sábado, 22 de dezembro de 2012

REFLITA

"Quem defende Deus, defende o homem"


No final do ano, peçamos que a Igreja, apesar dos seus limites, cresça sempre mais como casa de Deus.

Beatificação do Papa Paulo VI

20/12/2012 | Agência Ecclesia Bento XVI aprovou hoje a publicação do decreto que reconhece as ‘virtudes heroicas' de Giovanni Battista Montini (1897-1978), Paulo VI, eleito Papa em junho de 1963.

Esta é uma etapa do processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, e permite que, após o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão do Papa italiano, tenha lugar a sua beatificação, penúltima etapa para a declaração da santidade.

Entre os nove Papas que a Igreja Católica teve no século XX há, neste momento, um santo (Pio X) e dois beatos (João XXIII e João Paulo II).

A canonização, ato reservado ao Papa desde o século XIII, é a confirmação, por parte da Igreja Católica, que um fiel católico é digno de culto público universal e de ser apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

Nos primeiros séculos da Igreja, o reconhecimento da santidade acontecia em âmbito local, a partir da fama popular do santo e com a aprovação dos bispos.

Bento XVI autorizou ainda a promulgação, por parte da Congregação para as Causas dos Santos (CCS), dos decretos que reconhecem milagres atribuídos a três futuros santos e cinco novos beatos.

A CCS publicou também os decretos relativos ao martírio de 35 católicos, a maior parte dos assassinados entre 1936 e 1938, durante a Guerra Civil Espanhola.

Outros nove católicos foram declarados "veneráveis", tal como aconteceu com Paulo VI.

Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini nasceu a 26 de setembro de 1897 na Lombardia, Itália, e foi ordenado padre em 1920, tendo entrado ao serviço diplomático da Santa Sé.

Nomeado arcebispo de Milão em 1953, foi criado cardeal em dezembro de 1958, por João XXIII, a quem viria a suceder, cinco anos depois, já com o Concílio Vaticano II (1962-1965) em andamento, tendo-lhe dado continuidade.

Entre 1964 e 1970, Paulo VI fez nove viagens internacionais, as primeiras de um Papa moderno, incluindo a passagem por Fátima a 13 de maio de 1967.

O Papa italiano escreveu sete encíclicas, entre as quais a ‘Humanae vitae' (1968), sobre a regulação da natalidade, e a ‘Populorum progressio' (1967), sobre o desenvolvimento dos povos; assinou ainda a exortação apostólica ‘Evangelii nuntiandi' (1975), sobre a evangelização no mundo contemporâneo, e discursou na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, a 4 de outubro de 1965.

Paulo VI morreu no dia 6 de agosto de 1978.
Fonte: www.agencia.ecclesia.pt

FAMÍLIA



  



Família e verdade



Cidade do Vaticano (RV) - O editorial do Diretor-Geral da Rádio Vaticano desta semana é referido ao discurso de fim de ano feito pelo Papa nesta sexta-feira aos seus colaboradores da Cúria Romana.

Padre Federico Lombardi inicia dizendo que o encontro para os votos de Natal da Cúria Romana é sempre muito pessoal e cuidadosamente estudado pelo Santo Padre. É uma reflexão sobre o ano que passou, mas também um aprofundamento de temas que Bento XVI considera mais urgentes e atuais.

São coisas sobre as quais ele sente o dever de manifestar o seu pensamento, indo aos fundamentos com a clareza e a coragem que o caracterizam: é o seu dever em relação à Igreja e à humanidade, mesmo que isso possa suscitar resistências ou reações negativas. Dois temas foram escolhidos este ano: família e dualidade do homem e da mulher; e diálogo e anúncio da fé.

Pe. Lombardi afirma que “em relação à família, o Papa não entra nas discussões sobre a legislação e os matrimônios homossexuais, e também não retoma as inesquecíveis palavras de proximidade aos casais em dificuldade, pronunciadas Semana da Família de Milão, mas reafirma que hoje em dia, está em jogo a questão "quem é o homem".

A dualidade do homem e da mulher é essencial para o ser humano. Dela nascem as relações fundamentais entre pai, mãe e filhos. A dualidade está inscrita na natureza da pessoa, nos desígnios de Deus criador. Negá-la é contrário à verdade, e afirmar que é a própria pessoa humana a determinar a sua identidade é um passo destrutivo, que abre caminho à manipulação arbitrária da natureza, com consequências gravíssimas para a dignidade do homem; a começar pela dignidade dos filhos, considerados como objeto de um direito e já não como sujeitos de direitos.

Na "luta pela família", enfim, está em jogo a própria pessoa humana. O Papa faz ampla referência a quanto foi escrito pelo Grão Rabino de França, demonstrando que a posição da Igreja não é estritamente confessional, mas sim da razão, partilhada na grande tradição judaico-cristã.

Também o segundo tema aprofundado pelo Papa provocará discussão. É atualíssimo e não é separado do primeiro: o cristão entra na relação de diálogo como portador da grande experiência da humanidade lida à luz da fé, sentindo-se responsável pelos valores mais preciosos e duradouros para além das soluções puramente pragmáticas. E entra em diálogo com a confiança de que a busca da verdade nunca porá em causa a sua identidade cristã. Porque a verdade não é orgulhosamente possuída por nós, mas nos chama e nos guia, como Cristo que nos acompanha pela mão.

Também este é um voto de Natal. Profundo, exigente, atual.
(CM-JMP)

Quem é o catequista das suas crianças? O comercio, a TV ou vocês ? Vai sobrar tempo para falar de um menino pobre que mudou a História ?

Natal: a atualidade do PUER AETERNUS, da Eterna Criança

22/12/2012
O Natal representa sempre oportunidade de voltarmos ao cristianismo originário. Em primeiro lugar, existe a mensagem de Jesus: a experiência de Deus como Pai com características de mãe, o amor incondicional, a misericórdia e a entrega radical a um sonho: o do Reino de Deus. Em segundo lugar, existe o movimento de Jesus: daqueles que, sem aderir a alguma confissão ou dogma, se deixam fascinar por sua saga generosa e radicalmente humana e o tem como uma referência de valor. Em terceiro lugar, há as teologias sobre Jesus, já contidas nos evangelhos, escritos 40-50 anos após sua execução na cruz.
As comunidades subjacentes a cada um dos evangelhos, elaboraram suas interpretações sobre a vida de Jesus, sua prática, seu conflito com os as autoridades, sua experiência de Deus e sobre o significado de sua morte e ressurreição. No entanto, cobrem sua figura com tantas doutrinas que se torna difícil saber quem foi realmente o Jesus histórico que viveu entre nós. Por fim, existem as Igrejas que tentam levar avante o legado de Jesus, uma delas, a católica, com a reivindicação de ser a única verdadeira guardiã de sua mensagem e a exclusiva intérprete de seu significado. Tal pretensão torna praticamente impossível o diálogo ecumênico e a unidade das igrejas a não ser mediante à conversão.
Hoje tendemos a dizer que Jesus não pode ser apropriado por nenhuma Igreja. Ele pertence à humanidade e representa um dom que Deus ofereceu a todos, de todos os quadrantes.
Tomando como referencia a Igreja Católica, notamos que em sua milenar história, duas tendências, entre outras menores, ganharam grande curso. A primeira se funda muito na culpa, no pecado e na penitência. Sobre tais realidades paira o espectro do inferno, do purgatório e do medo.
Efetivamente, podemos dizer, que o medo foi um dos fatores fundamentais na penetração do cristianismo, como o mostrou J. Delumeau em seu clássico “O medo no Ocidente” (1978). O método no tempo de Carlos Magno era: converta-te ou serás passado ao fio da espada. Lendo os primeiros catecismos feitos na América Latina como o primeiro de Frei Pedro de Córdoba “Doctrina Cristiana” (1510 e 1544), vê-se claramente esta tendência com apelo explícito ao medo. Começa-se com a descrição idílica do céu e depois a terrificante do inferno “onde estão todos os vossos antepassados, pais, mães, avós e parentes…e para onde vós todos ireis se não vos converterdes”. Podemos imaginar a confusão que isso criava na cabeça dos aztecas e outros ao ouvir que seus pais, mãe, parentes e todas as pessoas que amavam, estavam sofrendo no inferno.Setores da atual Igreja manejam ainda hoje as categorias do medo e do inferno.
Outra tendência, mais contemporânea, e penso, mais próxima de Jesus, põe a ênfase na compaixão e no amor, na justiça original e no fim bom da criação. Entende que a história da salvação se dá dentro da história humana e não como uma alternativa a ela. Daí surge um perfil de cristianismo mais jovial, em diálogo com as culturas e com os valores modernos pois neles vê também a presença do Espírito Santo que chega sempre antes do missionário.
A festa do Natal se liga a esta última tendência do Cristianismo. O que se celebra é um Deus-menino, que choraminga entre a vaca e burrinho, que não mete medo nem julga ninguém. É bom que os cristãos voltem a esta figura. Arquetipicamente ele representa o “puer aeternus” a eterna criança que, no fundo, nunca deixamos de ser.
Uma das melhores discípulas de C. G. Jung, Marie-Louise von Franz, analisou em detalhe este arquétipo em seu livro “Puer Aeternus” (Paulinas 1992). Essa figura possui certa ambiguidade. Se colocamos a criança atrás de nós, ela deslancha energias regressivas de nostalgia de um mundo que passou e que não foi totalmente superado e integrado. Continuamos, de certa forma, infantis.
Mas se colocamos a criança eterna à nossa frente então ela suscita em nós renovação de vida, inocência, novas possibilidades de ação que correm em direção do futuro.
Pois estes são os sentimentos que queremos alimentar neste Natal no meio de uma situação sombria da Terra e da Humanidade. Sentimentos de que ainda teremos futuro e que podemos nos salvar porque a Estrela é magnânima e o “puer” é eterno e porque ele se encarnou neste mundo e não permitirá que afunde totalmente. Nele se manifestou a humanidade e a jovialidade do Deus de todos os povos. Tudo o mais é vaidade.
Leonardo Boff escreveu O Sol da Esperança: Natal, Histórias, Poesias e Símbolos (Mar e Idéias, Rio 2007)

ADVENTO

 
  



Reflexão do 4º Domingo do Advento



Cidade do Vaticano (RV) - A primeira leitura, extraída de Miquéias, nos fala que o poder será popular e não mais aristocrático Deus manterá sua fidelidade à Casa de Davi quando escolheu o caçula de Jessé para ser um grande rei de Israel. Davi, não só venceu o opressor ao derrotar Golias apenas com uma pedrada, mas utilizou sua capacidade de pastor para reorganizar e salvar o povo.

Miquéias, tendo em mente o advento do rei Davi, fala que Belém, a cidade davídica, no momento uma aldeia desprezível para os habitantes da capital, será o berço daquele que governará Israel, de um modo mais grandioso que o realizado pelo filho de Jessé..

Isso irá acontecer quando uma mulher der à luz e os compatriotas voltarem do exílio. Será a formação da nova sociedade de que falamos no domingo passado. Novo rei, segundo o coração de Deus e, consequentemente, nova sociedade.

O versículo 3, do capítulo diz que o novo rei será a paz. Ele se refere ao triunfo da paz em todo o orbe e o domínio da justiça em todos os setores. Não será apenas Israel o beneficiário desta paz, mas o mundo todo.

No Evangelho, Lucas ao falar da visita de Maria a Isabel e, naturalmente, de Jesus a João Batista, revela Deus visitando os pobres e marginalizados. Jesus, o Salvador, é levado por Maria, a escolhida a visitar aqueles que outrora eram desprezados por não terem filhos. É uma visita que celebra a misericórdia do Senhor. Isabel a saúda bendizendo-O pois tem consciência de que a visita que recebe é a de Deus que salva.

Tanto a 1ª leitura quanto o Evangelho nos mostram que o lugar social onde Deus assume posição é no meio dos pobres. O Senhor se identificou com eles e se fez um deles. Para eles veio a plenitude da vida, a Salvação. Quem desejar ser salvo deverá observar que desde o início da História da Salvação, o Senhor escolheu os pobres e eles souberam receber os mandamentos do Senhor como dom de Deus.

Ser pobre é mais que fazer parte de uma categoria social. Ser pobre é também uma opção de vida que coloca no Senhor a sua confiança e não nos bens e nos poderes deste mundo.. Ser pobre é abrir mão de desejos particulares, egocêntricos em favor dos companheiros de caminhada. Ser pobre é abrir mão de ser sábio aos olhos do mundo e acatar a Palavra de Deus como verdade que salva. Ser pobre é abrir mão dos bens deste mundo, de seus privilégios se tais riquezas se contrapõem à vontade de Deus; ser pobre, enfim é buscar a simplicidade de vida porque ela não só foi vivida pela família de Nazaré, mas foi a escolha livre de Jesus. Ser pobre é ser filho e ser irmão!(CAS)