toda a Igreja, nos ajude a realizar e a cumprir o que os Padres Conciliares, animados pelo Espírito Santo, guardavam no coração: o desejo que todos possam conhecer o Evangelho e encontrar o Senhor Jesus como caminho, verdade e vida".
Depois de proferir esta catequeese em italiano, Bento XVI fez resumos em várias línguas, inclusive em português. Eis o que disse:
"Amanhã, estaremos celebrando os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II e o início do Ano da Fé. Hoje, queria refletir sobre a importância que este Concílio teve na vida da Igreja, um evento do qual fui uma testemunha direta. Foi uma oportunidade de ver uma Igreja viva: quase três mil Padres conciliares vindos de todas as partes do mundo, reunidos sob a guia do Sucessor do Apóstolo Pedro; era possível quase tocar de modo concreto a universalidade da Igreja. O Concílio Vaticano II, ao contrário dos Concílios precedentes, não foi convocado para definir elementos fundamentais da fé, corrigindo erros doutrinais ou disciplinares, mas tinha como objetivo delinear de um modo novo a relação da Igreja com a idade moderna: não para conformar-se a ela, mas para apresentar a este mundo, que tende a afastar-se de Deus, a beleza da fé em toda a sua grandeza e pureza, para que todos os homens possam conhecer o Evangelho e encontrar o Senhor Jesus, como caminho, verdade e vida. 
Saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, especialmente os diversos grupos de brasileiros, com votos de que esta peregrinação vos sirva de estímulo para aprender a redescobrir a cada dia a beleza da fé, para que tenhais uma união sempre mais intensa com Cristo, vivendo plenamente a vossa vocação cristã. Que Deus vos abençoe! Obrigado".
No final do encontro, o Papa concedeu a todos a sua bênção apostólica.
Fonte: Rádio Vaticano
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Ano da Fé

Tendo em vista a nova Evangelização para a transmissão da fé cristã, Bento XVI convoca um Sínodo em Roma, de 7 a 28 de outubro. Sínodo significa caminhar juntos em direção à mesma meta. Na esperança de intensificar a ação evangelizadora, o Papa abre o Ano da Fé no dia 11 próximo, estendendo-se até 30 de novembro de 2013. Também a Arquidiocese da Paraíba celebra um Sínodo em memória dos 100 anos de serviço evangelizador, avaliando a qualidade de nossa ação. O Ano da Fé traduz a preocupação da Igreja Católica que enfrenta o distanciamento de milhares de cristãos batizados. A pergunta fundamental sobre a crise de fé é: por que os cristãos abandonam a Igreja? Isso significa que abandonam a fé? Será que os cristãos buscam a felicidade, como se o amor de Deus e ao próximo não mais importasse? Será que estamos vivenciando uma espécie de ateísmo?
A sociedade de consumo condiciona a vida e as escolhas das pessoas. Os valores que brotam da fé cristã não coincidem com a busca da felicidade apresentada pelos padrões ordenados pela sociedade atual. Excetuando a legítima luta pela sobrevivência pessoal e familiar, a sociedade de consumo induz as pessoas à excessiva preocupação consigo mesmas. Vive-se um clima acentuado de individualismo e autossuficiência. Exemplos: leva-se vantagem sobre os outros; casais se unem por um tempo e decidem não gerar filhos; a preocupação geral é ganhar dinheiro para gozar a vida; o interesse pelas coisas substitui o interesse pelas pessoas. Dá-se mais importância a um cão de estimação do que por melhorias de condições de vida dos empobrecidos e descartados da sociedade. É isso aí...
Os valores da fé são suplantados pela busca do prazer de viver até que Deus se encarregue de sacudir a vida da gente com alguma prova. Deus não desiste de nós. Seu amor para conosco é incomensurável. A fé é dom de Deus. A fé leva os filhos e filhas de Deus a buscarem a felicidade na fraternidade solidária, aberta aos outros. A fé nos abre horizontes de esperança e amor a Deus e aos semelhantes. A fé é dom de Deus que aviva a sua imagem em nós. Duvida-se se alguém encontraria o sentido da existência sem amar seus semelhantes. A fé é acompanhada de amor e de esperança. A fé nos faz sair do egoísmo e nos leva ao encontro dos outros.
Será que a fé cristã tende ao desaparecimento? Dando por descontada a interpretação da fé deste ou daquele credo religioso, evitemos confundir fé e religião. O pressuposto da fé cristã reside no dom que recebemos de Deus. A fé é dom divino, transcendente, sobrenatural. A fé não depende da minha opinião. Não sou eu quem cria a fé. Deus vem ao meu encontro e me concede gratuitamente o dom da fé. Deus ilumina todo ser humano que vem a este mundo. Deus tem cada ser humano como seu filho e filha. Se os valores da fé cristã não incidem na vida e no comportamento das pessoas, talvez seja porque muitos cristãos batizados não são orientados e acompanhados na fé. Os valores decorrentes do Evangelho de Jesus talvez sejam abstratamente conhecidos, mas pouco praticados na vida.



Dom Aldo Di Cillo Pagotto é Arcebispo da Arquidiocese da Paraíba.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Home > Igreja > 09/10/2012 19:36:00




Cardeal Maragiada: Honduras precisa mudar


Tegucigalpa (RV) - O Arcebispo de Tegucigalpa, Cardeal Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, em vista das eleições primárias, convidou os hondurenhos a votar nos cidadãos que têm o potencial justo para governar.

O cardeal insistiu na idéia de que para mudar o país devem ser eleitos os melhores cidadãos e, certamente, não os políticos que foram marcados pela corrupção. "Honduras precisa mudar", disse o purpurado durante a missa celebrada na Catedral.

O Cardeal Maradiaga chamou os políticos a fazerem um exame de consciência e lembrou que "os hondurenhos vivem numa sociedade que virou as costas para Deus e só busca o dinheiro a todo custo, mesmo que se trate de dinheiro proveniente da corrupção, do narcotráfico ou da corrupção política".

A imprensa local falou nesses dias da existência de "narcoplanillas", ou seja, uma lista de políticos que ganham dinheiro através do narcotráfico. Neste momento o país está vivendo a campanha eleitoral.

As eleições primárias em Honduras se realizarão em 18 de novembro próximo. Participarão três partidos que deverão escolher seus candidatos para as eleições regionais e presidenciais a serem realizadas em 2013. (MJ)