sábado, 15 de setembro de 2012

História dos Concílios (1)


1. Foram ao todo 21 Concílios. Neste texto resumiremos 16 deles:

1.1. A Igreja define as bases de sua fé: 1) Nicéia I (em 325): declara que Jesus e o Pai são iguais em natureza – Redige-se o Credo Apostólico; 2) Constantinopla I (em 381): Define a natureza divina do Espírito Santo e redige a segunda fórmula do Credo; 3) Éfeso  (em 431): Define que Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, Filho de Deus e Filho de Maria Santíssima, portanto, Maria, como Mãe de Jesus Cristo, é Mãe de Deus; 4) Calcedônia (em 451): Jesus é uma pessoa, mas com duas naturezas. Ele é, ao mesmo tempo, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, portanto, com duas naturezas, a divina e a humana, numa só pessoa; 5) Constantinopla II (em 553): Condena erros doutrinais do teólogo Orígenes e do Bispo Nestório; 6) Constantinopla III (em 680-691). Transforma em dogma a fé nas duas naturezas em Cristo, que estava sendo contestada;

1.2 – A Igreja se torna independente e se estrutura: 7) Nicéia II (em 787), regula, segundo a fé, a veneração e culto às imagens cristãs; 8) Constantinopla IV (em 869-870): define como ilegítimo o Patriarca Fócio, acentuando divergências entre a Igreja Latina e Grega; 9) Latrão I (em 1123 e realizado na Basílica de São João do Latrão, Roma): Termina com a histórica intromissão do Estado na vida e organização da Igreja. A Igreja se torna independente dos governos; 10) Latrão II (em 1139): Torna obrigatório o celibato para os Padres da Igreja ocidental e acaba com a possibilidade de mais de um Papa ao mesmo tempo; 11) Latrão III (em 1179): Traça as normas para eleição de Papa e escolha de bispos. Expulsa da Igreja as autoridades que apóiam os Cátaros (na França) considerados dissidentes; 12) Latrão IV (em 1215): Define o Dogma da transubstanciação (a presença real de Jesus Cristo no pão e o vinho consagrados); Determina a Primeira Confissão e a Primeira Eucaristia já a partir dos 07 anos de idade; condena dissidentes católicos (Albigentes, Maniqueístas, Valdenses);

1.3 – A Igreja se defende e se expande: 13) Lião I (em 1245): Depõe o imperador Frederico II da Germânia, imperador do Sacro Império Romano, que lutava para conquistar os territórios do Papa; 14) Lião II (em 1274): Define a existência do Purgatório; Regulamenta a Assembléia (Conclave) de eleição do Papa; toma meios para a reconciliação com a Igreja Ortodoxa. Lança a Cruzada para a conquista da Terra Santa; 15) Viena (em 1311-1312):  Suprime a Ordem dos Cavaleiros Templários; Suprime os bordéis de Roma; decide por um Arcebispo em Pequim, China; 16) Constança (em 1414-1415): Extinção da Grande divisão da Igreja do Ocidente; condenação dos hereges João Wycliffe e Jan Hus. Declaração de que o Concílio tem supremacia sobre o Papa (mais tarde isso foi abolido) e eleição do Papa Martinho V. 

Nota. Completaremos o quadro no próximo texto. Nossa Igreja tem uma história, marcada por acertos e falhas. Ela é divina (guiada pelo Espírito Santo) e humana (formada por pessoas humanas, pois, nós que a formamos, somos humanos). Além de, aos poucos, definir sua doutrina, ela lutou para manter intacta a sucessão de São Pedro até Bento XVI. De tempos em tempos faz um balanço para redimensionar sua vida e missão e traçar rumos para a sua renovação e seu ardor missionário...  
Irmão Nery fsc, de Machado, MG, é Religioso Irmão de La Salle, educador, catequeta e escritor.

História dos Concílios (2)


Continuamos a síntese dos 21 Concílios Ecumênicos da Igreja, para compreendermos bem a importância do Concílio Vaticano II (1962-1965). Vejamos os 03 últimos Concílios (Basiléia, Trento, Vaticano I):

1.4 – A Igreja em busca da reforma interna. Concílios 17 a 21: 17) Basiléia (na Suiça)-Ferrara e Florença (na Itália) (em 1431-1432): A Igreja define a relação oficial dos livros da Bíblia; (O Cânon dos Livros Sagrados, declarados como inspirados por Deus); A Igreja tenta a união com Igrejas Orientais Ortodoxas, e define os poderes do Papa sobre toda a Igreja Católica; 18) Latrão V (de 1512 a1517): Condenação do Concílio ilegítimo de Pisa (1409-1411), que causou séria divisão na Igreja; Este Concílio determina uma ampla reforma na vida da Igreja.

1.5 A Igreja realiza a sua reforma interna: 19) O Concílio de Trento (de 13/12/1524 a 04/12/1563), aconteceu em Trento, na Itália, e foi longo. Sua tarefa consistiu em fazer uma ampla e profunda ”Reforma de toda a Igreja Católica”. O impulso lhe veio especialmente dos desafios apresentados pelas grande divisões, que a Igreja experimentava na época. Citemos as principais: a) Na Alemanha, sob liderança do padre Martinho Lutero, com o apoio religioso de muitos seguidores e o apoio político dos príncipes alemães, nascia a Igreja Protestante. O nome veio do protesto dele contra algumas crenças e práticas da Igreja Católica do século XVI. E, também, da “Carta de Protesto” de 1529, combatendo as 95 teses de Lutero; b) Na Inglaterra,  Henrique VIII (1491-1547), decidiu romper com o Papa, que não lhe permitiu o divórcio, e criou a Igreja Anglicana; c) Na Suíça dois outros líderes criaram Igrejas: Ulrich Zwinglio (1484-1531) e João Calvino (1509-1564). 

Desde 1563, nós, Igreja Católica, estivemos normatizados e orientados pelos documentos e pelo espírito conciliar do Concílio de Trento: Ritual da Missa e de todos os Sacramentos, Estilo de Oração, Latim como língua oficial da Igreja, Reforma dos Seminários, das Dioceses e Paróquias, Unificação rigorosa da doutrina da Igreja Católica (em relação aos ensinamentos dos Protestantes, da Igreja Anglicana, do Calvinismo, etc). E uma síntese da Doutrina está no Catecismo de Trento ou Catecismo Romano; adoção oficial dos Livros bíblicos gregos, além dos escritos em hebraico (tradução dos 70 sábios), o que diferencia da Bíblia protestante que, portanto, tem 07 livros a menos...

1.6 A Igreja diante da modernidade: 20) Concílio Vaticano I (em 1870). A Igreja estava preocupada com as grandes mudanças ocasionadas pela evolução da indústria, da ciência, da filosofia e da política. Ela reagiu fortemente ao “modernismo” que influenciava decisivamente as pessoas e a organização da sociedade. Além disso, os “Estados Pontifícios” estavam sendo conquistado pela Guerra da Unificação da Itália e era preciso tomar uma atitude. Declarou-se, portanto, a Infalibilidade do Papa, acentuando a sua autoridade suprema no mundo. Mas o Concílio não conseguiu trabalhar os temas propostos, pois a guerra da Unificação Italiana o interrompeu.
Irmão Israel José Nery, membro do Instituto Religioso La Salle, é catequeta e escritor