O Frei Raimundo é um testemunho de amor à Igreja na opção pelos mais necessitados. Dedica sua vida ao Movimento Fé e Luz. Sua presença no meio dos mais pobres não diminui sua grandeza de sacerdote fiel a Cristo. Um grande amigo do Fé e Luz. Estamos aguardando sua chegada em nossas terras para um encontro das comunidades Fé e Luz. Que Deus abençoe este homem de Deus que nos fortalece na fé. Na foto, em 2003, na ocasião recebi junto com Benedita o mandato e envio como coordenador do Movimento Fé e Luz. Na atualidade está coordenadora a nossa amiga Cristina.
sábado, 24 de agosto de 2013
Fé e Luz:o sepulcro vazio é sinal de vitória
O sepulcro vazio não é sinal de tristeza. Ao contrário, algo bom vai acontecer, é tempo de renovação e inclusão nos serviços pastorais. Para aqueles que vivem tão somente de aparências não se conformam com o sepulcro vazio. Foi necessário o esvaziar do sepulcro para que o coração humano se preenchesse de esperança e amor. O sepulcro vazio é o momento de parar e renovar forças para prosseguir na caminhada. Não é um momento fácil porque na reflexão encontramos novas pistas de ação. Desse modo pensamos, como recomeçar? A resposta não é nossa mas Deus que nos fala ao coração. A palavra de Deus continua atualizada revolucionando o coração humano. Portanto, o sepulcro vazio não é sinal de derrota mas de vitória, compromisso com a verdade e a justiça.
Aos amigos do Movimento Fé e Luz, é tempo de renovarmos nossa esperança, é tempo de prioridade. A prioridade é o Movimento Fé e Luz que faz a experiência do sepulcro vazio. Que aos olhos do mundo é sinal de fraqueza e derrota. Mas, aos olhos da fé, o sepulcro vazio é sinal de fortalecimento, esperança e vigor. Muita paz para todos! (Carlos)
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Desafio urgente

Leonardo Boff
Desafio urgente: a responsabilidade socio-ambiental das empresas
23/08/2013
Já se deixou para trás o economicismo do Nobel, Milton
Fridman que no Time de setembro de 1970 dizia:” a responsabilidade
social da empresa consiste em maximalizar os ganhos do acionistas”. Mais
realista é Noam Chomsky: “As empresas é o que há de mas próximo das
instituições totalitárias. Elas não têm que prestar esclarecimento ao
público ou à sociedade. Agem como predadoras, tendo como presas as
outras empresas. Para se defender, as populações dispõem apenas de um
intrumento: o Estado. Mas há no entanto uma diferença que não se pode
negligenciar: enquanto, por exemplo, a General Electric, não deve
satisfação a ninguém, o Estado deve regularmente se explicar à
população”(em Le Monde Diplomatique Brasil, n. 1, agosto 2007, p. 6).
Já há décadas que as empresas se deram conta de que são parte da sociedade e que carregam a responsabilidade social no sentido de colaborarem para termos uma sociedade melhor.
Ela pode ser assim definida: A responsabilidade social é a obrigação que a empresa assume de buscar metas que, a meio e longo prazo, sejam boas para ela e também para o conjunto da sociedade na qual está inserida.
Essa definição não deve ser confundida com a obrigação social que significa o cumprimento das obrigações legais e o pagamento dos impostos e dos encargos sociais dos trabalhadores. Isso é simplesmente exigido por lei. Nem significa a resposta social: a capacidade de uma empresa de responder às mudanças ocorridas na economia globalizada e na sociedade, como por exemplo, a mudança da politica econômica do governo, uma nova legislação e as trasformações do perfil dos consumidores. A resposta social é aquilo que uma empresa tem que fazer para adequar-se e poder se reproduzir.
Responsabilidade social vai além disso tudo: o que a empresa faz, depois de cumprir com todos os preceitos legais, para melhorar a sociedade da qual ela é parte e garantir a qualidade de vida e o meio ambiente? Não só que ela faz para a comunidade, o que seria filantropia, mas o que ela faz com a comunidade, envolvendo seus membros com projetos elaborados e supervisionados em comum. Isso é libertador.
Nos últimos anos, no entanto, graças à consciência ecológica despertada pelo desarranjo do sistema-Terra e do sistema-vida surgiu o tema da responsabilidade socio-ambiental. O fato maior ocorreu no dia 2 de fevereiro do ano de 2007 quando o organismo da ONU que congrega 2.500 cientistas de mais de 135 países o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC), após seis anos de pesquisa, deu a público seus dados. Não estamos indo ao encontro do aquecimento global e de profundas mudanças climáticas. Já estamos dentro delas. O estado da Terra mudou. O clima vai variar muito, podendo, se pouco fizermos, chegar até a 4-6 graus Celsius. Esta mudança, com 90% de certeza, é androgênica, quer dizer, é provocada pelo ser humano, melhor, pelo tipo de produção e de consumo que já tem cerca de três séculos de existência e que hoje foi globalizado. Os gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono e o metano são os principais causadores do aquecimento global.
A questão que se coloca para as empresas é esta: em que medida elas concorrem para despoluir o planeta, introduzir um novo paradigma de produção, de consumo e de elaboração dos dejetos, em consonância com os ritmos da natureza e a teia da vida e não mais sacrificando os bens e serviços naturais.
Esse é um tema que está sendo discutido em todas as grandes corporações mundiais, especialmente depois do relatório de Nicholas Stern (ex-economista-senior do Banco Mundial), do relatório do ex-vice presidente dos USA Al Gore, “Uma verdade incômoda” e dos várias Convenções da ONU sobre o aquecimento global. Se a partir de agora não se investirem cerca de 450 bilhões de dólares anuais para estabilizar o clima do planeta, nos anos 2030-2040 será tarde demais e a Terra entrará numa era das grandes dizimações, atingindo pesadamente a espécie humana. Uma reunião de julho de 2013 da Agencia Internacional de Energia (AIE) enfatizava que as decisões tem que ser tomadas agora e não em 2020. O ano 2015 é nossa última chance. Depois será tarde demais e iríamos ao encontro do indizível.
Estas questões ambientais são de tal importância que se antepõem à questão da simples responsabilidade social. Se não garantirmos primeiramente o planeta Terra com seus ecosistemas, não há como salvar a sociedade e o complexo empresarial. Portanto: é urgente a responsabilidade socio-ambiental das empresas e dos Estados
Fonte: Leonardo Boff
Já há décadas que as empresas se deram conta de que são parte da sociedade e que carregam a responsabilidade social no sentido de colaborarem para termos uma sociedade melhor.
Ela pode ser assim definida: A responsabilidade social é a obrigação que a empresa assume de buscar metas que, a meio e longo prazo, sejam boas para ela e também para o conjunto da sociedade na qual está inserida.
Essa definição não deve ser confundida com a obrigação social que significa o cumprimento das obrigações legais e o pagamento dos impostos e dos encargos sociais dos trabalhadores. Isso é simplesmente exigido por lei. Nem significa a resposta social: a capacidade de uma empresa de responder às mudanças ocorridas na economia globalizada e na sociedade, como por exemplo, a mudança da politica econômica do governo, uma nova legislação e as trasformações do perfil dos consumidores. A resposta social é aquilo que uma empresa tem que fazer para adequar-se e poder se reproduzir.
Responsabilidade social vai além disso tudo: o que a empresa faz, depois de cumprir com todos os preceitos legais, para melhorar a sociedade da qual ela é parte e garantir a qualidade de vida e o meio ambiente? Não só que ela faz para a comunidade, o que seria filantropia, mas o que ela faz com a comunidade, envolvendo seus membros com projetos elaborados e supervisionados em comum. Isso é libertador.
Nos últimos anos, no entanto, graças à consciência ecológica despertada pelo desarranjo do sistema-Terra e do sistema-vida surgiu o tema da responsabilidade socio-ambiental. O fato maior ocorreu no dia 2 de fevereiro do ano de 2007 quando o organismo da ONU que congrega 2.500 cientistas de mais de 135 países o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC), após seis anos de pesquisa, deu a público seus dados. Não estamos indo ao encontro do aquecimento global e de profundas mudanças climáticas. Já estamos dentro delas. O estado da Terra mudou. O clima vai variar muito, podendo, se pouco fizermos, chegar até a 4-6 graus Celsius. Esta mudança, com 90% de certeza, é androgênica, quer dizer, é provocada pelo ser humano, melhor, pelo tipo de produção e de consumo que já tem cerca de três séculos de existência e que hoje foi globalizado. Os gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono e o metano são os principais causadores do aquecimento global.
A questão que se coloca para as empresas é esta: em que medida elas concorrem para despoluir o planeta, introduzir um novo paradigma de produção, de consumo e de elaboração dos dejetos, em consonância com os ritmos da natureza e a teia da vida e não mais sacrificando os bens e serviços naturais.
Esse é um tema que está sendo discutido em todas as grandes corporações mundiais, especialmente depois do relatório de Nicholas Stern (ex-economista-senior do Banco Mundial), do relatório do ex-vice presidente dos USA Al Gore, “Uma verdade incômoda” e dos várias Convenções da ONU sobre o aquecimento global. Se a partir de agora não se investirem cerca de 450 bilhões de dólares anuais para estabilizar o clima do planeta, nos anos 2030-2040 será tarde demais e a Terra entrará numa era das grandes dizimações, atingindo pesadamente a espécie humana. Uma reunião de julho de 2013 da Agencia Internacional de Energia (AIE) enfatizava que as decisões tem que ser tomadas agora e não em 2020. O ano 2015 é nossa última chance. Depois será tarde demais e iríamos ao encontro do indizível.
Estas questões ambientais são de tal importância que se antepõem à questão da simples responsabilidade social. Se não garantirmos primeiramente o planeta Terra com seus ecosistemas, não há como salvar a sociedade e o complexo empresarial. Portanto: é urgente a responsabilidade socio-ambiental das empresas e dos Estados
Fonte: Leonardo Boff
domingo, 18 de agosto de 2013
Santo Padre: O poder teme os homens que estão em diálogo com Deus


Cidade do Vaticano (RV) - Teve início neste domingo, em Rimini, Itália, a 34ª edição do "Encontro da Amizade entre os Povos", promovido pelo movimento 'Comunhão e Libertação' fundado pelo Servo de Deus Pe. Luigi Giussani, sobre o tema "Emergência ser humano".
O evento foi aberto com a missa celebrada esta manhã pelo Bispo de Rimini, Dom Francesco Lambiasi, durante a qual foi lida a mensagem do Papa Francisco enviada aos organizadores e participantes do encontro através do Secretário de Estado, Cardeal Tarcísio Bertone.
"O mundo está interessado no ser humano. Os poderes econômico, político e midiático precisam do ser humano para se perpetuarem. Por isso, tentam muitas vezes manipular as massas, induzir desejos, cancelar o que de mais precioso o ser humano possui: a relação com Deus. O poder teme os homens que estão em diálogo com Deus, porque isso os torna livres", frisa o Papa na mensagem.
O Santo Padre destaca que "é necessário voltar a considerar a sacralidade do ser humano e ao mesmo tempo dizer com força que é somente na relação com Deus, ou seja, na descoberta e na adesão à sua vocação, que o ser humano pode atingir sua verdadeira estatura. Por essa razão, a Igreja tem uma grande responsabilidade".
Francisco convida a ir com coragem ao encontro dos homens e mulheres do nosso tempo, das crianças, dos idosos, dos cultos e das pessoas sem instrução, dos jovens e das famílias.
"Façamos isso não somente nas igrejas e paróquias, mas nas escolas, nas universidades, nos locais de trabalho, nos hospitais, nas prisões, mas também nas praças, nas ruas, nos centros esportivos e nos locais onde as pessoas se reúnem. Essa é a tarefa da Igreja e de todo cristão. 'Emergência ser humano' significa emergência de retornar a Cristo. A pobreza não é apenas a material. Existe uma pobreza espiritual que afeta o homem contemporâneo. Somos pobres em amor, sedentos de verdade e justiça, mendigos de Deus. A pobreza maior é a falta de Cristo", conclui o Papa na mensagem. (MJ)
Fonte: Rádio Vaticano


A extrema arrogâcia do Império: a espionagem universal
18/08/2013
O sequestro do Presidente da Bolívia Evo Morales, impedindo que seu avião sobrevoasse o espaço europeu e a revelação da espionagem universal por parte dos órgãos de informação e controle do governo norteamericano (NSA) nos levam a refletir sobre um tema cultural de graves consequências: a arrogância. Os fatos referidos mostram a que nível chegou a arrogância dos europeus forçadamente alinhados aos EUA. Somente foi superada pela arrogância pessoal de Hitler e do nazismo. A arrogância é um tema central da reflexão grega de onde viemos. Modernamente foi estudada com profundidade por um pensador italiano com formação em economia, sociologia e psicologia analítica, Luigi Zoja, cujo livro foi lançado no Brasil:”História da Arrogância”(Axis Mundi, São Paulo, 2000).
Neste livro denso, se faz a história da arrogância, nas culturas mundiais, especialmente na cultura ocidental. Os pensadores gregos (filósofos e dramaturgos) notaram que a racionalidade que se libertava do mito vinha habitada por um demônio que a levaria a conhecer e a desejar ilimitadamente, num processo sem fim. Esse energia tende a romper todos os limites e terminar na arrogância, no excesso e na desmedida, o verdadeiro pecado que os deuses castigavam impidosamente. Foi chamada de hybris: o excesso em qualquer campo da vida humana e de Nemesis o princípio divino que pune a arrogância.
O imperativo da Grécia antiga era méden ágan: “nada de excesso”. Tucídides fará Péricles, o genial político de Atenas, dizer: “amamos o belo mas com frugalidade; usamos a riqueza para empreendimentos ativos, sem ostentações inúteis; para ninguém a pobreza é vergonhosa, mas é vergonhoso não fazer o possível para superá-la”. Em tudo buscavam a justa medida e autocontenção.
A ética oriental, budista e hindu, pregava a imposição de limites ao desejo. O Tao Te King já sentenciava:”não há desgraça maior do que não saber se contentar”(cap.46); “teria sido melhor ter parado antes que o copo transbordasse”(cap.9).
A hybris-excesso-arrogância é o vício maior do poder, seja pessoal, seja de um grupo, de uma ideologia ou de um Império. Hoje essa arrogância ganha corpo no Império nortemericano que a todos submete e no ideal do crescimento ilimitado que subjaz à nossa cultura e à economia política.
Esse excesso-arrogância chegou nos dias atuais a uma culminância em duas frentes: na vigilância ilimitada que consiste na capacidade de um poder imperial controlar, por sofisticada tecnologia cibernética, todas pessoas, violar os direitos de soberania de um país e o direito inalienável à privacidade pessoal. É um sinal de fraqueza e de medo, pois o Império não consegue mais convencer com argumentos e atrair por seus ideais. Então precisa usar a violência direta, a mentira, o desrespeito aos direitos e aos estatutos consagrados internacionalmente. Ou então as desulpas pífias e nada convincentes do Secretarário de Estado norteamericano quando visitou, há dias, o Brasil. Segundo os grandes historiadores das culturas, Toynbee e Burckhard, estes são os sinais inequívocos da decadência irrefreável dos Impérios. Nada do que se funda sobre a injustiça, a mentira e a violação de direitos se sustenta. Chega o dia de sua verdade e de sua ruína. Mas ao afundarem causam estragos inimagináveis.
A segunda frente da hybris-excesso reside no sonho do crescimento ilimitado pela exploração desapiedada dos bens e serviços naturais. O Ocidente criou e exportou para todo mundo este tipo de crescimento, medido pela quantidade de bens materiais (PIB). Ele rompe com a lógica da natureza que sempre se autoregula mantendo a interdependência de todos com todos e a preservação da teia da vida. Assim uma ávore não cresce ilimitadamente até o céu; da mesma forma o ser humano conhece seus limites físicos e psíquicos. Mas esse projeto fez com que o ser humano impusesse à natureza a sua regulação arrogante que não quer recohecer limites: assim consome até adoecer e, ao mesmo tempo procura a saúde total e a imortalidade biológica. Agora que os limites da Terra se fizeram sentir, pois se trata de um planeta pequeno e doente, força-o com novas tecnologias a produzir mais. A Terra se defende criando o aquecimento global com seus eventos extremos.
Com propriedade diz Soja:”o crescimento sem fim nada mais é que uma ingênua metáfora da imortalidade”(p.11). Samuel P. Huntington em seu discutido livro O choque de Civilizações(Objetiva 1997) afirmava que a arrogância ocidental constitui “a mais perigosa fonte de instabilidade e de um possível conflito global num mundo multicivilizacional” (p.397).
Esta ultrapassagem de todos os limites é agravada pela ausência da razão sensível e cordial. Por ela lemos emotivamente os dados, escutamos atentamente as mensagens da natureza e percebemos o humano da história humana, dramática e esperançadora. A aceitação dos limites nos torna humildes e conectados a todos os seres. O Império norteamericano, por uma lógica própria da arrogância dominadora, se distancia de todos, cria desconfianças mas jamais amizade e admiração.
Termino com um conto de Leon Tostoi no estilo de João Cabral de Mello Neto: De quanta terra precisa um homem? Um homem fez um pacto com o diabo: receberia toda a terra que conseguisse percorrer a pé. Começou a caminhar dia e noite, sem parar, de vale em vale, de monte em monte. Até que extenuado caiu morto. Comenta Tostoi: se ele conhecesse seu limite, entenderia que apenas uns metros lhe bastariam; mais do que isso não precisaria para ser sepultado.
Para serem admirados os EUA não precisariam mais do que seu próprio território e seu próprio povo. Não precisariam desconfiar de todos e bisbilhiotar a vida de todo mundo.
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Paróquia, comunidade de comunidades
Paróquia, comunidade de
comunidades
Mesmo que seja afirmado que vivemos
uma época de individualismos e egolatrias, fruto da emancipação da
subjetividade em detrimento da comunidade e do institucional, o valor da comunidade
não pode ser renegado, nem relativizado. Os paradigmas culturais que formaram a
civilização ocidental, a saber, o grego e o hebraico, sempre tiveram
clarividente que o ser humano está na comunidade como ser político
(Aristóteles) e como aquele que não pode estar só (Gn 2,18). Esta consciência
de que é com o outro, na comunidade, que a realização humana e existencial
acontece, sempre foi referência da condição humana em todos os tempos. Este
fato social não pode ser desfeito, no que é essencial para as perspectivas da
Humanidade, nem muito menos no que é acidental para a História das
Civilizações.
Autores como Zigmunt Bauman e Michel
Maffesoli retomam esta questão sobre o fenômeno da vida em comunidade na
Posmodernidade. O primeiro a descreve como fato social que existe de modo
líquido, ou seja, de modo banal, superficial e objetual; em contrapartida, o
segundo a enfatiza como realidade efêmera, de composição cambiante, com
inscrição local e com ausência de organização, ou seja, com configurações
tribais e grupais. Mesmo com prerrogativas da subjetividade moderna, estes
pensadores retomam, mais uma vez, a importância da vida em comunidade como
lugar imprescindível da realização humana na contemporaneidade. Poderiamos
dizer o seguinte: se no período clássico a comunidade era constitutiva do
estatuto ontológico da pessoa, na época hodierna a comunidade é constitutiva das
relações individuais das pessoas.
A Igreja não pode desconsiderar esta
mudança de mentalidade que vai gerar a mudança de época. Esta conjuntura não é
mais institucional; mas individual e pessoal. Aliás, desde o Concílio Vaticano
II, com a reviravolta bíblica e litúrgica, veio também a personalista (Hans
Balthasar), a nossa mãe e mestra já reconhecera que a pessoa é centro de toda a
sua vida pastoral e missionária. Por isso, convocou a todos que a compõe para
uma renovação interna “sem ruptura”, que a levasse a um profícuo diálogo com o
mundo, para o qual ela deveria ser Sacramento de Salvação.
A Paróquia é o lugar capilar da vida
da Igreja. É nela que estas mudanças começam a acontecer. Ela é esta célula
constitutiva das igrejas particulares e, consequentemente, da catolicidade da
Igreja. A adequação das suas práticas missionárias e pastorais às provocações
da atualidade são urgentes e desafiadoras. A V Conferência de Aparecida falou
da necessidade da Conversão Pastoral (N. 356-66). Atentos aos sinais dos tempos,
os nossos pastores afirmaram que esta mudança estrutural não aconteceria se não
houvesse uma conversão dos batizados que estão na Igreja e que precisam ser
Discípulos/Missionários de Jesus Cristo. A paróquia só será Comunidade de comunidades
se a mesma se tornar lugar do encontro dos que a compõem com Cristo e destes
entre si. Para haver renovação das paróquias elas precisam ser comunidades de
amor e do encontro; precisam urgentemente ser mais “humanizadas”; devem ser casa
de acolhimento por excelência da vida do Povo de Deus.
Por fim, nos empenhemos todos para
que a vida da Igreja retome o caminho das primeiras comunidades cristãs! (At.
2,42-47). A resposta mais coerente para o Mundo de como podemos e devemos viver
em comunidade, os primeiros e mais autênticos cristãos já o fizeram, renovando assim,
a vida de todas as instituições e comunidades. As paróquias podem retomar esta
caminhada de Discípulos/Missionários de Jesus Cristo. Assim o seja!
Pe. Matias Soares
Vigário Episcopal Sul da Arquidiocese
de Natal-RN
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
CNBB publica Documento de Estudos 105, sobre as comunidades quilombolas
QUI, 15 DE AGOSTO DE 2013 16:32 / ATUALIZADO - QUI, 15 DE AGOSTO DE 2013 16:37POR: CNBB

O documento foi elaborado por um grupo de trabalho criado pela Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz. “A finalidade deste texto é contribuir para a atuação da Igreja frente a realidade das comunidades quilombolas. Valorizando e defendendo seus direitos de vida, cultura, tradições, crenças e tudo aquilo que lhes são próprios”, explicou o presidente da Comissão, dom Guilherme Werlang.
Na composição do texto, participaram bispos, padres e antropólogos, que trabalharam por quase um ano neste projeto. “Analisamos a situação do povo negro em nível nacional e pretendemos com o Documento expressar toda a luta pela justiça das comunidades Quilombolas”, disse dom José Valdeci, bispo da diocese de Brejo (MA).
De acordo com dom Guilherme, o Documento 105 está dividido em três partes, pelo método VER-JULGAR-AGIR. Na primeira parte (VER) aborda, entre outras coisas, um contexto histórico narrando a maneira como os negros foram trazidos para o Brasil e escravizados, o modo como aconteciam as torturas, a violência e injustiças, e também a maneira como teve início a formação dos quilombos e as resistências em busca da liberdade.
A segunda parte (JULGAR) traz a inspiração iluminação bíblica e dos Documentos da Igreja em relação a toda situação da escravidão. A terceira e última parte (AGIR) composta pelos encaminhamentos, exigências e direitos que devem ser efetivamente consagrados para os Quilombolas e seus territórios, além dos novos rumos a serem tomados. Fonte: CNBB
Assinar:
Postagens (Atom)