A
municipalidade e as eleições
Os
cidadãos vivem mais um período de preparação eleições municipais. Os
representantes dos poderes executivo e legislativo estão sendo analisados,
procuram e são procurados neste tempo, infelizmente, mais do que em outros períodos.
Falta consciência política e cidadã. Uma forte e ébria postura é percebida nas
cidades. O jogo de interesses, tanto dos políticos, quanto das demais pessoas,
é patente. O status, o emprego, o jogo de negócios da parte de empresários
surge como troca de favores. O despreparo é sinalizado porque, tanto quem vota,
como quem é votado, não tem condições, na sua grande maioria, para administrar
e legiferar em favor da coisa pública, que pertence ao povo e deve estar a serviço
deste. Se sente uma grande barreira
dialógica para se falar de questões que realmente interessam aos municípios. Às
pessoas, pelos vícios implantados historicamente, por causa da falta de educação
e a exploração, falta o alcance da força que têm e que deveria ser usada para o
seu próprio bem. Estas deveriam saber que o poder é do povo e emana do povo. É
a vontade do povo (CF Art. 1, parágrafo único). Ele tem que ser usado em
benefício do povo e para garantir o que é preceituado, na nossa Carta Magna. A
mesma, já no preâmbulo, afirma que o Estado Democrático de Direito deve
assegurar “o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida com a solução pacífica das controvérsias, ‘sob a
proteção de Deus’”. A realização destes valores tem a finalidade de fortalecer
a cidadania dos milhares de Municípios existentes em nosso País.
A
vida dos brasileiros acontece nos Municípios. Estes são células deste corpo
grandioso que é o nosso Brasil. A falta de organização estrutural, antes e após
as eleições, trás profundas desordens sociais para a vida das pessoas que têm a
sua experiência de civilidade nestes entes federativos. Por isso, as eleições
municipais são um momento fundamental para que possa haver melhorias
individuais e coletivas dos seus habitantes. Aqueles que corrompem e os que são
corrompidos neste períodos eletivos são os principais causadores das injustiças
que assolam a vida maioria da população. Ninguém poderá qualificar se não
estiver qualificado. O analfabetismo educacional e, conseqüentemente, político é
uma mazela para a sociedade brasileira. Pior ainda, muita gente de má fé já
percebeu isto e não se esforça para tentar mudar a situação de opressão que
atinge milhares e milhares de cidadãos brasileiros. Quando visitamos as
comunidades, colhemos informações que neste período, muitos candidatos que,
depois de quatro anos, voltam às comunidades para “pedir um voto”, durante os
mandatos não tiveram preocupações com a vida daquelas pessoas. Outros, ainda,
estão entrando na vida político-partidária como uma aventura; pois, sabem que
mesmo quando perde, não ficam perdidos. É gerado e alimentado um círculo
vicioso e viciado pelas cotas que são recebidas, os empregados fantasmas para
os familiares e outras vantagens que podem ser adquiridas com o tempo. Dizer
que a política é a arte de pensar e buscar o bem da coletividade, num País como
o nosso, ainda é uma esperança, que não pode morrer; porque só por ela podemos
lutar por dias melhores. A municipalidade só será fortalecida pela mudança de
mentalidade e coragem de algumas pessoas que prezam pela verdade e o amor na
política. Justificar que na política os fins justificam os meios é respaldar a
morte de milhares e milhares de semelhantes que morrem, nestes Municípios, por
falta de garantias dos direitos individuais e sociais que este Estado
Democrático deveria proporcionar a todos.
Por
fim, as eleições, como são observadas, ainda não realizam plenamente sua
finalidade. Podemos dar passos, ainda, muito mais significativos. Todas as
instituições que prezam pelo bem e a justiça devem ter esse sentimento de
corresponsabilidade. Lutemos contra a
corrupção, não votemos em fichas sujas, denunciemos as injustiças, busquemos os
nossos direitos, vejamos os projetos de governo, votemos conscientes e prezemos
pelo bem dos nossos Municípios com palavras e atitudes! Assim o seja!
Pe.
Matias Soares
Pároco
de S. J. de Mipibu e Vig. Episcopal Sul
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