Mensagem de Bento XVI para a JMJ Rio2013: “Deixem-se atrair pelo Cristo Redentor”
Foi divulgada esta sexta-feira a Mensagem Papa Bento XVI para 28ª
Jornada Mundial da Juventude, que será realizada no Rio de Janeiro em
julho de 2013. No texto, o Papa renova o convite aos jovens do mundo
inteiro para que participem deste importante evento. “A conhecida
estátua do Cristo Redentor, que se eleva sobre àquela bela cidade
brasileira, será o símbolo eloquente deste convite: seus braços abertos
são o sinal da acolhida que o Senhor reservará a todos quantos vierem
até Ele, e o seu coração retrata o imenso amor que Ele tem por cada um e
cada uma de vós. Deixai-vos atrair por Ele!”
Dividida em oito pontos, a Mensagem ressalta que o ano de preparação
para o encontro do Rio coincide com o Ano da fé, no início do qual o
Sínodo dos Bispos dedicou os seus trabalhos à «nova evangelização para a
transmissão da fé cristã». “Queridos jovens, escreve o Papa, sejais
envolvidos neste impulso missionário de toda a Igreja: fazer conhecer
Cristo é o dom mais precioso que podeis fazer aos outros.”
Leia a íntegra da mensagem de Bento XVI:
MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI
PARA A XXVIII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
NO RIO DE JANEIRO, EM JULHO DE 2013
«Ide e fazei discípulos entre as nações!» (cf. Mt 28,19)
Queridos jovens,
Desejo fazer chegar a todos vós minha saudação cheia de alegria e afeto.
Tenho a certeza que muitos de vós regressastes a casa da Jornada
Mundial da Juventude em Madrid mais «enraizados e edificados em Cristo,
firmes na fé» (cf. Col 2,7). Este ano, inspirados pelo tema:
«Alegrai-vos sempre no Senhor» (Fil 4,4) celebramos a alegria de ser
cristãos nas várias Dioceses. E agora estamo-nos preparando para a
próxima Jornada Mundial, que será celebrada no Rio de Janeiro, Brasil,
em julho de 2013.
Desejo, em primeiro lugar, renovar a vós o convite para participardes
nesse importante evento. A conhecida estátua do Cristo Redentor, que se
eleva sobre àquela bela cidade brasileira, será o símbolo eloquente
deste convite: seus braços abertos são o sinal da acolhida que o Senhor
reservará a todos quantos vierem até Ele, e o seu coração retrata o
imenso amor que Ele tem por cada um e cada uma de vós. Deixai-vos atrair
por Ele! Vivei essa experiência de encontro com Cristo, junto com
tantos outros jovens que se reunirão no Rio para o próximo encontro
mundial! Deixai-vos amar por Ele e sereis as testemunhas de que o mundo
precisa.
Convido a vos preparardes para a Jornada Mundial do Rio de Janeiro,
meditando desde já sobre o tema do encontro: «Ide e fazei discípulos
entre as nações» (cf. Mt 28,19). Trata-se da grande exortação
missionária que Cristo deixou para toda a Igreja e que permanece atual
ainda hoje, dois mil anos depois. Agora este mandato deve ressoar
fortemente em vosso coração. O ano de preparação para o encontro do Rio
coincide com o Ano da fé, no início do qual o Sínodo dos Bispos dedicou
os seus trabalhos à «nova evangelização para a transmissão da fé
cristã». Por isso me alegro que também vós, queridos jovens, sejais
envolvidos neste impulso missionário de toda a Igreja: fazer conhecer
Cristo é o dom mais precioso que podeis fazer aos outros.
1. Uma chamada urgente
A história mostra-nos muitos jovens que, através do dom generoso de si
mesmos, contribuíram grandemente para o Reino de Deus e para o
desenvolvimento deste mundo, anunciando o Evangelho. Com grande
entusiasmo, levaram a Boa Nova do Amor de Deus manifestado em Cristo,
com meios e possibilidades muito inferiores àqueles de que dispomos hoje
em dia. Penso, por exemplo, no Beato José de Anchieta, jovem jesuíta
espanhol do século XVI, que partiu em missão para o Brasil quando tinha
menos de vinte anos e se tornou um grande apóstolo do Novo Mundo. Mas
penso também em tantos de vós que se dedicam generosamente à missão da
Igreja: disto mesmo tive um testemunho surpreendente na Jornada Mundial
de Madri, em particular na reunião com os voluntários.
Hoje, não poucos jovens duvidam profundamente que a vida seja um bem, e
não veem com clareza o próprio caminho. De um modo geral, diante das
dificuldades do mundo contemporâneo, muitos se perguntam: E eu, que
posso fazer? A luz da fé ilumina esta escuridão, nos fazendo compreender
que toda existência tem um valor inestimável, porque é fruto do amor de
Deus. Ele ama mesmo quem se distanciou ou esqueceu d’Ele: tem paciência
e espera; mais que isso, deu o seu Filho, morto e ressuscitado, para
nos libertar radicalmente do mal. E Cristo enviou os seus discípulos
para levar a todos os povos este alegre anúncio de salvação e de vida
nova.
A Igreja, para continuar esta missão de evangelização, conta também
convosco. Queridos jovens, vós sois os primeiros missionários no meio
dos jovens da vossa idade! No final do Concílio Ecumênico Vaticano II,
cujo cinquentenário celebramos neste ano, o Servo de Deus Paulo VI
entregou aos jovens e às jovens do mundo inteiro uma Mensagem que
começava com estas palavras: «É a vós, rapazes e moças de todo o mundo,
que o Concílio quer dirigir a sua última mensagem, pois sereis vós a
recolher o facho das mãos dos vossos antepassados e a viver no mundo no
momento das mais gigantescas transformações da sua história, sois vós
quem, recolhendo o melhor do exemplo e do ensinamento dos vossos pais e
mestres, ides constituir a sociedade de amanhã: salvar-vos-eis ou
perecereis com ela». E concluía com um apelo: «Construí com entusiasmo
um mundo melhor que o dos vossos antepassados!» (Mensagem aos jovens, 8
de dezembro de 1965).
Queridos amigos, este convite é extremamente atual. Estamos passando por
um período histórico muito particular: o progresso técnico nos deu
oportunidades inéditas de interação entre os homens e entre os povos,
mas a globalização destas relações só será positiva e fará crescer o
mundo em humanidade se estiver fundada não sobre o materialismo mas
sobre o amor, a única realidade capaz de encher o coração de cada um e
unir as pessoas. Deus é amor. O homem que esquece Deus fica sem
esperança e se torna incapaz de amar seu semelhante. Por isso é urgente
testemunhar a presença de Deus para que todos possam experimentá-la:
está em jogo a salvação da humanidade, a salvação de cada um de nós.
Qualquer pessoa que entenda essa necessidade, não poderá deixar de
exclamar com São Paulo: «Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho» (1
Cor 9,16).
2. Tornai-vos discípulos de Cristo
Esta chamada missionária vos é dirigida também por outro motivo: é
necessário para o nosso caminho de fé pessoal. O Beato João Paulo II
escrevia: «É dando a fé que ela se fortalece» (Encíclica Redemptoris
missio, 2). Ao anunciar o Evangelho, vós mesmos cresceis em um
enraizamento cada vez mais profundo em Cristo, vos tornais cristãos
maduros. O compromisso missionário é uma dimensão essencial da fé: não
se crê verdadeiramente, se não se evangeliza. E o anúncio do Evangelho
não pode ser senão consequência da alegria de ter encontrado Cristo e
ter descoberto n’Ele a rocha sobre a qual construir a própria
existência. Comprometendo-vos no serviço aos demais e no anúncio do
Evangelho, a vossa vida, muitas vezes fragmentada entre tantas
atividades diversas, encontrará no Senhor a sua unidade;
construir-vos-eis também a vós mesmos; crescereis e amadurecereis em
humanidade.
Mas, que significa ser missionário? Significa acima de tudo ser
discípulo de Cristo e ouvir sem cessar o convite a segui-Lo, o convite a
fixar o olhar n’Ele: «Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de
coração» (Mt 11,29). O discípulo, de fato, é uma pessoa que se põe à
escuta da Palavra de Jesus (cf. Lc 10,39), a quem reconhece como o
Mestre que nos amou até o dom de sua vida. Trata-se, portanto, de cada
um de vós deixar-se plasmar diariamente pela Palavra de Deus: ela vos
transformará em amigos do Senhor Jesus, capazes de fazer outros jovens
entrar nesta mesma amizade com Ele.
Aconselho-vos a guardar na memória os dons recebidos de Deus, para poder
transmiti-los ao vosso redor. Aprendei a reler a vossa história
pessoal, tomai consciência também do maravilhoso legado recebido das
gerações que vos precederam: tantos cristãos nos transmitiram a fé com
coragem, enfrentando obstáculos e incompreensões. Não o esqueçamos
jamais! Fazemos parte de uma longa cadeia de homens e mulheres que nos
transmitiram a verdade da fé e contam conosco para que outros a recebam.
Ser missionário pressupõe o conhecimento deste patrimônio recebido que é
a fé da Igreja: é necessário conhecer aquilo em que se crê, para
podê-lo anunciar. Como escrevi na introdução do YouCat, o Catecismo para
jovens que vos entreguei no Encontro Mundial de Madri, «tendes de
conhecer a vossa fé como um especialista em informática domina o sistema
operacional de um computador. Tendes de compreendê-la como um bom
músico entende uma partitura. Sim, tendes de estar enraizados na fé
ainda mais profundamente que a geração dos vossos pais, para enfrentar
os desafios e as tentações deste tempo com força e determinação»
(Prefácio).
3. Ide!
Jesus enviou os seus discípulos em missão com este mandato: «Ide pelo
mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for
batizado será salvo» (Mc 16,15-16). Evangelizar significa levar aos
outros a Boa Nova da salvação, e esta Boa Nova é uma pessoa: Jesus
Cristo. Quando O encontro, quando descubro até que ponto sou amado por
Deus e salvo por Ele, nasce em mim não apenas o desejo, mas a
necessidade de fazê-lo conhecido pelos demais. No início do Evangelho de
João, vemos como André, depois de ter encontrado Jesus, se apressa em
conduzir a Ele seu irmão Simão (cf. 1,40-42). A evangelização sempre
parte do encontro com o Senhor Jesus: quem se aproximou d’Ele e
experimentou o seu amor, quer logo partilhar a beleza desse encontro e a
alegria que nasce dessa amizade. Quanto mais conhecemos a Cristo, tanto
mais queremos anunciá-lo. Quanto mais falamos com Ele, tanto mais
queremos falar d’Ele. Quanto mais somos conquistados por Ele, tanto mais
desejamos levar outras pessoas para Ele.
Pelo Batismo, que nos gera para a vida nova, o Espírito Santo vem
habitar em nós e inflama a nossa mente e o nosso coração: é Ele que nos
guia para conhecer a Deus e entrar em uma amizade sempre mais profunda
com Cristo. É o Espírito que nos impulsiona a fazer o bem, servindo os
outros com o dom de nós mesmos. Depois, através do sacramento da
Confirmação, somos fortalecidos pelos seus dons, para testemunhar de
modo sempre mais maduro o Evangelho. Assim, o Espírito de amor é a alma
da missão: Ele nos impele a sair de nós mesmos para «ir» e evangelizar.
Queridos jovens, deixai-vos conduzir pela força do amor de Deus, deixai
que este amor vença a tendência de fechar-se no próprio mundo, nos
próprios problemas, nos próprios hábitos; tende a coragem de «sair» de
vós mesmos para «ir» ao encontro dos outros e guiá-los ao encontro de
Deus.
4. Alcançai todos os povos
Cristo ressuscitado enviou os seus discípulos para dar testemunho de sua
presença salvífica a todos os povos, porque Deus, no seu amor
superabundante, quer que todos sejam salvos e ninguém se perca. Com o
sacrifício de amor na Cruz, Jesus abriu o caminho para que todo homem e
toda mulher possa conhecer a Deus e entrar em comunhão de amor com Ele. E
constituiu uma comunidade de discípulos para levar o anúncio salvífico
do Evangelho até os confins da terra, a fim de alcançar os homens e as
mulheres de todos os lugares e de todos os tempos. Façamos nosso esse
desejo de Deus!
Queridos amigos, estendei o olhar e vede ao vosso redor: tantos jovens
perderam o sentido da sua existência. Ide! Cristo precisa de também de
vós. Deixai-vos envolver pelo seu amor, sede instrumentos desse amor
imenso, para que alcance a todos, especialmente aos «afastados». Alguns
encontram-se geograficamente distantes, enquanto outros estão longe
porque a sua cultura não dá espaço para Deus; alguns ainda não acolheram
o Evangelho pessoalmente, enquanto outros, apesar de o terem recebido,
vivem como se Deus não existisse. A todos abramos a porta do nosso
coração; procuremos entrar em diálogo com simplicidade e respeito: este
diálogo, se vivido com uma amizade verdadeira, dará seus frutos. Os
«povos», aos quais somos enviados, não são apenas os outros Países do
mundo, mas também os diversos âmbitos de vida: as famílias, os bairros,
os ambientes de estudo ou de trabalho, os grupos de amigos e os locais
de lazer. O jubiloso anúncio do Evangelho se destina a todos os âmbitos
da nossa vida, sem exceção.
Gostaria de destacar dois campos, nos quais deve fazer-se ainda mais
solícito o vosso empenho missionário. O primeiro é o das comunicações
sociais, em particular o mundo da internet. Como tive já oportunidade de
dizer-vos, queridos jovens, «senti-vos comprometidos a introduzir na
cultura deste novo ambiente comunicador e informativo os valores sobre
os quais assenta a vossa vida! [...] A vós, jovens, que vos encontrais
quase espontaneamente em sintonia com estes novos meios de comunicação,
compete de modo particular a tarefa da evangelização deste “continente
digital”» (Mensagem para o XLIII Dia Mundial das Comunicações Sociais,
24 de maio de 2009). Aprendei, portanto, a usar com sabedoria este meio,
levando em conta também os perigos que ele traz consigo,
particularmente o risco da dependência, de confundir o mundo real com o
virtual, de substituir o encontro e o diálogo direto com as pessoas por
contatos na rede.
O segundo campo é o da mobilidade. Hoje são sempre mais numerosos os
jovens que viajam, seja por motivos de estudo ou de trabalho, seja por
diversão. Mas penso também em todos os movimentos migratórios, que levam
milhões de pessoas, frequentemente jovens, a se transferir e mudar de
Região ou País, por razões econômicas ou sociais. Também estes fenômenos
podem se tornar ocasiões providenciais para a difusão do Evangelho.
Queridos jovens, não tenhais medo de testemunhar a vossa fé também
nesses contextos: para aqueles com quem vos deparareis, é um dom
precioso a comunicação da alegria do encontro com Cristo.
5. Fazei discípulos!
Penso que já várias vezes experimentastes a dificuldade de envolver os
jovens da vossa idade na experiência da fé. Frequentemente tereis
constatado que em muitos deles, especialmente em certas fases do caminho
da vida, existe o desejo de conhecer a Cristo e viver os valores do
Evangelho, mas tal desejo é acompanhado pela sensação de ser inadequados
e incapazes. Que fazer? Em primeiro lugar, a vossa solicitude e a
simplicidade do vosso testemunho serão um canal através do qual Deus
poderá tocar seu coração. O anúncio de Cristo não passa somente através
das palavras, mas deve envolver toda a vida e traduzir-se em gestos de
amor. A ação de evangelizar nasce do amor que Cristo infundiu em nós;
por isso, o nosso amor deve conformar-se sempre mais ao d’Ele. Como o
bom Samaritano, devemos manter-nos solidários com quem encontramos,
sabendo escutar, compreender e ajudar, para conduzir, quem procura a
verdade e o sentido da vida, à casa de Deus que é a Igreja, onde há
esperança e salvação (cf. Lc 10,29-37). Queridos amigos, nunca esqueçais
que o primeiro ato de amor que podeis fazer ao próximo é partilhar a
fonte da nossa esperança: quem não dá Deus, dá muito pouco. Aos seus
apóstolos, Jesus ordena: «Fazei discípulos meus todos os povos,
batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e
ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei» (Mt 28,19-20). Os meios
que temos para «fazer discípulos» são principalmente o Batismo e a
catequese. Isto significa que devemos conduzir as pessoas que estamos
evangelizando ao encontro com Cristo vivo, particularmente na sua
Palavra e nos Sacramentos: assim poderão crer n’Ele, conhecerão a Deus e
viverão da sua graça. Gostaria que cada um de vós se perguntasse:
Alguma vez tive a coragem de propor o Batismo a jovens que ainda não o
receberam? Convidei alguém a seguir um caminho de descoberta da fé
cristã? Queridos amigos, não tenhais medo de propor aos jovens da vossa
idade o encontro com Cristo. Invocai o Espírito Santo: Ele vos guiará
para entrardes sempre mais no conhecimento e no amor de Cristo, e vos
tornará criativos na transmissão do Evangelho.
6. Firmes na fé
Diante das dificuldades na missão de evangelizar, às vezes sereis
tentados a dizer como o profeta Jeremias: «Ah! Senhor Deus, eu não sei
falar, sou muito novo». Mas, também a vós, Deus responde: «Não digas que
és muito novo; a todos a quem eu te enviar, irás» (Jr 1,6-7). Quando
vos sentirdes inadequados, incapazes e frágeis para anunciar e
testemunhar a fé, não tenhais medo. A evangelização não é uma iniciativa
nossa nem depende primariamente dos nossos talentos, mas é uma resposta
confiante e obediente à chamada de Deus, e portanto não se baseia sobre
a nossa força, mas na d’Ele. Isso mesmo experimentou o apóstolo Paulo:
«Trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que
este poder extraordinário vem de Deus e não de nós» (2 Cor 4,7).
Por isso convido-vos a enraizar-vos na oração e nos sacramentos. A
evangelização autêntica nasce sempre da oração e é sustentada por esta:
para poder falar de Deus, devemos primeiro falar com Deus. E, na oração,
confiamos ao Senhor as pessoas às quais somos enviados, suplicando-Lhe
que toque o seu coração; pedimos ao Espírito Santo que nos torne seus
instrumentos para a salvação dessas pessoas; pedimos a Cristo que
coloque as palavras nos nossos lábios e faça de nós sinais do seu amor.
E, de modo mais geral, rezamos pela missão de toda a Igreja, de acordo
com a ordem explícita de Jesus: «Pedi, pois, ao dono da messe que envie
trabalhadores para a sua colheita!» (Mt 9,38). Sabei encontrar na
Eucaristia a fonte da vossa vida de fé e do vosso testemunho cristão,
participando com fidelidade na Missa ao domingo e sempre que possível
também durante a semana. Recorrei frequentemente ao sacramento da
Reconciliação: é um encontro precioso com a misericórdia de Deus que nos
acolhe, perdoa e renova os nossos corações na caridade. E, se ainda não
o recebestes, não hesiteis em receber o sacramento da Confirmação ou
Crisma preparando-vos com cuidado e solicitude. Junto com a Eucaristia,
esse é o sacramento da missão, porque nos dá a força e o amor do
Espírito Santo para professar sem medo a fé. Encorajo-vos ainda à
prática da adoração eucarística: permanecer à escuta e em diálogo com
Jesus presente no Santíssimo Sacramento, torna-se ponto de partida para
um renovado impulso missionário.
Se seguirdes este caminho, o próprio Cristo vos dará a capacidade de ser
plenamente fiéis à sua Palavra e de testemunhá-Lo com lealdade e
coragem. Algumas vezes sereis chamados a dar provas de perseverança,
particularmente quando a Palavra de Deus suscitar reservas ou oposições.
Em certas regiões do mundo, alguns de vós sofrem por não poder
testemunhar publicamente a fé em Cristo, por falta de liberdade
religiosa. E há quem já tenha pagado com a vida o preço da própria
pertença à Igreja. Encorajo-vos a permanecer firmes na fé, certos de que
Cristo está ao vosso lado em todas as provas. Ele vos repete:
«Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e,
mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim.
Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus»
(Mt 5,11-12).
7. Com toda a Igreja
Queridos jovens, para permanecer firmes na confissão da fé cristã nos
vários lugares onde sois enviados, precisais da Igreja. Ninguém pode ser
testemunha do Evangelho sozinho. Jesus enviou em missão os seus
discípulos juntos: o mandato «fazei discípulos» é formulado no plural.
Assim, é sempre como membros da comunidade cristã que prestamos o nosso
testemunho, e a nossa missão torna-se fecunda pela comunhão que vivemos
na Igreja: seremos reconhecidos como discípulos de Cristo pela unidade e
o amor que tivermos uns com os outros (cf. Jo 13,35). Agradeço ao
Senhor pela preciosa obra de evangelização que realizam as nossas
comunidades cristãs, as nossas paróquias, os nossos movimentos
eclesiais. Os frutos desta evangelização pertencem a toda a Igreja: «um é
o que semeia e outro o que colhe», dizia Jesus (Jo 4,37).
A propósito, não posso deixar de dar graças pelo grande dom dos
missionários, que dedicam toda a sua vida ao anúncio do Evangelho até os
confins da terra. Do mesmo modo bendigo o Senhor pelos sacerdotes e os
consagrados, que ofertam inteiramente as suas vidas para que Jesus
Cristo seja anunciado e amado. Desejo aqui encorajar os jovens chamados
por Deus a alguma dessas vocações, para que se comprometam com
entusiasmo: «Há mais alegria em dar do que em receber!» (At 20,35).
Àqueles que deixam tudo para segui-Lo, Jesus prometeu o cêntuplo e a
vida eterna (cf. Mt 19,29).
Dou graças também por todos os fiéis leigos que se empenham por viver o
seu dia-a-dia como missão, nos diversos lugares onde se encontram, tanto
em família como no trabalho, para que Cristo seja amado e cresça o
Reino de Deus. Penso particularmente em quantos atuam no campo da
educação, da saúde, do mundo empresarial, da política e da economia, e
em tantos outros âmbitos do apostolado dos leigos. Cristo precisa do
vosso empenho e do vosso testemunho. Que nada – nem as dificuldades, nem
as incompreensões – vos faça renunciar a levar o Evangelho de Cristo
aos lugares onde vos encontrais: cada um de vós é precioso no grande
mosaico da evangelização!
8. «Aqui estou, Senhor!»
Em suma, queridos jovens, queria vos convidar a escutar no íntimo de vós
mesmos a chamada de Jesus para anunciar o seu Evangelho. Como mostra a
grande estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, o seu coração está
aberto para amar a todos sem distinção, e seus braços estendidos para
alcançar a cada um. Sede vós o coração e os braços de Jesus. Ide
testemunhar o seu amor, sede os novos missionários animados pelo seu
amor e acolhimento. Segui o exemplo dos grandes missionários da Igreja,
como São Francisco Xavier e muitos outros.
No final da Jornada Mundial da Juventude em Madrid, dei a bênção a
alguns jovens de diferentes continentes que partiam em missão.
Representavam a multidão de jovens que, fazendo eco às palavras do
profeta Isaías, diziam ao Senhor: «Aqui estou! Envia-me» (Is 6,8). A
Igreja tem confiança em vós e vos está profundamente grata pela alegria e
o dinamismo que trazeis: usai os vossos talentos generosamente ao
serviço do anúncio do Evangelho. Sabemos que o Espírito Santo se dá a
quantos, com humildade de coração, se tornam disponíveis para tal
anúncio. E não tenhais medo! Jesus, Salvador do mundo, está conosco
todos os dias, até o fim dos tempos (cf. Mt 28,20).
Dirigido aos jovens de toda a terra, este apelo assume uma importância
particular para vós, queridos jovens da América Latina. De fato, na V
Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em
Aparecida, no ano de 2007, os bispos lançaram uma «missão continental». E
os jovens, que constituem a maioria da população naquele continente,
representam uma força importante e preciosa para a Igreja e para a
sociedade. Por isso sede vós os primeiros missionários. Agora que a
Jornada Mundial da Juventude retorna à América Latina, exorto todos os
jovens do continente: transmiti aos vossos coetâneos do mundo inteiro o
entusiasmo da vossa fé.
A Virgem Maria, Estrela da Nova Evangelização, também invocada sob os
títulos de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora de Guadalupe,
acompanhe cada um de vós em vossa missão de testemunhas do amor de Deus.
A todos, com especial carinho, concedo a minha Bênção Apostólica.
Vaticano, 18 de outubro de 2012.
Fonte: CNBB
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sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Nas Catacumbas de Domitilla, em Roma, o Pacto de 40 bispos
Eis
o texto na íntegra:
Nós, Bispos, reunidos no Concílio Vaticano II,
esclarecidos sobre as deficiências de nossa vida de pobreza segundo o
Evangelho; incentivados uns pelos outros, numa iniciativa em que cada um de nós
quereria evitar a singularidade e a presunção; unidos a todos os nossos Irmãos
no Episcopado; contando sobretudo com a graça e a força de Nosso Senhor Jesus
Cristo, com a oração dos fiéis e dos sacerdotes de nossas respectivas dioceses;
colocando-nos, pelo pensamento e pela oração, diante da Trindade, diante da
Igreja de Cristo e diante dos sacerdotes e dos fiéis de nossas dioceses, na
humildade e na consciência de nossa fraqueza, mas também com toda a
determinação e toda a força de que Deus nos quer dar a graça, comprometemo-nos
ao que se segue:

2) Para sempre renunciamos à aparência e à
realidade da riqueza, especialmente no traje (fazendas ricas, cores berrantes),
nas insígnias de matéria preciosa (devem esses signos ser, com efeito,
evangélicos). Cf. Mc 6,9; Mt 10,9s; At 3,6. Nem ouro nem prata.
3) Não possuiremos nem imóveis, nem móveis, nem
conta em banco, etc., em nosso próprio nome; e, se for preciso possuir, poremos
tudo no nome da diocese, ou das obras sociais ou caritativas. Cf. Mt 6,19-21;
Lc 12,33s.
4) Cada vez que for possível, confiaremos a
gestão financeira e material em nossa diocese a uma comissão de leigos
competentes e cônscios do seu papel apostólico, em mira a sermos menos
administradores do que pastores e apóstolos. Cf. Mt 10,8; At. 6,1-7.
5) Recusamos ser chamados, oralmente ou por
escrito, com nomes e títulos que signifiquem a grandeza e o poder (Eminência,
Excelência, Monsenhor). Preferimos ser chamados com o nome evangélico de Padre.
Cf. Mt 20,25-28; 23,6-11; Jo 13,12-15.
6) No nosso comportamento, nas nossas relações
sociais, evitaremos aquilo que pode parecer conferir privilégios, prioridades
ou mesmo uma preferência qualquer aos ricos e aos poderosos (ex.: banquetes
oferecidos ou aceitos, classes nos serviços religiosos). Cf. Lc 13,12-14; 1Cor
9,14-19.
7) Do mesmo modo, evitaremos incentivar ou
lisonjear a vaidade de quem quer que seja, com vistas a recompensar ou a
solicitar dádivas, ou por qualquer outra razão. Convidaremos nossos fiéis a
considerarem as suas dádivas como uma participação normal no culto, no
apostolado e na ação social. Cf. Mt 6,2-4; Lc 15,9-13; 2Cor 12,4.
8) Daremos tudo o que for necessário de nosso
tempo, reflexão, coração, meios, etc., ao serviço apostólico e pastoral das
pessoas e dos grupos laboriosos e economicamente fracos e subdesenvolvidos, sem
que isso prejudique as outras pessoas e grupos da diocese. Ampararemos os
leigos, religiosos, diáconos ou sacerdotes que o Senhor chama a evangelizarem
os pobres e os operários compartilhando a vida operária e o trabalho. Cf. Lc
4,18s; Mc 6,4; Mt 11,4s; At 18,3s; 20,33-35; 1Cor 4,12 e 9,1-27.
9) Cônscios das exigências da justiça e da
caridade, e das suas relações mútuas, procuraremos transformar as obras de
"beneficência" em obras sociais baseadas na caridade e na justiça,
que levam em conta todos e todas as exigências, como um humilde serviço dos
organismos públicos competentes. Cf. Mt 25,31-46; Lc 13,12-14 e 33s.
10) Poremos tudo em obra para que os responsáveis
pelo nosso governo e pelos nossos serviços públicos decidam e ponham em prática
as leis, as estruturas e as instituições sociais necessárias à justiça, à
igualdade e ao desenvolvimento harmônico e total do homem todo em todos os
homens, e, por aí, ao advento de uma outra ordem social, nova, digna dos filhos
do homem e dos filhos de Deus. Cf. At. 2,44s; 4,32-35; 5,4; 2Cor 8 e 9
inteiros; 1Tim 5, 16.
11) Achando a colegialidade dos bispos sua
realização a mais evangélica na assunção do encargo comum das massas humanas em
estado de miséria física, cultural e moral - dois terços da humanidade -
comprometemo-nos:
- a participarmos, conforme nossos meios, dos
investimentos urgentes dos
episcopados das nações pobres;

12) Comprometemo-nos a partilhar, na caridade
pastoral, nossa vida com nossos irmãos em Cristo, sacerdotes, religiosos e
leigos, para que nosso ministério constitua um verdadeiro serviço; assim:
- esforçar-nos-emos para "revisar nossa
vida" com eles;
- suscitaremos colaboradores para serem mais uns
animadores segundo o
- procuraremos ser o mais humanamente presentes,
acolhedores;
- mostrar-nos-emos abertos a todos, seja qual for
a sua religião. Cf. Mc 8,34s; At 6,1-7; 1Tim 3,8-10.
13) Tornados às nossas dioceses respectivas,
daremos a conhecer aos nossos diocesanos a nossa resolução, rogando-lhes
ajudar-nos por sua compreensão, seu concurso e suas preces.
AJUDE-NOS DEUS A SERMOS FIÉIS.
Organização espanhola denuncia: mais de 200 milhões de crianças sofrem desnutrição


Madrid (RV) – Por ocasião da Jornada Internacional da Infância, a ser celebrada em 20 de novembro, a organização espanhola “Ação contra a Fome” denunciou que mais de 200 milhões de crianças sofrem de desnutrição crônica e aguda.
Para enfrentar esta calamidade, a organização promoveu a campanha “Infância Desaparecida”, para denunciar as consequências irreversíveis da desnutrição infantil no desenvolvimento físico motor e cognitivo das crianças.
Estes fatores impedirão seu crescimento saudável, de brincar, ir à escola, concentrar-se e aprender. Além disto, as crianças desnutridas são mais vulneráveis às infecções, tem reduzido consideravelmente seu apetite, agravamento de patologias e inibição de crescimento.
Segundo a “Ação contra a Fome”, as crianças desnutridas de hoje serão os pobres de amanhã e, “infelizmente, diversas nações e inteiras gerações estão nesta situação”. (JE)


Madrid (RV) – Por ocasião da Jornada Internacional da Infância, a ser celebrada em 20 de novembro, a organização espanhola “Ação contra a Fome” denunciou que mais de 200 milhões de crianças sofrem de desnutrição crônica e aguda.
Para enfrentar esta calamidade, a organização promoveu a campanha “Infância Desaparecida”, para denunciar as consequências irreversíveis da desnutrição infantil no desenvolvimento físico motor e cognitivo das crianças.
Estes fatores impedirão seu crescimento saudável, de brincar, ir à escola, concentrar-se e aprender. Além disto, as crianças desnutridas são mais vulneráveis às infecções, tem reduzido consideravelmente seu apetite, agravamento de patologias e inibição de crescimento.
Segundo a “Ação contra a Fome”, as crianças desnutridas de hoje serão os pobres de amanhã e, “infelizmente, diversas nações e inteiras gerações estão nesta situação”. (JE)
Curso de Formação e
Aperfeiçoamento em Cerimonial
A Faculdade Dom Heitor Sales Araújo (FAHS) promoverá dias 26 e 27 de novembro, no Auditório do SESC (Serviço Social do Comércio), no Centro, Curso de Formação e Aperfeiçoamento em Cerimonial, nos horários das 19h às 22h. No programa serão tratados temas como: cerimoniais na igreja católica, o que é permitido? Cantos em cerimônias litúrgicas, missas, formaturas, casamentos
A Faculdade Dom Heitor Sales Araújo (FAHS) promoverá dias 26 e 27 de novembro, no Auditório do SESC (Serviço Social do Comércio), no Centro, Curso de Formação e Aperfeiçoamento em Cerimonial, nos horários das 19h às 22h. No programa serão tratados temas como: cerimoniais na igreja católica, o que é permitido? Cantos em cerimônias litúrgicas, missas, formaturas, casamentos
Neópolis constrói casa para acolher pessoas carentes
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A Casa Divino Mestre, construída pela Paróquia de Nossa
Senhora Aparecida, em Neópolis, Natal, terá a finalidade de acolher
pessoas carentes, residentes em cidades do interior do Estado, que
procurem a capital potiguar para tratamento de saúde e que não dispõem
de abrigo. O pároco, Padre Antônio Nunes de Araújo, explica como está se dando a construção da casa.
Como surgiu a ideia de construir a Casa do Divino Mestre?
Após a conclusão dos centros pastorais das comunidades de Neópolis e de Capim Macio, derradeiras obras físicas projetadas para atenderem às necessidades dos trabalhos paroquiais, com o intuito de dar maior visibilidade à ação pastoral da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, contando com a atuação direta de todas as pastorais, tanto as que desenvolvem atividades-meio como as de atividades-fim, surge então a ideia de edificar uma obra que viesse a traduzir o amadurecimento de nossa caminhada de fé.
Por que o nome “Casa do Divino Mestre”?
“Casa do Divino Mestre” nasce da reflexão da bela e fundamental lição do nosso Mestre e Senhor Jesus Cristo narrada segundo Mateus 25, 31-46, que de maneira muito clara nos ensina que o nossa vida será julgada a partir de nosso comportamento diante do sofrimento do irmão: tive fome e me deste de comer, tive sede e me deste de beber, era estrangeiro e me acolheste, estava nu e me vestistes, estive doente e preso e fostes me visitar..
Há previsão de quando ela passará a funcionar?
Embora plenamente conscientes de que essa obra é fruto da vontade de Deus, e que, portanto, virá ao seu tempo, temos como meta concluí-la no vindouro ano de 2013, o que significará para nós o grande presente que marcará o ano do jubileu de 25 anos de criação da Paróquia.
Quem serão os beneficiados com a Casa? Como as pessoas poderão ter os benefícios da Casa?
A Casa se destinará especialmente para acolher pessoas carentes, residentes em cidades do interior do Estado, que procurem esta Capital para tratamento de saúde e que não disponham de abrigo. A ideia é de receber todo aquele que dela necessitar, sendo necessária tão-somente que o interessado a procure e que seja submetido a uma prévia avaliação de um profissional de Assistência Social que deveremos manter quando do seu funcionamento.
Será apenas uma casa para acolhida, tipo hospedagem, ou ela oferecerá outros serviços às pessoas?
Sabemos que todos os dias, em busca de assistência médica, pessoas são obrigadas a se dirigirem a Capital do Estado, vindas dos mais remotos recantos do Estado, e até mesmo de estados vizinhos, para tratamento ambulatorial de saúde ou para acompanhar parentes que aqui se encontram em tratamento nas diversas casas de saúde em Natal sediadas. Sabemos também que uma parte considerável dessas pessoas, especialmente aquelas que mais sofrem o abandono das políticas governamentais, aqui chegam sem abrigo, sem comida e sem orientação e sem transporte, o que torna sua luta pela saúde um calvário cheio de estações. Assim, ao idealizarmos a Casa, desde o primeiro momento afastamos a ideia de simples albergue e projetamos um lugar que fosse destinado a não só acolher com serviço de albergue, mas que também fornecesse alimentação digna, transporte e orientação na resolução das dificuldades enfrentadas pelos usuários.
Como a Casa foi construída? De onde saíram os recursos?
Desde a aquisição do terreno até o atual estágio de início de acabamento em que se encontra a obra, tudo se deu através da atitude solidária de incontáveis pessoas. Inicialmente, constituímos a “Associação Casa do Divino Mestre”, que tem como sócia-fundadora a Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, e que dispõe de sócios que cooperam com uma pequena mensalidade totalmente destinada às atividades da Casa. Depois, com a ativa participação das comunidades paroquiais de Neópolis e Capim Macio, realizamos diversas ações e eventos com o intuito específico de angariar fundos a serem utilizados na edificação do prédio. Além disso, contamos com a colaboração especial de doadores anônimos que cooperaram quer com mão-de-obra, quer com projetos técnicos, quer com matéria prima ou com donativos de brindes para sorteios, o que veio a nos propiciar atingir o atual estágio em que se encontra a Casa.
Como as pessoas podem colaborar com a
Casa, nesta fase ainda de acabamento das obras e depois, no
funcionamento mesmo?
Sabemos que após a conclusão da obra, o nosso grande desafio será poder atingir nosso principal objetivo de acolher com dignidade a cada um que pra lá se dirigir. Porém, no estágio em que ainda nos encontramos precisamos do apoio de todos, que poderão ajudar tornando-se sócio da Associação Casa do Divino Mestre, ou através de doações em dinheiro ou na forma de oferta de materiais de construção, devendo o interessado procurar a sede da Associação que funciona juntamente com a Secretaria da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, no bairro de Neópolis. Concluída a construção da Casa, aqueles que desejarem colaborar, poderão fazê-lo também como sócios da Associação Casa do Divino Mestre, através de doações em dinheiro, gêneros alimentícios, materiais de manutenção e trabalho pessoal, uma vez que necessitaremos de profissionais de diversas especialidades na condução das ações desenvolvidas pela Casa. |
Consciência Negra

Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP) e Presidente da Cáritas Brasileira até novembro de 2011
Adital
O
dia 20 de novembro é dedicado à "consciência negra”, iniciativa que visa
estimular e fortalecer a consciência da identidade própria racial e cultural
dos negros no Brasil.
A iniciativa já seria válida pelo número de pessoas que se sentem envolvidas nesta questão. Não é fácil ter estatísticas precisas, justamente numa realidade que está em plena mutação, em boa parte, exatamente, pelo processo em andamento, de identificação racial e cultural.
Mas dá para afirmar que, aproximadamente a metade da população brasileira se assume como possuindo componentes importantes ligados à negritude.
Comparando com dados recolhidos nos sensos anteriores, percebe-se claramente que aumentou muito o contingente de brasileiros que se assumem como negros.
Isto demonstra que a iniciativa de promover a "consciência negra” vem dando bons resultados, sobretudo em termos de superação de preconceitos que a população ainda carrega, seja em referência aos negros, seja também de negros que acabam, de alguma maneira, introjetando o preconceito dentro de si próprios.
O fato é que permanece muito difícil a superação de preconceitos longamente implantados ao longo da história, com o apoio da organização econômica e social, que traduzia o preconceito em medidas de opressão e de exclusão social, econômica e cultural.
A dificuldade em remover a carga de preconceitos que pesam sobre a população negra do Brasil, que ainda carrega as consequências do regime de escravidão, justifica as políticas públicas, que visam acelerar o processo de equiparação completa entre todos os cidadãos brasileiros, independente de raça ou de outros critérios.
Entre estas políticas, está o "sistema de quotas”, que visa garantir uma crescente participação de negros nos cursos universitários. Este sistema encontra uma primeira justificativa diante da grande disparidade existente nas universidades, onde a participação de negros é flagrantemente desproporcional.
Alguns ponderam que este sistema, que pretende superar a discriminação, traz em sim mesmo um viés discriminatório, na medida em que reforçaria o que se quer superar, isto é, ter a raça como referência para políticas públicas.
Acontece que a conveniência destas iniciativas tem presente a realidade concreta, constatada pelas estatísticas, de uma disparidade que, se continuada, perenizaria a desigualdade ora existente.
Mas também é verdade, que se pretendemos que estas políticas sejam eficazes, precisamos admitir que devem ser provisórias. Pois em perspectiva, se elas conseguem o efeito pretendido, levarão a uma situação em que o ideal será a perfeita igualdade de oportunidades, que todos poderiam ter, sem a ajuda de quotas ou de outras medidas que podem valer agora, mas carregam consigo a marca da caducidade.
Bom seria se o Brasil pudesse, de fato, dar ao mundo o precioso testemunho de uma sociedade igualitária, em perfeita convivência de raças diferentes, que prescindirão sempre mais de regulamentação legal para se relacionarem no respeito mútuo e no diálogo fraterno.
A iniciativa já seria válida pelo número de pessoas que se sentem envolvidas nesta questão. Não é fácil ter estatísticas precisas, justamente numa realidade que está em plena mutação, em boa parte, exatamente, pelo processo em andamento, de identificação racial e cultural.
Mas dá para afirmar que, aproximadamente a metade da população brasileira se assume como possuindo componentes importantes ligados à negritude.
Comparando com dados recolhidos nos sensos anteriores, percebe-se claramente que aumentou muito o contingente de brasileiros que se assumem como negros.
Isto demonstra que a iniciativa de promover a "consciência negra” vem dando bons resultados, sobretudo em termos de superação de preconceitos que a população ainda carrega, seja em referência aos negros, seja também de negros que acabam, de alguma maneira, introjetando o preconceito dentro de si próprios.
O fato é que permanece muito difícil a superação de preconceitos longamente implantados ao longo da história, com o apoio da organização econômica e social, que traduzia o preconceito em medidas de opressão e de exclusão social, econômica e cultural.
A dificuldade em remover a carga de preconceitos que pesam sobre a população negra do Brasil, que ainda carrega as consequências do regime de escravidão, justifica as políticas públicas, que visam acelerar o processo de equiparação completa entre todos os cidadãos brasileiros, independente de raça ou de outros critérios.
Entre estas políticas, está o "sistema de quotas”, que visa garantir uma crescente participação de negros nos cursos universitários. Este sistema encontra uma primeira justificativa diante da grande disparidade existente nas universidades, onde a participação de negros é flagrantemente desproporcional.
Alguns ponderam que este sistema, que pretende superar a discriminação, traz em sim mesmo um viés discriminatório, na medida em que reforçaria o que se quer superar, isto é, ter a raça como referência para políticas públicas.
Acontece que a conveniência destas iniciativas tem presente a realidade concreta, constatada pelas estatísticas, de uma disparidade que, se continuada, perenizaria a desigualdade ora existente.
Mas também é verdade, que se pretendemos que estas políticas sejam eficazes, precisamos admitir que devem ser provisórias. Pois em perspectiva, se elas conseguem o efeito pretendido, levarão a uma situação em que o ideal será a perfeita igualdade de oportunidades, que todos poderiam ter, sem a ajuda de quotas ou de outras medidas que podem valer agora, mas carregam consigo a marca da caducidade.
Bom seria se o Brasil pudesse, de fato, dar ao mundo o precioso testemunho de uma sociedade igualitária, em perfeita convivência de raças diferentes, que prescindirão sempre mais de regulamentação legal para se relacionarem no respeito mútuo e no diálogo fraterno.
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