sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Crianças que não brincam têm seu desenvolvimento prejudicado

Educadores se equivocam ao substituir o livre brincar por brincadeiras pedagógicas, afirma psicóloga.

O direito de brincar é reconhecido internacionalmente desde 1959 como consta na Declaração Universal dos Direitos da Criança, que prevê o brincar como uma vertente do direito à liberdade de meninos e meninas. Segundo especialistas, a infância brasileira tem passado por profundas transformações, influenciada pela intolerância do capitalismo, pelo complexo sistema da globalização, e pela redução do tempo livre devido ao “culto ao trabalho”, dentre outros fenômenos sociais modernos.
Brincadeiras de rua, banho de mangueira no quintal, ter contato com animais e correr livremente por aí, são algumas das atividades consideradas importantes para o processo de aprendizagem infantil. Porém, o trabalho, que a princípio deveria atingir somente a fase adulta, já faz parte do universo infantil, reduzindo cada vez mais o tempo da infância. O direito ao lazer e brincar, legitimado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pela Constituição, é tratado como menos importante ou supérfluo.
Passa muitas vezes despercebido na elaboração de políticas públicas que protegem e garantem os direitos de crianças e adolescentes em todos os campos, como afirma um dos coordenadores do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Silvio Kaloustian. “É importante ressaltar a relevância da questão dos direitos em todos os campos. Fala-se sempre em saúde, educação, cultura e lazer de forma isolada, mas são áreas totalmente sinérgicas e que uma política pública deveria vê-las como um todo”.
Lazer e trabalho

Em relação ao lazer, não só no Brasil como no mundo, existem várias pesquisas científicas que apontam a relevância, a importância e a necessidade para que crianças tenham espaços privilegiados para brincadeira. “Brincar desenvolve as capacidades e competências de uma forma integrada. É quando a questão da sociabilidade é colocada, a convivência com as diferenças é ressaltada e é nesse ambiente que alcançamos a formação do ser humano de forma plena”, explica Kaloustian. Para uma criança ou adolescente que trabalha, há a perda dessa formação e a violação do direito. “Não só o ECA como a Constituição Brasileira e toda normativa nacional e internacional assegura à criança e ao adolescente o direito de estudar e participar de uma vida comunitária ativa e protagônica. E nós sabemos que o trabalho não é a forma como isso se desenvolve”, garante o coordenador.
Muitas pessoas ainda acreditam que as crianças brincam apenas por prazer. Mas é por meio das brincadeiras que elas aprendem, experimentam situações, descobrem outras possibilidades e que buscam entender o significado das atividades realizadas pelos adultos. “Com certeza uma criança que trabalha não tem o mesmo entendimento do lazer e do brincar em relação à outra que não trabalha,” afirma o representante do Unicef. “O ato de trabalhar nessa faixa etária impede que ela desenvolva em plenitude as suas capacidades e competências, ou seja, há uma queima de oportunidades, não só pela legislação como uma perda da infância”, conclui.
Para a psicóloga e professora de pós-graduação em projetos sociais do Senac, Silvia Sá, a situação de uma criança que trabalha ver que outra pode brincar enquanto ela não, pode gerar estresse e tristeza. “Quando uma delas tem esse direito básico tirado, há grandes chances da criança não entender as diferenças de papeis nas relações pessoais. Assim, poderá terá o desenvolvimento pessoal e intelectual comprometidos e, ao pular essa etapa na vida, ela pode encontrar dificuldades com regras de convívio social”, explica.
Escola é lugar de brincar

A relação de lazer na escola e instituições de ensino também são afetadas por essa visão superficial do significado do direito ao lazer. Muitas vezes o educador imagina que as brincadeiras pedagógicas podem entrar no lugar do brincar, o que pode ser um pensamento equivocado, de acordo com Sá. “Apesar da criança também gostar desse tipo de brincadeira, ela não pode entrar no lugar do brincar livremente. É nesse espaço que a criança cria as próprias regras, inventa o próprio jogo, se comunica e pensa livre o que quer fazer e compartilhar socialmente”.
A psicóloga ainda faz um alerta sobre o desempenho escolar e o trabalho na infância de meninos e meninas que, consequentemente, brincam menos ou não têm tempo para o lazer. “A situação em que essas crianças se encontram, as distancia da infância e do pensamento de que é possível imaginar algo diferente da realidade tão dura e que afasta a fantasia e a imaginação, não permitindo pensar outras formas de enxergar o mundo”.
De acordo com o coordenador do Unicef, não adianta garantir uma escola de qualidade sem que se tenha retaguardas no campo da proteção, assistência e esporte, por exemplo. “O Unicef destaca a importância do lazer não somente no ambiente escolar, mas em todos os espaços. Sabemos que todo espaço público, familiar e comunitário é de aprendizagem e precisam ser estimulados”, explica Kaloustian, ao concluir que a principal tarefa é garantir que a criança e o adolescente se desenvolvam de forma plena.
Fonte: http://portal.aprendiz.uol.com.br/2012/12/18/criancas-que-nao-brincam-tem-seu-desenvolvimento-prejudicado/

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Juventude e seus caminhos


Educação de jovens e adultos perde quase 1 milhão de alunos desde 2007

Heloisa Cristaldo
Da Agência Brasil, em Brasília
O número de matrículas este ano na EJA (educação de jovens e adultos) caiu 3,4% em relação às de 2011. Ao todo, estão matriculados 3.906.877 alunos e, no ano passado, eram 4.046.169 matrículas. A EJA inclui estudantes do ensino fundamental e médio.
Desde o início da série histórica, em 2007, são quase 1 milhão a menos de jovens e adultos nas salas de aula. Naquela ocasião, foram matriculados 4.985.338 alunos. As informações fazem parte dos dados consolidados do Censo Escolar 2012, divulgados pelo MEC (Ministério da Educação) na noite desta quinta (20). Ao todo, foram identificadas 50.545.050 estudantes matriculados na educação básica (infantil, fundamental e ensino médio).
As informações do Censo Escolar servem de base para distribuição de recursos públicos para estados e municípios, como o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) e o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar).
De acordo com o MEC, a publicação dos dados atende ao dispositivo da Lei 11.494/2007, conhecida como Lei do Fundeb. As demais informações relativas ao fluxo e aprovação dos alunos ainda estão em fase de coleta, com publicação prevista para março do próximo ano.

CARTILHA

Cartilha sobre a violência contra as mulheres

Em todas as partes do mundo, as mulheres ainda sofrem muita violência. Uma cartilha ajuda no debate e na luta contra essa anomalia dos humanos.
A organização internacional Via Campesina, produziu a cartilha As camponesas e os camponeses do mundo dizem: Basta de violência contra as mulheres! A intenção da cartilha é proporcionar a reflexão e discussão sobre um dos temas que, infelizmente, faz parte do cotidiano das mulheres em qualquer parte do mundo: a violência que, na maioria das vezes, é sistematicamente silenciada, naturalizada e invisibilizada por uma sociedade capitalista e patriarcal.
É um subsídio rico e profundo que aborda a realidade da violência contra as mulheres, analisa as causas e propõe ações. Esta violação dos direitos humanos não pode mais ser ignorada.
Fonte: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=72041

Teólogo Nicola Bux acerca de livro do Papa sobre Jesus: um best-seller que une coração e razão



Cidade do Vaticano (RV) - "A infância de Jesus", de autoria de Joseph Ratzinger, se confirma, há algumas semanas, o livro mais vendido na Itália e é um best-seller também internacional. Portanto, mais uma vez os livros de Bento XVI – o mesmo pode-se dizer acerca de suas encíclicas – se tornam sucessos editoriais. Para uma reflexão sobre os frutos possíveis da leitura desse livro, a Rádio Vaticano ouviu o teólogo consultor da Congregação para a Doutrina da Fé, Pe. Nicola Bux. Eis o que disse:

"Creio que os frutos são a possibilidade de colocar lado a lado coração e razão, porque o Papa com este livro se aproxima de ambas essas duas dimensões, e, dentre outras coisas, as atribui à figura de Maria, como mulher de grande interioridade, que mantém, juntos, coração e razão. É justamente aquilo de que nós hoje precisamos, de manter juntos esses dois elementos, o coração e a razão. Pode ajudar muitas pessoas a entenderem, com ambas essas faculdades fundamentais do nosso ser, uma figura, uma presença como a presença de Jesus. É claro que o Papa o faz com um estilo de grande estudioso – que a meu ver deveria levar muitos exegetas, eclesiásticos e leigos a refletirem – para fazer entender que é preciso ajudar as pessoas a se aproximarem da Sagrada Escritura. E o faz com um talho, ao mesmo tempo, douto e muito simples, e isso faz entender que hoje é preciso argumentar e apresentar a fé, as razões da fé." (RL)

Natal do Menino Abandonado

17/12/2012 | Alfredo J. Gonçalves* Eu o vi nos grandes centros comerciais, os shopping-centers,
deitado num simulacro de manjedoura, no interior de uma gruta,
rodeado de Maria, José, os pastores, os reis magos e alguns animais;
mas as atenções das pessoas concentravam-se sobre outra figura:
vestida de cores fortes, barbas longas e brancas, sentado num trono,
distribuía sorrisos e carinhos, abraços e presentes às crianças;
o verdadeiro protagonista da festa, acanhado a um canto,
permanecia solitário e ignorado pela imensa maioria,
a exemplo de tantos meninos e meninas abandonados pela cidade.
Eu o vi em algumas ruas ou praças da grande metrópole,
ao lado de estátuas de pessoas e animais acima do tamanho normal:
construções artísticas, criativas, profusamente iluminadas e enfeitadas,
os personagens bíblicos fazendo companhia ao menino no seu berço de palha;
mas os transeuntes não dispunham de muito tempo para contemplar a cena,
a ansiedade denunciava o frenesi e a voracidade dos encontros e das compras,
como se todos estivesses embriagados pelo brilho das luzes e presentes;
o protagonista maior desaparecia na torrente da multidão agitada,
como milhares de crianças em busca de abrigo, comida e carinho,
sós, órfãs e perdidas nos becos sem saída do álcool, violência ou droga.
Eu o vi no interior de muitas casas, onde a tradição cristã exige o presépio:
o mesmo menino, as mesmas figuras, os mesmos animais, o mesmo arranjo,
com o acréscimo progressivo da árvore, do Papai Noel e de vários enfeites;
a família, porém, tinha mil outros afazeres, próprios do final de ano,
não podendo perder tempo com reflexões sobre semelhante cenário;
roupas e sapatos, eletrônicos e eletrodomésticos, novidades de todo tipo,
exigiam muita pesquisa, variados preparativos e uma série de esforços;
pouca ou nenhuma atenção merecia a imagem do recém nascido,
como milhões de meninos e meninas marcados pelo abandono e a miséria.
Eu o vi nas Igrejas, não raro em arquiteturas caras e sofisticadas,
com a sagrada família e as tradicionais figuras ao redor dela
movimentando-se através de mecanismos e engrenagens invisíveis;
as cores e a indumentária das autoridades eclesiásticas, porém,
por vezes ofuscavam a simplicidade, a nudez e a humildade do menino;
outras vezes um liturgismo rígido e ritualista, primando pela formalidade,
afastava os fiéis do contato vivo com a Boa Nova da Encarnação;
como aos saduceus e fariseus de todos os tempos,
a miopia e a cegueira impediam de sentir a aurora do amor divino, incondicional e revestido de perdão, misericórdia e compaixão,
como também de inúmeros meninos que já nascem condenados à morte.
Amor personificado na singela imagem do presépio e do recém-nascido.
* Alfredo J. Gonçalves, CS, é assessor das Pastorais Sociais e superior provincial dos missionários carlistas.
Fonte: Alfredo J. Gonçalves / Revista Missões

Brasil começa a produzir primeiro genérico para tratamento do câncer

19/12/2012 | Vitor Abdala / Agência Brasil O Sistema Único de Saúde (SUS) recebeu hoje (19) o primeiro lote do medicamento mesilato de imatinibe, usado no tratamento de leucemia mieloide crônica e do tumor do estroma gastrointestinal. O remédio é produzido pelos laboratórios públicos Farmanguinhos e Vital Brazil, em parceria com cinco laboratórios privados.
Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é o primeiro medicamento genérico para o câncer produzido no Brasil. De acordo com ele, no país, cerca de 8 mil pessoas dependem do medicamento, que era comprado de um laboratório estrangeiro por R$ 140 milhões por ano. Com a produção do remédio nacional, o Ministério da Saúde acredita que serão economizados cerca de R$ 340 milhões nos próximos quatro anos.
"O Brasil passa a produzir aqui no país um genérico para o câncer, garantindo, para a nossa população, um remédio com qualidade e garantindo que o Brasil seja autossuficiente em relação a isso. Ou seja, é o Brasil podendo garantir, cada vez mais, o tratamento à sua população, independentemente de qualquer oscilação do mercado internacional", disse Padilha.
O primeiro lote, entregue hoje, contém 220 mil comprimidos. Em 2013, devem ser produzidos 5 milhões de comprimidos, o suficiente para atender a toda a demanda nacional. O ministro disse que a economia garantida pela produção nacional do medicamento pode ser revertida na produção e no suprimento de mais medicamentos à população.
Outro benefício de produzir remédios no país, com a compra garantida pelo Ministério da Saúde, é criar mercado para que grupos farmacêuticos brasileiros e estrangeiros invistam mais na pesquisa e produção no Brasil. Padilha disse ainda que o Ministério da Saúde quer que o país comece a produzir marcapassos e retome a produção de insulina.
Em visita ao Rio de Janeiro, o ministro também comentou a decisão da Justiça do Rio de manter internada uma usuária de crack. Segundo Padilha, uma lei federal já estabelece que internações compulsórias de dependentes químicos podem ocorrer em determinadas situações.
"O fundamental é ajudar a cidade do Rio de Janeiro. O Ministério da Saúde está do lado do prefeito Eduardo Paes para ampliarmos a rede de cuidado e atendimento à pessoa que é vítima da dependência química do crack. O decisivo no enfrentamento do crack e da dependência química não é só cuidar ou internar, mas reconstruir o projeto de vida dessas pessoas. Por isso, estamos apostando na ampliação dos consultórios nas ruas, em que os profissionais avaliam se a pessoa corre risco de vida, se ela precisa ou não ser submetida à internação", disse.
Fonte: www.agenciabrasil.ebc.com.br